Freqüentemente é feita a pergunta: “É correto que o pastor da igreja saiba quais são os membros que devolvem fielmente seus dízimos ao Senhor e quais são os que não o fazem?” Não seria melhor que o pastor da igreja não soubesse isso, de maneira que quando pregasse sobre a mordomia dos bens ou das posses, não pudesse ser acusado de fazer um libelo ou ter como alvo a alguém em particular? Neste artigo faremos alusão ao que acaba de ser mencionado e descobriremos a solene responsabilidade que recai sobre o pastor da igreja.
Nos tempos do Antigo Testamento foi necessário que em muitas ocasiões o Senhor suscitasse um mensageiro especial para conduzir a Israel nos princípios da fiel mordomia, devido à negligência por parte do ministro. Um deles foi Malaquias, ao qual Deus concedeu uma mensagem de reforma.
As palavras registradas em Isaías 58:1 nos mostram a solene responsabilidade do ministério através dos tempos: “Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a tua voz como a trombeta, e anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados.”
Ellen G. White fala das “trevas” trazidas às igrejas como conseqüência da fraqueza ou debilidade da instrução dos pastores.
“Alguns deixam de educar o povo a cumprir com todo o seu dever. Pregam a parte de nossa fé que não cria oposição ou desagrada aos ouvintes, mas não declaram toda a verdade. O povo aprecia-lhes a pregação, mas há falta de espiritualidade porque os reclamos do Senhor não são atendidos. Seu povo não Lhe dá em dízimos e ofertas o que Lhe pertence. Esse
roubo a Deus, praticado tanto pelos ricos como pelos pobres, traz trevas às igrejas; e o ministro que com elas trabalha, e não lhes mostra a vontade de Deus claramente revelada, é condenado com o povo, por negligenciar seu dever.” — Conselhos Sobre Mordomia, pág. 87.
“Há grande necessidade de instruções relativamente a obrigações e deveres para com Deus, especialmente no que respeita ao pagamento honesto do dízimo. Nossos ministros sentir-se-iam grandemente entristecidos se não fossem prontamente pagos por seu trabalho; mas consideram eles que deve haver alimento no tesouro de Deus, com que se sustentem os obreiros? Se eles deixam de cumprir todo o seu dever em educar o povo a ser fiel no pagar a Deus o que Lhe pertence, haverá falta de meios no tesouro para levar avante a obra do Senhor.” — Idem, pág. 104.
“O superintendente do rebanho de Deus deve-se desempenhar fielmente de seu dever. Se, porque isso lhe é desagradável, ele toma a atitude de deixar que qualquer outro o faça, não é um obreiro fiel. Leia ele as palavras do Senhor em Malaquias, acusando o povo de roubo para com Ele por isso que retém os dízimos. O poderoso Deus declara: ‘Com maldição sois amaldiçoados.’ Mal. 3:9. Quando aquele que ministra por palavra e doutrina, vê o povo seguindo um caminho que trará sobre si essa maldição, como pode negligenciar seu dever de dar instruções e advertências? Todo membro de igreja deve ser ensinado a ser fiel em pagar um dízimo honesto.” — Ibidem.
Notemos agora a declaração da serva do Senhor na página 105 do livro Conselhos Sobre Mordomia:
“É uma parte da obra do ministro ensinar os que aceitam a verdade mediante seus esforços, a trazerem os dízimos ao tesouro, como testemunho de que reconhecem sua dependência de Deus. Os recém-conversos devem ser plenamente esclarecidos com relação ao seu dever de devolver ao Senhor o que Lhe pertence. O mandamento de pagar o dízimo é tão claro, que não há sombra de desculpa para desatendê-lo. Aquele que negligencia dar instruções a esse respeito, deixa por fazer uma parte importantíssima de sua obra.”
