Será que os criacionistas não podem descobrir alguma evidência tão espetacular e esmagadora que os evolucionistas sejam obrigados a ver suas teorias se transformarem num montão de ruínas? O autor diz que essa procura é inútil e pode conduzir a alguma coisa destituída de objetividade.
RICHARD D. TKACHUCK, Doutor em Parasitologia pela Universidade da Califórnia e membro do Geoscience Research lnstitute, Loma Linda, Califórnia.
Na literatura de ficção, a morte de alguns inimigos perigosos só podia ser ocasionada com balas de prata. A mesma metáfora tem sido usada na busca da cura para o câncer. A inferência é que toda ameaça pode ser eliminada de modo rápido e completo destruindo um ponto vital.
Os criacionistas, através dos anos, têm procurado balas de prata em seus ataques às teorias evolucionistas. O raciocínio é o seguinte: Se conseguirmos fazer uma descoberta tão espetacular e convincente que não haja outra explicação concebível além do Dilúvio e/ou da Criação, então o poderoso gigante evolucionista se transformará abruptamente num montão de escombros. Através dos anos, foram supostamente achadas diversas balas de prata, e houve então uma fuzilada contra o inimigo evolucionista.
A mais notável delas é a pretensa descoberta de pegadas humanas fossilizadas, ao lado de pegadas de dinossauro. Visto que os dinossauros foram extintos há uns sessenta milhões de anos, de acordo com o pensamento geológico aceito vulgarmente, e os seres humanos só evoluíram há dois ou três milhões de anos, a presença de pegadas humanas e de dinossauro na mesma camada geológica iria destruir qualquer sistema evolucionista mantido atualmente.
Quão seguras são as evidências nesse sentido? Infelizmente, na opinião de muitos criacionistas plenamente convictos, elas não são seguras. Há alguns rastos de um grande dinossauro ao lado de um bípede mais pequeno. Os rastos menores, que alguns supõem serem pegadas humanas, são indistintos, muito desgastados pela erosão, e podem ser interpretados igualmente, ou até com mais precisão, como pegadas de um dinossauro de três dedos. Numa película criacionista filmada em Paluxy River, no Texas, as pegadas foram realçadas com óleo para que as fotografias se tornassem mais claras. Infelizmente, a liberdade artística era grande, e produziu uma impressão diferente da realidade.
Há boas evidências de que pegadas humanas foram esculpidas e vendidas pelos habitantes locais durante a Depressão. Ainda existem algumas. Quando foi examinado um corte transversal de uma delas, verificou-se que tinha todas as características que podiam ser esperadas se houvesse sido esculpida.
Outra bala de prata atirada pelas carabinas dos criacionistas tem que ver com a descoberta de pólen de angiospermas (plantas floríferas) em folhelhos pré-cambrianos. Segundo a interpretação evolucionista, as plantas floríferas só apareceram na metade da coluna geológica, ao passo que as chamadas plantas primitivas tiveram ascendência no fundo. A descoberta de pólen de angiospermas nas camadas mais baixas realmente causaria grave dano ao modelo evolucionista, pois os fósseis de plantas capazes de produzir esse pólen se encontram somente nas partes superiores da coluna, presumivelmente centenas de milhões de anos mais tarde.
Quando foram examinadas amostras de rocha tiradas dos locais da coleção original, usando métodos muito cuidadosos, a fim de excluir a possibilidade de contaminação, não foi encontrado pólen algum. Parece que o tipo original de pólen das camadas inferiores do Grand Canyon era o resultado de amostras contaminadas.
A pretensa descoberta da arca de Noé é outro disparo para apoiar o modelo bíblico. Conquanto haja suficientes boatos para estimular o pensamento e o interesse, as evidências são menos convincentes. Diversos pedaços de madeira do Ararate têm sido apresentados como prova da existência da arca. Quando foram submetidos ao processo de datação pelo Carbono-14, verificou-se que eram aproximadamente do nono século A. D.
A procura da bala de prata é louvável; porém, segundo a minha opinião, constitui provavelmente uma tentativa inútil. Isto pode ser ilustrado por um incidente pessoal.
Enquanto fazia um curso de extensão universitária, encontrei-me com um membro do corpo docente que em tempos passados adotara um conceito bíblico muito conservador sobre a Criação e o Dilúvio, mas abandonou-o posteriormente para adotar um conceito que atualmente é popular entre os evolucionistas. Eu queria saber o que causara a mudança nos modelos das origens e a completa perda de fé na Bíblia. Ele declarou que não via muito sentido em determinadas restrições bíblicas no âmbito moral e que o conceito evolucionista era mais lógico. Perguntei qual seria sua reação diante de uma prova definida do relato bíblico do Dilúvio. Ele, por sua vez, perguntou que espécie de prova eu podia apresentar. Sugeri a descoberta da arca de Noé no alto de uma montanha, com tudo que fosse necessário para manter os animais vivos por um longo período de tempo. Ele achava que isso não seria uma prova, pois a estrutura sobre a montanha podia ter sido construída por algum povo como relicário de uma história mitológica mantida em sua herança cultural.
Deste e de outros incidentes similares, aprendi que as evidências constituem algo muito subjetivo e sempre se acham subordinadas ao conceito que se tem do mundo.
Destarte, a busca da bala de prata está fadada a ser decepcionante, e, talvez, até inútil. O Senhor mesmo disse certa vez que mesmo que os mortos voltassem à vida isso não seria suficiente para mudar a opinião de algumas pessoas.
No âmbito das origens, decisões baseadas em conceitos mais fundamentais do que os que podem provir da ciência nos levarão a interpretar o mundo natural de algum modo especial. Dizem que Einstein declarou que são as nossas teorias que determinam os resultados de nossas experiências. Parafraseando, podemos dizer que é nosso conceito sobre o mundo e nossa percepção da maneira como o Divino atuou sobre o mortal que determinarão como interpretaremos o mundo natural ao nosso redor.