O presidente da União de Igrejas Adventistas do Sétimo Dia que durante os últimos anos tem ganho mais almas no mundo, estava prestando o seu relatório. Entre os dados apresentados por ele, chamou-me poderosamente a atenção a quantidade de cruzadas evangelísticas realizadas durante um ano. Mencionava que no decorrer do ano que estava findando haviam sido realizadas 2.067 campanhas de evangelização. Mais adiante, com suas explicações, responderia às incógnitas que me vieram à mente. Os pastores haviam realizado 297 desses esforços evangelísticos com as forças vivas da igreja; os leigos 1770.

A resposta havia sido dada sem ser pedida, e, sem dúvida, esta é a resposta não solicitada pelos que estamos dirigindo este movimento Adventista do Sétimo Dia.

A história denominacional nos informa que a organização do Departamento de Atividades Leigas foi simplesmente a resposta de um movimento evangelizador às necessidades e inquietudes de muitos de seus membros.

A organização da Sociedade Missionária Vigilante em Lancaster do Sul, Massachusetts, em 1869, foi apenas o começo. As dez atarefadas mulheres que se reuniam no meio da semana para dobrar folhetos e enviá-los pelo correio, orando ao mesmo tempo para que cumprissem o propósito a que se destinavam, constituíram realmente o começo do que agora é o útil, famoso e necessário Departamento de Atividades Leigas em nossa Igreja.

Não sucedeu o mesmo com o Departamento da Escola Sabatina que, embora mais antigo, se preocupou em primeira instância pelo estudo da Bíblia e pela conservação e preparação intelectual e espiritual dos crentes novos e antigos. Foi necessário que transcorresse um pouco mais de tempo, para que este departamento vislumbrasse que além das boas coisas que já estava fazendo em favor do Movimento Adventista, a evangelização deveria ser uma de suas principais responsabilidades. Lemos na história de nossa Igreja que só em 1895 a Escola Sabatina de Milton, Estado de Oregon, enviou algo de suas ofertas ao campo missionário. Entusiasmadas com essa ideia, as Escolas Sabatinas da Califórnia enviaram no ano seguinte 700 dólares para começar a obra adventista do sétimo dia na Austrália. E em 1897, tendo em mãos 10.615 dólares, conseguiu-se estabelecer a primeira missão na África. Daí em diante, Escola Sabatina e Evangelismo passariam a ser palavras e atividades sinônimas.

Em nossa época, na maior parte do mundo adventista, ambos esses departamentos trabalham mancomunadamente; procurando evangelizar dentro e fora da igreja, na própria cidade em que vivem as pessoas e além-mar.

Os objetivos de cada um desses departamentos são os seguintes:

ATIVIDADES LEIGAS

1. Mobilizar a cada um dos membros da igreja, levando-os a dar testemunho de sua fé, por exemplo e de viva voz.

2. Transformar cada membro, de acordo com as suas habilidades, num instrutor bíblico, pregador ou instrutor leigo.

3. Preparar um corpo de obreiros especializados na assistência social, para que em tempos de paz ou de emergência, possa a igreja ser útil a seus semelhantes, a sua pátria e, por conseguinte, a seu Deus.

1. Firmar os conversos novos e antigos nas doutrinas da igreja através do estudo diário do Livro Sagrado, usando os guias de estudo preparados pelo Departamento.

2. Dar oportunidade a cada membro de contribuir para a pregação do evan-gelho na pátria e nos países de além-mar.

3. Através de seu programa semanal celebrado aos sábados de manhã, abrir as portas da igreja a novos crentes que queiram preparar-se para ser nossos irmãos de esperança e, além disso, organizá-los e adestrá-los para que façam evangelismo.

É escusado acrescentar que ambos os departamentos se completam perfeitamente no que se refere à conquista de almas, dentro e fora da igreja.

