Se lhe fosse pedida uma definição da missão da igreja numa declaração simples e concisa, seria ela — “A missão da igreja é revelar a verdadeira natureza e caráter de Deus mediante Jesus Cristo a todos os indivíduos sobre a Terra com o objetivo de incluí-los nos quadros dos fiéis seguidores de Deus”? Se essa for nossa meta como ministros do evangelho, que fazer para alcançá-la?

Deve-se assinalar que nenhum programa concluirá a obra e provocará o retorno do Senhor! Tragicamente, muitos ministros estão esperando por algum método “aperta-botão” que lote nossos batistérios e aumente nossas estatísticas! Nunca houve um programa, e nunca haverá um que, por si só conclua a obra!

Cristo ensinou e enviou os primeiros discípulos. Ele os remeteu como missionários médico-evangelistas. Enviava-os metodicamente, com instruções específicas. Mas não era o método ou o acervo de instruções o que mais importava.

A igreja primitiva teve mais êxito quando esteve inflamada pela chama poderosa do primeiro amor, completamente dedicada à obra de Cristo e repleta com a plenitude do Espírito. Sem esses elementos, milagres podem ser operados e mesmo demônios expelidos. Mas conversos não serão reunidos em grau apreciável.

O perigo com as fórmulas, métodos e instruções elaboradas não é o fato de que não funcionem ou não tenham eficácia. O maior perigo, na verdade, é que às vezes se tornam até eficazes em demasia. Eles alimentam falsas esperanças de que há uma maneira fácil de substituir o poder do amor de Cristo e a submissão ao Espírito Santo no cumprimento da comissão evangélica. Desse modo, qualquer discussão sobre o pastor como um ganhador de almas deve necessariamente começar pelo próprio homem.

Temos realmente um ardente desejo de levar homens e mulheres ao pé da cruz? Quão profunda é nossa preocupação pelos perdidos? A vasta maioria certamente está perdida! Que pode fazer um pastor que não seja possuído de tal desejo? Fornecer-lhe programas preparados, auxílios visuais e uma porção de outros materiais torná-lo-iam um ganhador de almas bem sucedido? Pode um homem repartir aquilo que ele próprio não haja recebido? Pode uma vela apagada produzir a luz que penetre as trevas? Pode um homem que realmente não tem amor pelas almas, ganhar almas?

Cristo estabeleceu o exemplo. “O eterno bem-estar dos pecadores regulava a conduta de Jesus”. — Testimonies, vol. 3, p. 217 (grifos acrescentados). Tudo o mais deve estar subordinado a esse propósito.

A cruz de Cristo é o grande fator em auxiliar o pastor a subordinar todos os outros interesses à obra de ganhar almas. “Tendes tão profunda apreciação do sacrifício feito no Calvário a ponto de tornar todos os demais interesses subordinados à obra de salvação de almas? … O cristão não tem nenhum desejo de viver para si. … Ele é movido por um inexprimível desejo de ganhar almas para Cristo. Aqueles que não têm nada desse desejo melhor fariam em preocupar-se com sua própria salvação”. — Testimonies, vol. 7, p. 10 (grifos acrescentados).

É de especial interesse notar que a prova mais evidente de um chamado ao ministério é a habilidade de ganhar almas. “A conversão dos pecadores e sua santificação por meio da verdade é a mais forte prova que um ministro pode ter de o haver Deus chamado para o ministério”. — Atos dos Apóstolos, p. 328.

Aqueles que não têm verdadeiro amor pelas almas indicam que não foram chamados para o ministério. Se, ao contrário, tiverem como preocupação prioritária essas almas, ele conscienciosa e diligentemente buscará usar todo recurso legítimo para atrair pessoas para Cristo. As sugestões seguintes destinam-se a estimular o pensamento nessa área, mas podem, logicamente, ser ampliadas:

1. Avaliação. Pense! Quem somos nós? Qual é nosso negócio? Quais são nossos objetivos? Que recursos nos são disponíveis? Que oportunidades especiais existem? Quais são nossos planos e estratégias? Como começaremos a agir?

Planejamento funcional depende de objetivos claramente definidos. Lembremo-nos de que um alvo é algo que desejamos atingir.

2. Que tipo de alvo estabeleceremos? Debata com a comissão de sua igreja um alvo realista para aumentar o número de membros, segundo um estudo dos fatores que contribuam para tal aumento. Entre tais, pode-se realçar: controle das transferências de membros para outras igrejas (permitir somente casos inevitáveis), diminuição de apostasias (planejamento de melhor comunicação com os membros, visitação, aconselhamento, apelo, etc.), aumento de membros da Escola Sabatina (verificação dos que freqüentam, mas não são matriculados, novas matrículas de filhos de adventistas ou interessados).

3. Sistema de arquivo. Os ganhadores de almas de maior êxito são bem organizados. Os nomes de interessados e pessoas que podem ser brevemente batizadas são conservados cuidadosamente. Toda igreja deveria manter um arquivo com tais dados como se fora um sagrado depósito. É mesmo mais importante do que os registros contábeis. Não mereceria, pois, maior cuidado um arquivo que possa representar almas ganhas para o Reino?

