Mensagem devocional apresentada em New Orleans, no domingo, 30 de junho de 1985.

Todo o Universo exultou quando Deus criou a Terra. “As estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus.” Jó 38:7. Mas logo eles ouviram a incrível notícia da queda de Adão e Eva. “A queda do homem encheu o Céu todo de tristeza. O mundo que Deus fizera estava deslustrado pela maldição do pecado, e habitado por seres condenados à miséria e morte.” — Patriarcas e Profetas, pág. 57.

Não há solução humana para o pecado. Diz a Palavra de Deus: “Pelo que ainda que te laves com salitre, e amontoes potassa, continua a mácula da tua iniqüidade perante Mim, diz o Senhor Deus.” Jer. 2:22. Em face desta impotência humana, surge a pergunta feita por Jó: ‘‘Como pode o homem ser justificado diante de Deus?” Jó 25:4, King James Version. Neste ponto começam as boas novas.

Boas Novas

“A Bíblia nos apresenta as inesperadas boas novas de que os três maiores poderes do Universo — o Pai, o Filho e o Espírito Santo — Se uniram num concerto para remir a humanidade errante, não importa quão enorme seja o preço.” — Hans K. La Rondelle, Christ Our Salvation, pág. 9. “O Filho de Deus, o glorioso Comandante do Céu, ficou tocado de piedade pela raça decaída…. O amor divino havia concebido um plano pelo qual o homem poderia ser remido…. Cristo tomaria sobre Si a culpa e a ignomínia do pecado…. Cristo atingiria as profundidades da miséria para libertar a raça que fora arruinada.” — Patriarcas e Profetas, pág. 57.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia, com todos os seus membros, nasceu para proclamar que a salvação não pode ser obtida pelo esforço humano, mas é um dom da graça de Deus. A humanidade criou o problema; Deus, em Seu amor, proveu a solução. À ansiosa pergunta: “Como pode o homem ser justificado diante de Deus”, respondemos: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores.” I Tim. 1:15.

Salvação de Eternidade a Eternidade

O plano da salvação se estende de eternidade a eternidade. Ele é como uma forte corrente firmada no Céu e que chega até o homem perdido na Terra. Analisemos os vários elos desta corrente remidora.

1. O plano da salvação: Somos salvos pelos méritos do sacrifício de Cristo, “predeterminado antes da fundação do mundo” (IS. Ped. 1:20, KJV). A Divindade tomou providências para nossa salvação desde a eternidade.

2. O sistema de sacrifícios: “As ofertas sacrificais foram ordenadas por Deus a fim de serem para o homem uma perpétua lembrança de seu pecado, e um reconhecimento de arrependimento do mesmo, bem como seriam uma confissão de sua fé no Redentor prometido.” — Idem, pág. 64.

3. O tabernáculo: Deus deu a seguinte instrução a Moisés: “E Me farão um santuário, para que Eu possa habitar no meio deles.” Êxo. 25:8. O serviço diário tipificava o sacrifício na cruz e o ministério de intercessão da parte de Cristo; e o serviço anual simbolizava o julgamento no Céu. Por meio dos sacrifícios e dos outros serviços realizados no tabernáculo, as gerações passadas expressavam sua fé no Redentor vindouro.

4. A encarnação: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.” Gál. 4:4. “Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote…, e para fazer propiciação pelos pecados do povo.” Heb. 2:17. Por meio de Sua vida, na qual “não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em Sua boca” (I S. Ped. 2:22), Ele demonstrou e venceu a Satanás, pois “Cristo devia redimir, em nossa humanidade, a falha de Adão” O Desejado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 102).

5. Morte vicária: “Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom. 5:8. O sacrifício de Cristo era necessário (Heb. 9:22). Foi voluntário (Heb. 9.14); Ele era a oferta e o ofertante. O sacrifício era todo-abrangente; “Ele morreu por todos” (II Cor. 5:15). Era substituinte (Isa. 53:6); a morte de Cristo na cruz representava todos os pecadores, e desviou a ira de Deus de nós para Ele. Era expiatório (I S. João 2:2). Era eficaz (cap. 1:7). Era perfeito em sua execução, bem como em seus eternos resultados (Heb. 10:14). Quando Cristo exclamou: “Está consumado”, “ganhara a batalha…. Como Vencedor, firmou Sua bandeira nas alturas eternas” (Idem, pág. 728). O ponto importante para vós e para mim é que Jesus tomou sobre Si os nossos pecados, pagou nossas dívidas, morreu em nosso lugar e obteve “eterna redenção” para nós (Heb. 9:12).

6. Ressurreição triunfante: Temos um Salvador vivo que pode dizer: “Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno.” Apoc. 1:18. A ressurreição de Cristo é um glorioso marco miliário no plano da salvação e um dos mais fortes pilares da História e de nossa fé. Um Salvador morto não poderia salvar a pessoa alguma. Sem a ressurreição não haveria salvação, fé e igreja. “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé.” I Cor. 15:14. Mas o apóstolo proclama triunfantemente: “De fato Cristo ressuscitou dentre os mortos.” Verso 20.

