A busca de uma origem extrabíblica para o sábado tem estado em andamento há uns cem anos. Os eruditos têm desenvolvido a hipótese de que o sábado tem antecedentes astrológicos, agrícolas ou sociológicos. No entanto, até agora, nem uma hipótese isolada, nem uma combinação de hipóteses tem conseguido prover uma resposta para a questão da origem do sábado.1 Segundo nosso conhecimento atual, o sábado, como dia de repouso e adoração semanal é peculiar à religião e fé bíblica. Não temos conhecimento de nenhuma nação ou povo pagão no mundo antigo que tenha guardado o sábado do sétimo dia ou prestado culto nele.
As fontes seculares talvez sejam omissas sobre este assunto, mas as Escrituras não são ambíguas sobre a origem do sábado. Elas apresentam o sábado do sétimo dia como duradoura dádiva de Deus a toda a humanidade, desde a criação. Seu começo está ligado ao clímax da semana da criação (ver Gên. 2:1-3; Êxo. 20:11; 31:17). O relato inspirado declara: “Assim, pois, foram acabados os céus e a Terra, e todo o seu exército. E havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” Gên. 2:1-3. Esta primeira passagem sobre o sábado expressa algumas ideias-chave: 1) a criação atinge seu alvo de conclusão e perfeição no sábado do sétimo dia. Assim, o sétimo dia de cada semana é um sábado da criação renovado, um dia de tempo sagrado procedente do princípio da História. Embora as antigas cosmogonias dos cananeus e dos babilônios terminassem na edificação de um ternplo,2 isto é, em espaço sagrado, a narrativa bíblica da criação termina com a inauguração do sábado, isto é, com a origem do tempo sagrado. 2) Deus descansou no sábado de toda a Sua obra que tinha feito. O descanso de Deus (cf. Êxo. 20:11; 31:17) provê um exemplo para o homem. A humanidade, criada à imagem de Deus, deve seguir o exemplo de seu Criador descansando no sétimo dia. Descansar no sentido de cessação da atividade regular significa para toda pessoa uma dádiva de tempo para comunhão com o nosso criador e Senhor. 3) Deus abençoou o sábado. Na Escritura, quando Deus abençoa alguma coisa ou um ser, essa coisa ou esse ser é imbuído do poder de fecundidade e prosperidade, provendo vida, felicidade e êxito. O Senhor da vida, que, em Sua obra criadora, abençoou os peixes e as aves (ver Gên. 1:22), e então a Adão e Eva (ver Gên. 1:28), também abençoou o sábado como dia de descanso, dotando-o assim de poder vivificante, vitalizador e benéfico. Esta bênção conferida ao sábado deve enriquecer a existência e a vida da humanidade. 4) Deus santificou o sábado. Este ato divino de santificar o sábado e separá-lo dos outros dias, que são dias de atividade, imbuiu-o de uma santidade não possuída por nenhum outro dia. “Esta divisão entre o dia de descanso e os dias de trabalho deve demonstrar-se tanto um beneficio para o homem como a divisão da luz e das trevas.”3 Também devemos notar que a santidade constitui um ato da concessão de Deus, e não da realização humana. A santidade do dia de repouso é derivada, não da observância desse dia pelo homem, mas de uma ação divina precedente.
Estes aspectos fundamentais do sábado, baseados nas atividades divinas no clímax da criação, provêem vida abundante e significativa para o homem e despertam nele sentimentos de adoração. O penetrante sumário de G. H. Watterman merece ser citado: “Parece claro, portanto, que a divina origem e instituição do sábado ocorreu no começo da história humana. Naquela ocasião Deus não somente proveu um exemplo divino para a observância do sétimo dia como dia de repouso, mas também abençoou o sétimo dia e separou-o para uso e benefício do homem.”4 É plenamente evidente, portanto, que o sábado se originou na criação, e não no monte Sinai ou mais tarde, na história de Israel.
O apoio bíblico para a origem do sábado do sétimo dia na criação se encontra não somente no Antigo Testamento (ver especialmente Êxodo 20:11; 31:17), mas ela também é apoiada explicitamente no Novo Testamento, em Hebreus 4:1-11, e implicitamente, por Jesus mesmo, em S. Marcos 2:27: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Jesus afirma que o sábado foi feito para benefício do homem, protegendo seu bem-estar físico, espiritual e social.