Cada ano é acrescentado à Igreja um bom número de membros novos, os quais não foram devidamente instruídos no princípio de devolver seu dízimo fiel e suas ofertas, e portanto não foram provados em sua fidelidade a estes princípios antes de ser batizados. Deveriamos arriscar-nos a batizar alguém que não tenha tomado uma decisão definida para guardar o sétimo dia — o sábado — e que não tenha dado evidências de sua convicção? Então, como podemos batizar a uma pessoa que não tenha sido instruída e que não tenha dado provas da convicção dos reclamos de Deus acerca de nossos dízimos e ofertas? Uma doutrina é a mordomia de nosso tempo e outra a mordomia de nossas posses. Ambas foram instituídas na Criação, no Jardim do Éden. Ambas se acham ligadas ao homem através de todas as épocas.
“Nomeie a igreja pastores ou anciãos que sejam dedicados ao Senhor Jesus, e cuidem esses homens de que se escolham oficiais que se encarreguem fielmente do trabalho de recolher o dízimo. Se os pastores não se demonstrarem aptos para o cargo, se deixarem de apresentar à igreja a importância de devolver ao Senhor o que Lhe pertence, se não cuidarem de que os oficiais que estão sob suas ordens sejam fiéis, e que o dízimo seja trazido, estão em perigo. Estão negligenciando uma questão que envolve uma bênção ou maldição para a igreja. Devem ser alijados de sua responsabilidade, e outros homens devem ser experimentados e provados.” — Conselhos Sobre Mordomia, pág. 106.
Se um pastor não se preocupa em descobrir quais são os membros de sua igreja que, devido a algumas debilidades espirituais, negligenciam a devolução de um dízimo fiel, como pode assegurar-se de que não seja escolhido como um dos oficiais da igreja nenhum membro que não é fiel nesse aspecto? O Manual da Igreja torna claro que as pessoas nomeadas como oficiais da igreja devem ser “membros fiéis e leais” (Página 157).
“Ninguém que se não conforme com esta norma da igreja deve ser mantido no seu cargo, seja como oficial da igreja local ou como obreiro da organização.” — Manual da Igreja, pág. 165. O pastor tem a solene responsabilidade de certificar-se de que tais normas sejam conhecidas e praticadas por sua congregação.
Certa ocasião um tesoureiro de igreja recusou cooperar com o pastor e com o primeiro ancião dessa igreja no sentido de revelar os membros que não eram fiéis. Ele declarou que as informações de que era responsável tinham um caráter estritamente confidencial. Isso é verdade, e um tesoureiro assim devia ser elogiado. No entanto, ele estava levando sua responsabilidade longe demais, pois o Manual da Igreja declara o seguinte: “O tesoureiro… deve ser cuidadoso em não fazer jamais comentários quanto ao dízimo pago por algum membro, nem sobre as entradas ou outra coisa que com isto se relacione, exceto com os que com ele partilham da responsabilidade da obra.” — Página 88.
O tesoureiro da igreja local pode ser uma fortaleza ao ajudar membros débeis do rebanho a alcançar maior experiência de fidelidade.
“O tesoureiro pode estimular grandemente a fidelidade na devolução do dízimo e aprofundar o espírito de liberalidade da parte dos membros da igreja. Uma palavra de conselho dada no espírito do Mestre ajudará o irmão ou a irmã a entregar a Deus com fidelidade o que Lhe pertence em matéria de dízimos e ofertas, mesmo em tempos de dificuldade financeira.” — Manual da Igreja, pág. 83.
Creio que os pastores, anciãos e tesoureiros de igreja têm o dever de cooperar juntos na orientação de cada membro de igreja, de modo que alcancem tal relação espiritual com seu Senhor e se tornem fiéis mordomos de Seus bens. O “desagrado” de Deus não recairá então sobre o Seu povo. As “trevas” não poderão entrar na igreja. A “espiritualidade atrofiada” se tornará vigorosa para a Causa de Deus.
GORDON A. LEE, diretor de Mordomia da Divisão Australasiana