7. Gloriosa ascensão: Jesus desceu do Céu em humildade e retornou em triunfo. O amor foi vitorioso. “A família no Céu e a família na Terra, são uma só. Para nosso bem subiu nosso Senhor, para nosso bem Ele vive.” — Idem, pág. 798.

8. Intercessão eficaz. No santuário celestial Cristo continua Sua obra de salvação. “Vivendo sempre para interceder por eles.” Heb. 7:25. Como adventistas, cremos que “há um santuário no Céu”, onde “Cristo ministra em nosso favor, tornando acessíveis aos crentes os benefícios de Seu sacrifício expiatório” (Crenças Fundamentais, n°. 23). “A intercessão de Cristo no santuário celestial, em prol do homem, é tão essencial ao plano da redenção, como o foi Sua morte sobre a cruz.” — O Grande Conflito, pág. 492.

9. Juízo vindicativo: A Bíblia ensina que haverá um julgamento. Os filhos de Deus não estão isentos desse julgamento, “pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus” (Rom. 14:10) e o juízo deverá começar “pela casa de Deus” (I S. Ped. 4:17). Na realidade, “no grande dia da expiação final e do juízo de investigação, os únicos casos a serem considerados são os do povo professo de Deus” [Idem, pág. 484). Como adventistas, cremos que “o juízo investigativo revela … quem dentre os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, nEle, considerado digno de ter parte na primeira ressurreição. Também torna manifesto quem, dentre os vivos, permanece em Cristo… Este julgamento vindica a justiça de Deus em salvar os que crêem em Jesus. Declara que os que permaneceram leais a Deus receberão o reino” (Crenças Fundamentais, n° 23).

10. Acontecimentos finais: Eles serão gloriosos para os remidos, mas terríveis para os perdidos. Cristo virá. Os justos reinarão com Ele, e julgarão os ímpios durante o milênio, no Céu. Então descerá a Cidade Santa. Na presença dos justos e dos ímpios, Jesus exclamará: “‘Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri, por estes morri, a fim de que pudessem morar em Minha presença pelas eras eternas.’ E sobe o cântico de louvor dos que estão vestidos de branco em redor do trono: ‘Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças.’ Apoc. 5:12.” — O Grande Conflito, pág. 678.

A Maravilhosa Realidade da Salvação

As boas novas de que “o justo viverá por fé” (Rom. 1:17) trouxeram paz a Lutero. A. G. Daniells escreveu: “A justiça pela fé é o meio de Deus para salvar pecadores.”

A justiça pela fé abrange o passado, o presente e o futuro. “É imputada a justiça pela qual somos justiçados; aquela pela qual somos santificados, é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda, nossa adaptação para ele.” — Mensagens aos Jovens, pág. 35. A justiça imputada elimina nossos pecados passados; a justiça comunicada nos habilita a viver sem pecado no presente. Deste modo, a justificação e a santificação se acham indissoluvelmente ligadas e constituem o processo de justiça pela fé.

Justificação: “É a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer.” — Testemunhos Para Ministros, pág. 456. Somos justificados, “não por obras de justiça praticadas por nós” (Tito 3:5), mas “gratuitamente, por Sua graça” (Rom. 3:24) e “pela fé” (verso 28). A justificação é uma mudança de nossa condição diante de Deus. Ela confere completo e imediato perdão por todos “os pecados anteriormente cometidos” (verso 25). Spurgeon disse: “O vasto mar do sacrifício e amor de Jesus é tão profundo que todas as montanhas de nossos pecados podem submergir-se nele.” — For All by Grace, pág. 32.

“Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis então, por pecaminosa que tenha sido vossa vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter, e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado.” — Caminho Para Cristo, Edição Universal, pág. 62. Deus nos reconcilia consigo mesmo (ver II Cor. 5:17 e 18) e nos adota como filhos e filhas (ver Gál. 4:5).

Novo nascimento: Jesus disse a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode, ver o reino de Deus.” S. João 3:3. Billy Graham explica: “O novo nascimento não consiste em ser reformado, e, sim, transformado. A pessoa recebe uma nova natureza e um novo coração. Ela se converte numa nova criatura.” — Born Into a New Life, pág. 159.

O processo do novo nascimento é obra do Espírito Santo, e seus resultados precisam ser evidentes: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” II Cor. 5:17. “Essa virtude regeneradora que nenhum olho humano pode ver, gera na alma uma vida nova; cria um novo ser à imagem de Deus…. As coisas que outrora aborreciam, agora amam; e aquilo que outrora amavam, aborrecem agora.” — Caminho Para Cristo, Edição Universal, págs. 57 e 58.

Batismo: No Pentecostes, cheio do Espírito Santo, Pedro recomendou: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38. Por meio do batismo o crente declara que aceita a salvação.