Senhor do Sábado
Jesus Cristo anunciou que Ele mesmo é “Senhor do sábado” (S. Mar. 2:28; S. Mat. 12:8). O Novo Testamento apresenta amplas evidências de que o mundo foi feito por Jesus Cristo (ver S. João 1:3; Colos. 1:16 e 17; Heb. 1:1-3), indicando que Ele é o agente ativo na criação. No princípio da história humana, o Criador do homem e do mundo fez o sábado para benefício e bênção da humanidade.
O Antigo Testamento faz reiteradas alusões ao sétimo dia como “o sábado do Senhor” (ver Êxo. 20:10; Lev. 23:3 e 38; Deut. 5:14) e diversas vezes o Senhor fala na Escritura de “Meus sábados” (ver Êxo. 31:13; Lev. 19:3 e 30; 26:2; Isa. 56:4 Ezeq. 20:12-24; 22:8 e 28; etc.). A afirmação de Jesus, de que Ele é “Senhor do sábado”, talvez reflita essa ênfase do Antigo Testamento à Sua autoridade, em confronto com todos os outros que pretendiam ter domínio sobre o sábado. Sua autoridade sobre esse dia está relacionada com Sua autoridade sobre o homem. Como este, caído sob o domínio de poderes estranhos, é liberto de todos os meios falsos, ritualistas e legalistas, assim o sábado também é liberto por Jesus Cristo do grande número de regulamentos ritualistas e legalistas que lhe foram acrescentados por poderes humanos no judaísmo posterior ao Exílio. (Uma fonte cita 1.521 leis derivadas do sábado.)5
Como “Senhor do sábado”, Jesus Cristo é o grande Restaurador do sábado. Em Sua vida e ministério, Jesus de maneira alguma ab-rogou ou anulou o sábado. Elevou-o a seu legítimo e devido lugar, restaurando sua significação e dignidade, e repondo-o como centro de bênção para a humanidade. Os Evangelhos relatam nada menos de sete milagres de cura realizados no sábado. No começo mesmo de Seu ministério público, Jesus curou um homem endemoninhado numa sinagoga, no sábado (ver S. Mar. 1:21-28; S. Luc. 4:31-37) e acompanhou este ato com a cura, no sábado, da sogra de Pedro (ver S. Mar. 1:29-31; S. Luc. 4:38 e 39). A libertação dos seres humanos dos poderes do mal ou da doença está, portanto, ligada ao sábado. A cura no sábado do homem com a mão ressequida (ver S. Mar. 3:1-6) demonstra que a despeito das restrições legalistas dos judeus, “é lícito nos sábados fazer o bem… /e/ salvar a vida” (v. 4). Jesus estava novamente ensinando numa sinagoga, noutro sábado, quando Ele curou miraculosamente uma mulher enferma, defendendo a cura como uma atividade completamente apropriada para o dia de sábado — uma soltura dessa mulher do cativeiro de Satanás (ver S. Lucas 13:10-17).
O Libertador messiânico também liberta o sábado da tradição humana. A cura no sábado do homem com hidropisia demonstrou isso novamente (ver S. Luc. 14:1-4). As duas curas no sábado relatadas no Evangelho de S. João (cap. 5:1-18; 9:1-41) indicam a íntima conexão entre a obra redentora de Cristo e o sábado. Em ambos esses casos Cristo rompeu outra vez com as leis sabáticas dos rabis (ver S. João 5:10 e 16; 9:14-16), livrando o sábado de restrições humanas e libertando-o para que fosse a espécie de bênção que Ele designou originalmente para a humanidade. Estes incidentes revelam que a afirmação de Cristo, de que Ele é “Senhor do sábado” (S. Mat. 12:8; S. Mar. 2:28) denota Sua intenção de ser o Restaurador do verdadeiro significado e propósito do sábado, revelando seu divino objetivo e desígnio para benefício de homens e mulheres em todas as etapas da vida e em todas as épocas.
O famoso incidente de os discípulos colherem espigas num dia de sábado (ver S. Mat. 12:1-8; S. Mar. 2:23-28; S. Luc. 6:1-5) foi considerado pelas autoridades judaicas como violação do sábado, porque, “ao colher as espigas, eles eram culpados de segar; ao esfregá-las nas mãos, eram culpados de joeirar; e, em todo esse processo, eles eram culpados de preparar uma refeição no dia de sábado.”6 Em Sua defesa, Jesus Se referiu ao ato de Davi comer dos pães da proposição no templo quando estava com fome (ver I Sam. 21:1-7), argumentando que se era correto que Davi comesse do pão dedicado para uso sagrado, então os Seus discípulos certamente podiam aliviar a fome colhendo cereais no tempo sagrado. Assim Jesus pôs de lado as leis rabínicas e libertou o sábado das restrições e da casuística legalistas.
