Primeiramente, analisemos a palavra egoísmo à luz da Psicologia. O prefixo EGO vem do latim e é parte da Psique, intermediária entre o ID e o mundo exterior.

A PSIQUE é a manifestação de atividade mental ou psíquica em cada um de seus diversos aspectos. É o nosso modo de ser. É o conjunto dos nossos sentimentos íntimos. E, em última análise, é o nosso próprio caráter. É o nosso EU, em seu mais profundo sentido. Acrescentando-se a terminação ISMO ao prefixo EGO, teremos a palavra EGOÍSMO, que é a tendência de ver no próprio EU a realidade absoluta ou o valor exclusivo ou predominante. É o conjunto de propensões ou de instintos adaptados à conservação do indivíduo.

O dicionário da língua portuguesa nos dá uma definição clara e muito simples de egoísmo. Diz: “Excessivo amor ao bem próprio, sem atender ao dos outros.”

O amor-próprio é necessário quando se limita a esse conjunto de instintos e propensões que possibilitam a conservação da nossa própria vida. É por possuirmos amor-próprio que praticamos nossa higiene pessoal; vamos ao dentista e consultamos o médico quando não nos sentimos bem. É pela mesma razão que bebemos, nos alimentamos e procuramos nos sentir bem. Seria desastroso para nós próprios; para nossa família; para nossa comunidade, enfim, se perdêssemos completamente o amor-próprio.

O erro está no excessivo amor-próprio e especialmente na última parte do conceito que diz: “… sem atender ao bem dos outros.”

É fácil abandonarmos o egoísmo? A resposta é um categórico não! A menos que façamos como o apóstolo Paulo que crucificou o seu EU com Cristo.

O vocábulo oposto a egoísmo é altruísmo. Altruísmo é palavra francesa criada por Augusto Comte e adotada pelos ingleses positivistas para designar o oposto do egoísmo. Altruísmo, é, portanto, amor ao próximo; abnegação, filantropia. Segundo o positivismo, o altruísmo é uma tendência tão inata como os instintos egoístas.

Chegamos então à conclusão de que a vitória sobre o egoísmo é difícil, mas não impossível. A prática do altruísmo nos capacitará a subjugarmos o nosso Ego, colocando-o sob o controle de nossa razão.

A irmã Ellen White já sabia dessa possibilidade quando escreveu: “Beneficência constante e abnegada é o remédio que Deus propõe para os ulcerosos pecados do egoísmo e da cobiça.” — Lar Adventista, pág. 370.

Precisamos convir que esta luta não tem tréguas. Devemos estar sempre vigilantes. “Guarda-te constantemente de ceder ao egoísmo.” — Idem, pág. 103.

Como esposas de obreiros e como obreiras, é grande nossa responsabilidade diante da igreja e diante do mundo que tão bem nos observa. Às vezes parece que nos é pedido mais do que podemos dar. É um ensaio com os jovens; é a preparação de programas; são as crianças da igreja; as Dorcas; visitas aos lares de doentes e interessados; receber bem aos que chegam em nosso lar; muitas vezes precisamos aconselhar pessoas em crises. E, logicamente, o que está em primeiro lugar — o cuidado e orientação de nossos filhos; o cuidado do nosso lar e o importante e indispensável companheirismo e estímulo ao nosso esposo. É um constante dar-se de si mesma!

Seria bem mais cômodo em certas ocasiões ficarmos sentadas ouvindo uma agradável música e lendo um bom livro, do que correr a ajudar alguém. Aí, então, vem a luta: egoísmo e comodismo? ou altruísmo?

Ellen White dá-nos a resposta: “Todos os que estão relacionados com a Obra do Senhor devem estar constantemente em guarda contra o egoísmo.” — Idem, pág. 96.

E mais: “Um serviço a meio, amando o mundo, amando o eu, amando divertimentos frívolos, faz um servo tímido, covarde; segue a Jesus de longe. O serviço feito de boa vontade e de coração a Jesus, produz uma religião refulgente… Necessitamos mais de Cristo e menos do mundo, mais de Cristo e menos do próprio eu.” — Idem, pág. 431.

Satanás caiu por ter sido egoísta. E ele quer que caiamos também. Para isso ele envida todos os seus esforços. Lemos em Testemunhos Para Ministros, pág. 392: “Hoje, como nos dias de Cristo, Satanás governa a mente de muitos. Oh, se sua temível e temerosa obra pudesse ser discernida e resistida! O egoísmo tem pervertido os princípios, tem confundido os sentidos e anuviado o juízo.”

Logo mais estaremos ante o tribunal de Deus. Seremos condenados ou absolvidos. Nossa espiritualidade precisa crescer. Nossa fé precisa ser muito mais vigorosa do que tem sido. O egoísmo que existe em nós é o responsável pela nossa debilidade espiritual. Deixemos falar mais uma vez Ellen White: “A razão por que o povo de Deus não é mais espiritual, e não possui maior fé, foi-me mostrado, é acharem-se amesquinhados pelo egoísmo.” — Serviço Cristão, pág. 40.

Superando nosso natural egoísmo, é o título de nosso assunto. Já vimos que não é algo fácil. Mas, vimos também que não é impossível. Mas, o mais importante, é que chegamos à conclusão de que é absolutamente necessário deixarmos todo o egoísmo se quisermos nos salvar e ajudar a salvar outros para o Reino de Deus. Jesus foi altruísta durante toda a Sua vida e nos dará forças para sermos como Ele foi se tão-somente nos entregarmos a Ele através da oração e de um abnegado serviço. O altruísmo vencerá o egoísmo. Experimentemos. — Leah S. de Souza