Santificação: Esta é a obra de Cristo: comunicar poder para viver sem pecado. É o contínuo crescimento em direção à maturidade e perfeição espirituais. É a experiência: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” Gál. 2:20. É a salvação produzindo fruto. É fazer a vontade de Deus da maneira como é manifestada em Sua santa lei, não como meio para obter a salvação, mas como resultado de haver nascido de novo. É rejeitar as obras da carne e dar lugar aos frutos do Espírito (cap. 5:19-24). Ao contrário da justificação, a santificação é a obra de toda a vida. Paulo resume o significado da santificação, dizendo: “Para mim o viver é Cristo.” Filip. 1:21.

Glorificação: Este é o ato final da redenção, quando, após a ressurreição e a trasladação, os remidos participarão da glória de Deus. “Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é.” I S. João 3:2.

Proclamando as Boas Novas

Salvação em Cristo é a mais importante doutrina da fé cristã e da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Nossa missão mais urgente é proclamar esta mensagem à Igreja e ao mundo. Será, porém, que a Igreja precisa desta mensagem? “Isso, porém, eu sei, que nossas igrejas estão parecendo por falta de ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo, e verdades semelhantes.” — Obreiros Evangélicos, pág. 301. Martinho Lutero exortava: “Pois se negligenciarmos o assunto da justificação, nós o perderemos completamente. Portanto, é mui necessário que… ensinemos e repitamos este assunto constantemente.” — Citado por A. G. Daniells, em Christ Our Righteousness, pág. 91.

Proclamação externa: “Deus nos outorgou luz, não para nosso proveito exclusivo, mas para que a derramássemos sobre [todos os que não O conhecem]”. — Caminho Para Cristo, pág. 81. Em Sua sabedoria e amor, Deus conta conosco para a proclamação da mensagem: “Porque de Deus somos cooperadores.” I Cor. 3:9. Foi-nos confiado “o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, … e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.” II Cor. 5:18-20. Pedro explica que somos “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de [proclamar] as virtudes dAquele que [nos] chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (I S. Ped. 2:9).

Quem deve proclamar as boas novas? Este privilégio não pertence apenas aos evangelistas. “A igreja de Cristo é o agente designado por Deus para a salvação dos homens. Sua missão é levar o evangelho ao mundo. E essa obrigação repousa sobre todos os cristãos.” — Ibidem.

Que dizer dos pastores? A todos os pastores Cristo conferiu uma missão pastoral e evangelística: “Apascenta as Minhas ovelhas”, e “Ide, portanto, ensinai todas as nações” (S. João 21:17; S. Mat. 28:19). Paulo exorta a Timóteo: “Faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.” II Tim. 4:5. Se um pastor não evangeliza, ele é infiel a um dos aspectos essenciais do chamado divino. Outro erro perigoso é o pastor procurar realizar todo o trabalho por si mesmo. “A disseminação da verdade de Deus não se limita a alguns poucos ministros ordenados…. É erro fatal supor que a obra de salvação de almas depende só do ministério.” — Serviço Cristão, pág. 68.

Não Para Alguns Especialistas

E que dizer dos membros leigos? “O evangelismo não é um trabalho para alguns especialistas. Evangelismo é a obra que Deus atribuiu a todos os Seus seguidores.” — John Shuler, Public Evangelism, pág. 15. A Igreja primitiva obteve seus triunfos devido à total participação dos membros na pregação do evangelho. Hoje Deus tem o mesmo plano para a terminação de Sua obra. ‘‘Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário…. Aquele que se torna um filho de Deus deve, daí por diante, considerar-se como um elo na cadeia descida para salvar o mundo…. Salvar almas deve ser a obra vitalícia de todo aquele que professa seguir a Cristo.” — Serviço Cristão, págs. 9, 11 e 10.

A obra de Deus nunca será terminada só pelos pastores. “A obra de Deus na Terra nunca poderá ser finalizada enquanto os homens e mulheres que compõem nossa Igreja não cerrem fileiras, e juntem seus esforços aos dos ministros e oficiais de igreja.” — Idem, pág. 68. O verdadeiro e único segredo para terminar a obra de Deus é que, sob a orientação do Espírito Santo, os pastores recrutem, adestrem e ponham a trabalhar a maioria dos membros, e unidos se empenhem na tarefa de evangelizar o seu território.

Fazendo uma avaliação honesta, onde estamos no cumprimento de nossa missão? Temos de admitir que estamos muito atrasados. Qual é o problema? O inimigo usa duas táticas para atrasar a obra de Deus: diversificar e diluir as possibilidades da igreja em múltiplas atividades; e fazer com que a igreja perca de vista sua missão mais importante. Por esta razão, é imprescindível que definamos nossas prioridades e realizemos primeiro o que deve ter precedência. Que deve ter prioridade na igreja? “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.” S. Mat. 28:19. Evangelizar é a nossa verdadeira obra (ver Evangelismo, pág. 17).

Somos os depositários das mais admiráveis boas novas. Levantemo-nos para proclamá-las!