Estes diversos incidentes revelam que Jesus restaurou o sábado a sua autêntica significação, libertando-o de tradições humanas que tendiam a reter tanto o sábado como seus observadores nas malhas do legalismo. Jesus mesmo guardou o sábado em sua verdadeira intenção, deixando assim um exemplo para Seus seguidores através dos séculos. Ele é o Exemplo e Modelo de verdadeira observância do sábado desde o dia, no começo de Seu ministério, quando leu as Escrituras na sinagoga de Nazaré, observando o sábado “segundo o Seu costume” (S. Luc. 4:16); bem como no tempo em que andou fazendo o bem no sábado, até Seu descanso na sepultura nesse mesmo dia. Na realidade, Jesus Cristo é em todo o sentido “o Senhor do sábado”, assim como o sábado é em todo o sentido o dia do Senhor. Cremos que não há provas bíblicas de que Jesus ou Seus discípulos tenham mudado o sábado para o domingo.6 Esta mudança ocorreu muito mais tarde.7
A Dádiva do Repouso Divino
O próprio repouso do Criador provê um fundamento para o repouso do homem no sábado do sétimo dia (ver Gên. 2:1-3). O quarto mandamento do Decálogo afirma explicitamente: “O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho…; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou.” Êxo. 20:10 e 11. O sétimo dia é identificado como o Sábado. Esta distinção já fora ilustrada na experiência do maná (ver Êxo. 16:23, 25 e 26). Cumpre notar também que “o sétimo dia é um sábado para o Senhor” (cf. 16:23 e 25; 20:10; 31:15; 35:2; Lev. 23:3; Deut. 5:14), indicando que o sábado é propriedade de Deus, o qual bondosamente o concede como dádiva de repouso para Seu povo, depois dos seis dias designados para o trabalho humano.
O mandamento do sábado requer que os homens o santifiquem (Êxo. 20:8). Já notamos que o sábado deriva sua santidade de um ato de Deus na criação (ver Gên. 2:3; Êxo. 20:11). A ordem de Deus para santificar o sábado é tanto um preceito como um convite, e abrange: 1) seguir o exemplo de repouso divino; 2) reconhecer o exemplo dado pelo Criador; 3) aceitar a dádiva do descanso de Deus todo sétimo dia; 4) participar do repouso divino; e 5) abster-se do trabalho e das atividades próprias dos seis dias durante os quais os seres humanos devem trabalhar e fazer toda a sua obra. Na realidade, “a cessação do trabalho no sétimo dia equivalia a um rito de comunhão com o Criador cósmico”.8 Afinal de contas, é o que Deus tem feito pelo homem que leva o homem a santificar o dia de sábado, deixando de lado todas as atividades comumente relacionadas com a sua subsistência. Deus proveu generosamente tempo suficiente, nos seis dias da semana, para essas atividades. A dádiva dos seis dias de labuta intencional cada semana, é seguida pelo sábado do sétimo dia, uma dádiva maior de tempo sagrado em que o homem é liberto dos cuidados normais da vida. Em poucas palavras, o sábado é a dávida divina de tempo sagrado, santificado e reservado por Deus para o homem, a fim de prover descanso da labuta, liberdade para companheirismo e comunhão tanto com Deus como com os semelhantes, e um antegozo semanal do repouso pelo qual anseia toda a criação (cf. Isa. 66:22 e 23; Heb. 4:1-10).
Uma Dádiva de Libertação que Redime
Às vezes alguns afirmam que o sábado foi instituído por ocasião da entrega da lei no monte Sinai. Mas Israel guardou o sábado e aprendeu seu significado antes da experiência do monte Sinai. Êxodo 16 indica claramente que Israel era brindado com a miraculosa dádiva do maná para o sustento físico em cada um dos seis dias de trabalho da semana. O maná manteve Israel vivo depois de seu livramento da escravidão egípcia, e deu ensejo para renovar em sua memória a maior dádiva: o sábado do sétimo dia. Pois no sábado não caía nenhum maná, para ensinar ao povo de Deus que a libertação física constitui apenas o prelúdio da experiência do sábado, quando a redenção é celebrada como dádiva de Deus. O sábado é a “festividade do sábado” (Êxo. 16:23; sabbaton), e não um dia de tabus, jejum e lamentação. Tem uma índole festiva, destinada, em sua celebração, a expressar alegria, felicidade e satisfação.
