Alguns dos dados relacionados com as rochas apresentam problemas para os que crêem num Dilúvio mundial e literal, como o que é descrito no livro de Gênesis.

Tais problemas precisam ser reconhecidos. No entanto, as rochas também apresentam uma porção de dificuldades para os que não acreditam que houve um Dilúvio mundial. Com efeito, é quase impossível explicar alguns aspectos sem levar em conta uma catástrofe causada pela água, e de muito maior magnitude do que qualquer coisa experimentada nos tempos modernos.

ARIEL A. ROTH, Doutor em Zoologia pela Universidade de Michigan e Diretor do Geoscience Research lnstitute, em Loma Linda, Califórnia

O Dilúvio descrito no livro de Gênesis foi um acontecimento mundial (Hasel, 1975) que destruiu a vida terrestre.

A maioria das camadas fossilíferas da Terra provavelmente resultaram desse Dilúvio, pois a Bíblia não sugere muita coisa mais que pudesse explicar essas extensas camadas, e concede pouco tempo para sua formação, antes ou depois do Dilúvio.

Se houve tal ocorrência como um Dilúvio mundial, é de esperar que as rochas sobre a superfície da Terra dêem algumas indicações desse fato. Este artigo considerará diversas evidências que apóiam este conceito.

Tendência Para o Catastrofismo

A última década testemunhou uma modificação básica no pensamento geológico, do conceito de pequenas modificações vagarosas durante longos períodos de tempo para rápido catastrofismo. A comunidade geológica não está adotando o conceito de um Dilúvio universal, mas as novas interpretações catastróficas se ajustam muito bem ao conceito de uma catástrofe mundial como a que é descrita no livro de Gênesis. Recente sumário dos progressos na sedimentologia numa das principais revistas geológicas conclui dizendo:

“O importante papel desempenhado por grandes tempestades no decorrer da história geológica está sendo reconhecido cada vez mais.” (Nummendal, 1982.) As evidências dessas tempestades são da mesma espécie que também pode ser esperada de um Dilúvio mundial como o que é descrito em Gênesis.

Distribuição dos Sedimentos Marinhos

A espessura dos sedimentos nos continentes é, em média, de 1,5 km e é cerca de 5 vezes a dos sedimentos no fundo dos oceanos. Constitui um fato surpreendente que mais ou menos metade dos sedimentos dos continentes é de origem oceânica. Eles contêm fósseis marinhos e, amiúde, tipos de sedimentos marinhos, incluindo pedras calcárias, argila calcária, etc. O que tanto material de origem oceânica está fazendo nos continentes?

Um Dilúvio mundial explica melhor essa abundância do que qualquer outra coisa. Naturalmente, muitos geólogos procuram elucidar a questão dizendo que os continentes, no passado, se encontravam num nível mais baixo, permitindo a inundação do mar. Isto pode ser precisamente o que ocorreu num Dilúvio mundial. Os conceitos sobre o Dilúvio mundial não requerem que a água tenha coberto as mais altas montanhas atuais, que talvez tenham surgido depois do Dilúvio.

Depósitos Inigualáveis e Muito Espalhados

A natureza muito ampla de inigualáveis depósitos sedimentares contendo fósseis de origem terrestre, nos continentes, é uma evidência de atividade catastrófica de que não há semelhanças contemporâneas. Um notável exemplo é o conglomerado Shinarump, contendo madeira fóssil triásica, um componente da Formação Chinle, encontrada no sudoeste dos Estados Unidos. Este conglomerado que ocasionalmente se transforma em grosso arenito, tem geralmente menos de 30 metros de espessura, mas se alastra como uma unidade quase contínua sobre uns 250.000 quilômetros quadrados (Gregory, 1950). Denota que forças muito maiores do que as que se manifestam no presente foram necessárias para espalhar um depósito tão singular sobre uma área tão ampla. É extremamente difícil imaginar que atividades sedimentares locais, como afirmam alguns, produzissem tal continuidade. Qualquer vale ou canyon teria interrompido essa continuidade. Conglomerados basais e outras unidades encontradas em muitas outras formações geológicas apresentam as mesmas evidências. É difícil imaginar tais forças transportadoras que não tivessem consequências mundiais.