Por exemplo: O Departamento da Escola Sabatina lançou ultimamente, para uso geral, o plano das Unidades Evangelizadoras. Isto significa que as Atividades Leigas e a Escola Sabatina unem seus esforços para pôr em prática o que o dom de profecia nos aconselha fazer: “formar pequenos grupos” para trabalhar pelo evangelismo interno e da comunidade. A estrutura das classes oferecida pela Escola Sabatina, com algumas modificações de última hora, tais como: que todos os membros pertencentes a uma classe devem residir mais ou menos no mesmo setor do território da igreja e que seria bom que o professor também residisse nesse mesmo setor, etc., nos proporciona infindas oportunidades não somente para atender à evangelização, mas também para causar uma explosão neste sentido.

Muitos pastores na América Latina e na África têm experimentado este plano e não têm ficado decepcionados. Recebi notícias de certo campo de uma de nossas Divisões mundiais atestando que por meio desse plano, o alvo de batismos do ano passado havia sido alcançado com facilidade.

Sabemos de associações na Divisão Interamericana que utilizando este plano não somente alcançam e ultrapassam seus alvos, mas fazem-no apenas na metade ou em três quartas partes do tempo, deixando uma boa porção de tempo livre para atender “algumas outras coisas” (mais evangelização).

Por outro lado, é obrigação da igreja adestrar os membros numa infinidade de responsabilidades e trabalhos que devem ser desempenhados pelos membros deste Movimento.

É certo que o Departamento de Atividades Leigas oferece cursos de adestramento, como escolas de evangelismo leigo, cursos de pregadores leigos, etc. Mas, se não houver alguém que, num grupo reduzido, incentive e ajude esses irmãos a aplicarem o conhecimento adquirido, todo o esforço envidado tomar-se-á um fracasso. Por conseguinte, temos a firme convicção de que em cada igreja se torna necessária “a formação de pequenos grupos” para evangelizar. Ao mesmo tempo, essa estrutura pode ser utilizada para canalizar por seu intermédio diversos programas ou campanhas. Diz-se que, para servir de exemplo, basta um botão; pois bem, desejo partilhar con-vosco, em poucas palavras, o que recebi numa carta que chegou ao meu escritório, não faz muito:

No distrito de Santa Ana se lançou a campanha da Recolta através das Unidades Evangelizadoras, e a quantia recoltada foi o dobro em relação ao ano anterior.

Na igreja de Quezaltepeque melhorou notavelmente a assistência aos cultos e batismos. Durante 15 anos estiveram lutando para construir um novo templo e tudo se frustrava. Há quatro meses fizemos a promoção através das Unidades Evangelizadoras, designando a cada uma o material que deveria conseguir: a uma cimento, a outra ladrilhos, a outras ferro, tijolos, etc. Graças a Deus, dentro de um mês teremos terminado um novo edifício para que sirva de casa de oração.

Em vista do que dissemos anteriormente, os prezados leitores se darão conta de que estes dois departamentos — Escola Sabatina e Atividades Leigas — existem para evangelizar dentro e fora da igreja e além-mar.

Não obstante, permiti-me dizer-vos que em nossa igreja ainda há muitos irmãos que não conseguem ver a projeção destes dois departamentos e outros mais existentes em nossa denominação. Alguns ainda têm a ideia de que os departamentos são “um mal necessário” e que eles, especialmente a Escola Sabatina, “andam por inércia” (sozinhos, sem nenhum impulso, etc.). Quisera dizer-lhes que o evangelismo departamental (evangelismo da igreja) quando está bem programado, dá fruto em abundância.

Quando perguntaram a Billy Graham como ele procederia se fosse pastor de uma igreja, respondeu o seguinte: “Creio que uma das primeiras coisas que faria, seria conseguir um pequeno grupo de oito, dez ou doze homens que se reunissem comigo todas as semanas e estivessem dispostos a pagar o preço. Isto custar-lhes-ia algo em função de tempo e esforço. Durante alguns anos, partilharia com eles tudo o que tenho. Teria então doze ministros entre os leigos, os quais, por sua vez, poderiam adestrar a oito, dez ou doze outras pessoas. Conheço uma ou duas igrejas que estão fazendo isto, e têm experimentado uma transformação positiva. Afigura-se-me que Cristo estabeleceu o precedente, pois passou a maior parte do tempo com doze homens, e não dedicou muito tempo às multidões. Com efeito, toda vez que Se encontrou com uma multidão, parece que os resultados não foram muitos.”