Também é admirável que o sábado foi designado para lembrar a Israel que “foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão poderosa, e braço estendido: pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Deut. 5:15). Este texto elabora o aspecto soteriológico do sábado. Em Êxodo 20:11, a criação efetuada por Deus e Seu subsequente descanso são apresentados como razão motivacional para celebrar o sábado como sagrado; em Deuteronômio 5:15, o divino ato da redenção e libertação é citado como razão motivacional para a celebração do sábado. Precisamos ter em mente que o Êxodo é um ato de “criação” no qual um povo é trazido à existência (cf. Isa. 43:1 e 7), constituindo assim uma analogia da criação efetuada por Deus no princípio, quando o mundo foi trazido à existência. O ato criador do libertamento da servidão deve ser lembrado, celebrado e experimentado novamente por todo aquele que observa o sábado. O próprio crente é uma nova criação e passa a estar ligado ao povo de Deus, o corpo de Cristo. Por conseguinte, no dia de sábado nós nos estamos recordando e lembrando de nosso Criador, o qual atuou na criação do mundo físico (ver Gên. 1:1 a 3; Êxo. 20:11) e agiu novamente na criação de Seu povo (ver Deut. 5:15) e em nossa própria recriação. O sábado é um dia de presente, comemorando a criação do mundo e do homem, do povo de Deus e de nossa própria recriação individual para a nova vida nEle.
Este aspecto de libertação do sábado se estendia a toda a família, incluindo as pessoas de posição inferior, como os servos e as servas (ver Êxo. 20:10). No sábado, todos na sociedade, altos e baixos, residentes e forasteiros, devem repousar juntos. Esta libertação do trabalho e liberdade para descansar torna iguais todos os seres humanos, seja qual for a sua posição na vida. No sábado os homens são iguais diante de Deus e na sociedade. Como tal, o sábado é uma antecipação atual da eliminação escatológica de toda espécie de desigualdade. Já mesmo aqui e no tempo presente, o sábado constitui uma dádiva e aponta para a libertação dos seres humanos de todos os tipos de injustiças e desigualdades sociais.
Uma Dádiva de Posse
Uma vez tendo criado Seu povo no evento libertador e redentor do Êxodo, Deus prontificou-Se bondosamente a manter uma profunda relação de concerto com eles, a fim de prover-lhes o poder e os meios para continuarem sendo um povo liberto, resgatado e livre, sob a direção divina. Uma parte fundamental desse concerto redentor concedido a Israel no monte Sinai (ver Êxo. 19 a 24), foram os Dez Mandamentos, no centro dos quais está o mandamento do sábado. De acordo com Êxodo 31:13, o sábado se destaca como “sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o Senhor, que vos santifica” (cf. Ezeq. 20:12 e 20). Aí é revelado que o sábado constitui o “sinal” do concerto de Deus entre Ele e Seu povo, o qual deve observar o sábado “por aliança perpétua nas suas gerações” (Êxo. 31:16).
A natureza do sábado como “sinal” se relaciona tanto com Deus como com o homem. Assim como o arco-íris é uma garantia perpétua de que Deus nunca mais destruirá toda a carne sobre a Terra num dilúvio universal (ver Gên. 9:13 e 15), o sábado também é um “sinal” e “garantia” pelo qual Deus, em Sua graça eficaz, nos assegura que santificará Seu povo. Visto que o sábado faz parte do concerto que estabelece a benéfica relação entre Deus e Seu povo, tem-se salientado que “o Criador estampou na história do mundo o sinal do sábado como Seu selo de propriedade e autoridade”.9 Com efeito, o mandamento do sábado identifica: 1) o Senhor do sábado como Criador (Êxo. 20:11; 31:17); e 2) a esfera de Seu domínio e autoridade — “os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há” (Êxo. 20:11). O sábado atua como “sinal” ou “selo” pois tem as típicas características dos selos que ratificavam antigos documentos de convênios internacionais no Oriente Próximo. Esta natureza do sábado como sinal ou selo possibilita que o verdadeiro observador do sábado reconheça a Deus como Criador e Recriador que tem domínio e autoridade sobre toda a criação e também sobre esse próprio indivíduo.