Turbidites

O novo conceito turbidite de numerosas e rápidas correntes de lama submarinas se adapta muito bem a uma tal catástrofe como o Dilúvio do livro de Gênesis. Essas correntes de lama podem percorrer até mil e quinhentos quilômetros, às vezes a uma velocidade de mais de oitenta quilômetros por hora, ter uns vinte metros de espessura e estender-se sobre cem mil quilômetros quadrados. Só o tempo dirá que proporções dos sedimentos da Terra acabarão sendo identificados como turbidites. Dott (1963) menciona “um pouco menos de 50 por cento” de turbidites para alguns sedimentos em Ventura Basin, na Califórnia. Numa região devoniana a eocênica, no noroeste dos Estados Unidos, ele classifica 30% como turbidites. São descritos cada vez mais depósitos do tipo turbidite, à medida que este conceito segue sua marcha triunfal através da reinterpretação sedimentológica.

Uma só turbidite não reforça o conceito de um Dilúvio mundial, mas a sua abundância fá-lo com muita intensidade. O crescente número de depósitos nos continentes que estão sendo identificados como turbidites indica atividade submarinha numa escala que poderia ser esperada num Dilúvio mundial, e não corresponde absolutamente aos atuais padrões sedimentares nos continentes.

Escassez de Aspectos Erosivos em Hipotéticos Intervalos de Tempo

Freqüentemente, nas camadas sedimentares da Terra, faltam partes da coluna geológica. De acordo com a escala padronizada de tempo geológico, elas geralmente representam milhões a centenas de milhões de anos. Algumas dessas partes que faltam podem estender-se sobre grandes porções dos continentes. Se esses intervalos fossem evidentes, deviam revelar os efeitos do tempo; do contrário, essas camadas foram depositadas rapidamente, como seria o caso num Dilúvio mundial. Autênticos intervalos sofreriam muita erosão, a qual seria preservada sob os depósitos posteriores.

A ausência quase completa dos principais aspectos erosivos (como, por exemplo, a topografia irregular vista agora na superfície da Terra) em muitos desses intervalos denota pouco tempo entre os períodos de sedimentação. É o que aconteceria num Dilúvio mundial. Há alguns canyons fósseis (Cohen, 1976), mas a sua ausência quase universal em sedimentos antigos, em comparação com a atual abundância de canyons sobre a superfície da Terra, reforça o conceito de rápida deposição de sedimentos no passado, com pouco tempo para erosão. Por falar nisso, um Canyon fóssil não refuta a atividade do Dilúvio. Pode haver erosão durante uma inundação, mas a significativa ausência de erosão nesses hipotéticos intervalos de tempo indica pouco tempo, como seria o caso durante um Dilúvio mundial. Esses intervalos são comuns.

Conclusões

Em suma, uma porção de evidências reforçam o conceito de um Dilúvio mundial. As evidências de catastrofismo, a abundância de sedimentos marítimos e turbidites nos continentes, a distribuição mais ampla de inigualáveis depósitos sedimentares, terrestres, no passado do que no presente, e a falta de aspectos de erosão que dependem de tempo, em supostos intervalos de tempo — quando são reunidas, produzem um poderoso argumento em favor de um Dilúvio mundial. Naturalmente, os criacionistas estão plenamente inteirados de que alguns dados apresentam problemas para o conceito relacionado com o Dilúvio, mas o que foi exposto neste artigo não deve ser desprezado. Os fatos não deixam de existir quando não são levados em consideração.

Referências

Cohen, Z„ 1976. “Early Cretaceous buried Canyon: influence on accumulation of hydrocarbons in Helez Oil Field. Israel.” American Association of Petroleum Geologists Bulletin 60 (1): 108-114.

Dott. R. H., Jr., 1963. “Dynamics of subaqueous gravity depositional processes. American Association of Petroleum Geologists Bulletin 47:104-128.

Gregory, H. E„ 1950. “Geology and geography of the Zion Park region, Utah and Arizona.” U. S. Geological Survey Professional Paper 220.

Hasel, G. F„ 1975. “The biblical view of the extent of the flood.” Origins 2:77-95.

Nummendal, D„ 1982. “Clastics”. Geotimes 27 (2): 23.