Creio que os grandes resultados advieram de Seus contatos pessoais e do tempo dedicado aos Doze.

O Pastor Elden K. Walter, renomado evangelista adventista do sétimo dia e forte promotor de leigos, escreveu: “O evangelismo público, em forma contínua, só pode ter bons resultados se houver um programa de testemunho da parte dos leigos.”

Lemos o seguinte nos escritos do Espírito de Profecia: “Não é o desígnio do Senhor que se deixe aos ministros a maior parte da obra de semear a semente da verdade. Homens que não são chamados ao ministério, devem ser animados a trabalhar pelo Mestre segundo suas várias aptidões. Centenas de homens e mulheres agora ociosos poderiam fazer uma obra digna de aceitação. Levando a verdade à casa de seus amigos e vizinhos, poderiam fazer uma grande obra para o Mestre. ” — Serviço Cristão, p. 67.

E, se minha interpretação é correta, a obra mencionada em S. Mateus 28: 19 e 20 é para todo aquele que obtém algum conhecimento de Jesus, e não somente para os membros da igreja.

Amigos, como dirigentes deste Movimento temos a responsabilidade de animar cada membro a realizar a obra para a qual foi chamado. Poderemos cumprir essa responsabilidade se nos valermos dos departamentos da igreja, incluindo a Escola Sabatina e as Atividades Leigas.

Pode ser que à medida que se for aproximando o fim de todas as coisas, as palavras “missões” e “missionários” se tomem obsoletas. No entanto, embora as moedas que depositamos na Escola Sabatina talvez não cheguem até aos confins do mundo, o culto da Escola Sabatina prosseguirá, e os bons costumes aprendidos no presente e no passado, através deste departamento, continuarão a manter os fiéis dentro da igreja, ajudando-os a exercerem suas responsabilidades. Além disso, o evangelismo infantil, mediante as divisões da Escola Sabatina, continuará produzindo fortes e robustos membros, espiritualmente falando, os quais serão capazes de enfrentar as provas e necessidades do momento.

As classes da Escola Sabatina (as Unidades Evangelizadoras) continuarão cumprindo seu propósito: ganhar almas dentro e fora da igreja; e quem sabe se os fundos recolhidos neste culto não servirão para abrir novas regiões no próprio solo pátrio!

Chegará o tempo em que os pregadores leigos, devidamente adestrados pelos pastores e dirigentes do rebanho, ocuparão seus postos de dever apenas com o conselho e a ajuda do Altíssimo. Lembrar-se-ão dos períodos de adestramento, das doutrinas estudadas e da forma de apresentá-las. Livros, materiais e talentos empoeirados tornarão a ser usados com incomparável brilho. Obreiros voluntários, praticando os desejos e ensinos do Altíssimo, invadirão casas, campos, ruas e cidades, partilhando o que possuem no âmbito material e espiritual.

Chegará o grande dia de prova para o trabalho realizado agora. Mas estou certo de que passaremos ilesos por ele, como Movimento. Para conseguir isto, precisamos dedicar tempo à organização e ao adestramento de nosso povo. Os Departamentos de Atividades Leigas e Escola Sabatina nos proporcionam tal oportunidade. Oxalá saibamos aproveitá-la!

Fazendo isto não somente teremos melhores membros de igreja no presente, mas estaremos lançando o fundamento para um desenlace feliz. Quando raiar o dia eterno, nosso Movimento será triunfante no temor e no poder do Onipotente. Tudo porque no tempo de oportunidade fizemos o que devíamos ter feito.

Que o Senhor nos ajude a proceder desta maneira!

A história denominacional nos informa que a organização do Departamento de Atividades Leigas foi simplesmente a resposta de um movimento evangelizador às necessidades e inquietudes de muitos de seus membros.

O Departamento da Escola Sabatina lançou ultimamente, para uso geral, o plano das Unidades Evangelizadoras.

Sérgio Moctezuma, Diretor de Atividades Leigas e Escola Sabatina da Divisão Interamericana