Ao guardar o sábado, o crente manifesta que pertence inteiramente a Deus e a Seu povo que guarda os mandamentos. Assim o sábado é um sinal que comunica a singular relação entre Deus e os que Lhe pertencem, sendo que Ele é tanto seu Deus do concerto como seu santificador.
O desígnio do Novo Concerto não é ab-rogar ou abolir o velho concerto e a lei; ele renova o verdadeiro propósito do concerto e interioriza a lei (ver Jer. 31:31-34). O velho e o novo concertos têm a mesma lei. Não há nada de errado com a lei. O concerto feito com Israel ficou velho porque a lei continuou sendo alguma coisa exterior para os israelitas; no Novo Concerto Deus escreve a lei no coração (v. 33), interiorizando-a, e tornando-a uma parte do íntimo das pessoas, para que a aceitem e assimilem, e vivam de dentro para fora. No Novo Concerto, a lei, com o sábado no centro, não se contentará com mera obediência mecânica e atitudes sem vida, e, sim, com a nova vida do Espírito (ver Rom. 7:6), que conduz a genuína, profunda e autêntica obediência e culto prestados de todo o coração. A observância do sábado constitui uma resposta de amor, da parte do cristão, à grandeza de Deus e a Seus propósitos criativos, libertadores e santificadores cumpridos no abundante dom da vida para serviço pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo. A observância do sábado revela que a pessoa pertence a Deus e a Jesus Cristo, o Senhor do sábado.
O sábado é, portanto, um período sagrado que vincula o passado, o presente e o futuro. Ele provê tempo para profunda comunhão e companheirismo com o Senhor da vida. Proporciona uma experiência atual de renovação, redenção e libertação. Traz alegria e paz, e liberta o crente para o culto a Deus e para o serviço a Ele e aos semelhantes. O sábado transforma as realidades presentes, apontando para a prometida realidade futura de um novo céu e de uma nova Terra não perturbados pelo pecado.
Referências
1. Ver J. H. Meesters, Op zoek naar de oorsprong van de sabbat (Assen. 1966): W. Rordorf, Sunday (Filadélfia. 1968). págs. 19-24; N. E. Andreasen, The Old Testament Sabbath (Missoula, 1972), págs. 1-16; N. Negretti, II Settimo Giorno (Roma, 1973), págs. 31-108.
2. H. L. Ginsberg, “Poemas sobre Baal e Anath”, em J. B. Pritchard, ed., Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament (Princeton, N.J., 1955), págs. 137 e 138; E. A. Speiser, “The Creation Epic”, em Pritchard, Ancient Near Eastern Texts, págs. 68 e 69.
3. H. W. Wolff, Antropology of the Old Testament (Filadélfia, 1981), pág. 131.
4. G. H. Waterman, “O Sábado”, The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible (Grand Rapids, Michigan. 1975), vol. 5, pág. 183.
5. Este número vem do Rabi Johanan e de R. Simeon ben Lakish, ver G. F. Moore, Judaism in the First Centuries of the Christian Era (Cambridge, Mass., 1962), vol. 2, pág. 28. Cf. E. Lohse, Theological Dictionary of the New Testament (Grand Rapids. Michigan. 1975), vol. 7, págs. 4-14, para um estudo conciso sobre o desenvolvimento das leis judaicas sobre o sábado.
6. Para um penetrante estudo sobre os antecedentes e a mudança do sábado para o domingo, ver Samuele Bacchiocchi, From Sabbath to Sunday: A Historical Investigation of the Rise of Sunday Observance in Early Christianity (Roma. 1977).
7. Em 1961 o Papa João XXIII publicou a Encyclica Mater et Magistra, na qual é declarado: “A Igreja Católica decretou por muitos séculos que os cristãos observem este dia de descanso no domingo…” (em The Papal Encyclicals in their Historical Context, ed. A. Fremantle /Nova Iorque, 1963/, pág. 384).
8. S. Terrien, The Elusive Presence: Toward a New Biblical Theology (Nova Iorque, 1978), pág. 391.
9. M. G. Kline, The Structure of Biblical Authority (Grand Rapids, Michigan. 1972), pág. 120.