4. Visitação. Visite os membros da igreja e torne-se familiarizado com o maior número possível de membros da família. Anote os nomes dos membros das famílias adventistas visitadas (sobretudo juvenis e jovens) que ainda não se decidiram por Cristo. Tais nomes devem ser mantidos no arquivo para um trabalho sistemático em favor dessas criaturas. “Um ministro pode apreciar a pregação de sermões. Ê a parte mais agradável do trabalho, e é comparativamente fácil; mas nenhum ministro deveria ser aquilatado por sua habilidade como orador. A parte mais difícil se dá após ele deixar o púlpito, no regar a semente lançada. O interesse despertado deveria ser acompanhado por trabalho pessoal — visitação, estudos bíblicos, instrução de como pesquisar as Escrituras, oração pelas famílias e interessados, buscando aprofundar a impressão causada sobre corações e consciências”. — Tes-timonies, vol. 5, p. 225. Nada pode tomar o lugar do contato pessoal.

5. Boletins de Igreja. Utilize os boletins da igreja com uma parte destacável designada àqueles que desejam estudos bíblicos ou batismo. Esses poderão preencher o espaço destinado às anotações de seu interesse e dados que interessam ao pastor, o qual deve imediatamente trabalhar com tais nomes.

6. Registro de Visitantes. Recepcione todos que vão à igreja tendo especial consideração para com os visitantes. Os crentes mais simpáticos e amoráveis deveriam ser encarregados desse livro. Um forte progra-ma de visitação deveria resultar de tal empreendimento.

7. Escolas Bíblicas de Férias. Dirija uma Escola Bíblica de Férias todo ano. Informe-se dos detalhes com o Departamento de Escolas Sabatinas. Os pais das crianças que as freqüentam podem tornar-se interessados em nossa mensagem se forem devidamente trabalhados.

8. Inicie Escolas Sabatinas Filiais.

9. Dirija programas de alistamento nos cursos bíblicos por correspondência ou “A Bíblia Fala”.

10. Mantenha uma classe contínua, na Escola Sabatina, para não-adventistas e visitantes. O próprio pastor poderá encarregar-se da classe ou designar alguém qualificado para tanto. Nessa classe pode-se estudar toda a série de nossas doutrinas. Seria, na realidade, uma extensão da classe batismal. Quando uma pessoa assistiu a toda a série de assuntos, estará pronta para o batismo. Se não desejar ou puder batizar-se será convidada a permanecer na classe estudando.

11. Agenda da comissão da igreja. Certifique-se de que as atividades visando a conquista de almas tem prioridade na lista. Informe a comissão de seu próprio programa pessoal de ganhar almas e as atividades dos leigos nesse sentido. Isso manterá constantemente, ante a comissão, a principal prioridade.

12. Assistência Social.

Contatos mantidos por esse modo freqüentemente pagam ricos dividendos em almas ganhas para Cristo.

13. Contatos com a comunidade.

a) Cartões para doentes, enlutados, recém-casados e pais de recém-nascidos que indiquem claramente o nome da igreja.

b) Programas em rádio e TV locais.

c) Grupo de visitação às prisões.

d) Espaço pago nos jornais expondo doutrinas ou posições da igreja. Certificar-se de deixar espaço para que os leitores escrevam pedindo literatura.

14. Contatos de Colportores.

Se houver um colportor trabalhando em seu distrito, ele é membro do grupo missionário. Procure trabalhar em associação com ele visitando seus melhores interessados.

15. Reuniões de A Voz da Mocidade.

Organize a juventude em equipes missionárias para o trabalho de visitação e assistência aos interessados.

16. Contatos mediante a Recolta.

Não espere pelo início da campanha da Recolta para escrever cartas de apreciação aos melhores doadores. Expresse-lhes, por contato pessoal ou escrito, sua apreciação pelo seu auxílio. Envie-lhes algum livro ou panfleto que ilustre a obra dos adventistas e contenha algo mais sobre nossa mensagem.

17. Pregue a Mensagem.

Sermões evangelísticos vigorosos deveriam ser pregados na igreja durante os cultos. Isso tomará os adventistas mais preparados, conservando-os na igreja, além de atingir diretamente os interessados, levando-os a uma decisão.

18. Apelos diretos.

Toda pregação deveria levar à decisão. Devemos sempre manter as portas à igreja abertas, tanto pessoalmente como publicamente, seja em nossas orações como em nossos sermões.

19. Grupos de Estudos Domiciliares.

No âmbito da congregação tem-se demonstrado um empreendimento de êxito. Os membros de grupos de estudo e debate (famílias da igreja) reúnem-se para um período de estudo da Bíblia e do Espírito de Profecia, expressando sincero desejo de conhecer a vontade de Deus para si.

20. Alvo da época de batismo.

Ter um tempo estabelecido cada mês ou trimestre para o batismo, oferece ao pastor e aos leigos um incentivo para criar uma atmosfera evangelística na igreja. O pastor e os leigos são uma equipe sob o poder do Espírito Santo trabalhando com vistas a um alvo definido — um solene dia na vida da igreja — o dia do batismo com data pré-estabelecida.