Roy Allan Anderson
Foi por muitos anos diretor da revista Ministry e secretário da Associação Ministerial da Associação Geral

O cristianismo veio ao mundo num tempo em que a filosofia e a razão exerciam o poder supremo. As religiões dos gregos e romanos eram pouco mais do que um foco de controvérsias. O argumento universal, mesmo na praça do mercado, era amor e paz, mas havia pouco amor e menos paz. Sob muitos aspectos era um mundo agitado e sem amor. O conforto era algo quase desconhecido, exceto para os abastados, os quais eram os únicos que podiam usufruir as comodidades que possibilitavam o conforto.

Um dia, então, um homem chamado Jesus penetrou nesse emaranhado de ideias e debates. Ele desafiou todo conceito de mera sabedoria humana. Habitou entre os homens como o maior Mestre que o mundo já conheceu. E fez mais do que ensinar: Ele viveu Sua mensagem. Não arrazoava com os filósofos: simplesmente os amava. Também amava os pobres e os proscritos.

Ele era Deus na carne. Os homens ou O odiavam violentamente ou O amavam ardorosamente. Alguns O chamavam de impostor, blasfemo, possesso do demônio; mas outros sabiam que era o Filho do Deus Vivo. Aos que se apegavam a Suas palavras, Ele dizia: “Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.” S. Mat. 11:28 e 29.

Ele veio dar descanso espiritual. Os que atenderam a Seu conselho e mais tarde foram batizados por Seu Espírito transtornaram o mundo. Ele deu uma nova dimensão à vida. E pouco antes de partir para retornar a Seu Pai — o grande Deus do Universo — Ele disse: “Vou para o Pai”, contudo “não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” Além disso, “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize’ .

Seus ensinos, cheios de conforto e compaixão, suscitaram as influências que edificaram a Igreja cristã. Eles ocasionaram nova compreensão entre os homens e as nações, e aonde quer que vá o Seu evangelho, os resultados são estupendos. Amor e paz, que o mundo pré-cristão debatia filosoficamente, tornaram-se uma extraordinária realidade na vida de todos os que aceitaram os ensinos de nosso Senhor.

Neste mundo hodierno dilacerado pela tensão, nós também necessitamos de um ministério de Conforto. Nosso mundo está cheio de temor, e muitos, torturados e atormentados por inominável temor, são incapazes de analisar seus próprios problemas. Vencidos por uma tirania interior, não têm segurança. Anseiam por alguém que lhes descubra os complexos ocultos e os liberte. Necessitam de conselheiros sábios e compreensivos, de pessoas que conheçam o significado interno do conforto.

Um dos títulos proféticos de Cristo é: “Maravilhoso Conselheiro.” De que maneira gloriosa Ele cumpriu essa perdição! Verdadeiramente, era o “Deus forte”, cuja palavra dominava os ventos e as ondas, e em cujas mãos foi o pão multiplicado para alimentar milhares de famintos; mas Ele era, com maior frequência, o Conselheiro, falando calmamente a uma única alma, deslindando o emaranhado fio da vida, e libertando-a. Era de fato um Maravilhoso Conselheiro! Ele Se “compadecia do ignorante e dos que estavam fora do caminho”. E a compaixão é a base de toda a verdadeira moralidade.

O povo sofre de toda espécie de complexos. Incapazes de compreender a si mesmas, muitas pessoas que de outro modo são boas, com frequência são espiritualmente anormais e mal-ajustadas. Precisam de alguém que as livre da contradição de sua própria natureza. E quando encontram alguém que as pode entender, a ele são atraídas como a um ímã. Este é o motivo de o povo correr para Jesus. Ele os compreendia. Tomava tempo para lhes estudar as necessidades. Era Amigo dos que não tinham amigos. Tinha uma técnica simples mas maravilhosa para ajudar o aflito e oprimido.

Jesus Libertava os Homens

“Os aflitos que iam ter com Ele, sentiam que ligava com os próprios, o interesse deles, como um terno e fiel amigo, e desejavam conhecer mais das verdades que ensinava. O Céu era trazido perto. Anelavam permanecer diante dEle para terem sempre consigo o conforto de Sua presença.” — O Desejado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 231.

Era a Sua amigável simpatia que lhes cativava o coração e elevava o espírito. “Ao conduzir almas a Jesus, deve haver conhecimento da natureza humana e estudo da mente humana”, diz Ellen White (Review and Herald, 10 de outubro de 1882, pág. 625).

Esse conhecimento da natureza humana, junto com o conhecimento de Deus, é o maior conhecimento que o homem possui. Muito maior preparo e infinitamente maior habilidade são requeridos para ler uma mente do que para ler uma folha de balanço. Foi declarado a respeito do Mestre: “/Ele/ os conhecia a todos. E não precisava de que alguém Lhe desse testemunho a respeito do homem, porque Ele mesmo sabia o que era a natureza humana.” S. João 2:24 e 25. A tradução de Moffatt reza: “A todos conhecia, e não precisava de evidências de ninguém quanto à natureza do homem; Ele conhecia muito bem o que havia na natureza humana.”

Jesus veio como uma nova revelação de incomparável poder moral. Veio para recriar o homem mental, física, social e espiritualmente. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”, disse Ele (S. João 10:10). No Seu ministério a vida tocava a vida, a chama acendia outra chama. Contudo, Ele não era uma personalidade que dominava o povo. “Sua palavra era com autoridade”, mas Seu poder era o que levantava o homem. Levantava-o do pó do desânimo, da desilusão, da doença, e até mesmo da morte. Quando Se movia por entre a multidão, estava “cheio de graça e verdade”. Proferia palavras de graça e sabia como proferi-las atraentemente. “Todos… se maravilhavam das palavras de graça que Lhe saiam dos lábios.” S. Luc. 4:22.

Graça é mais do que um dever cumprido. É a maneira de cumprir um dever. A gentileza pode ser cultivada. Mas a benignidade é a expressão não restringida de uma alma que se esquece de si mesma. Jesus não foi enclausurado em algum lugar inacessível; movia-Se no meio do povo; entre todas as espécies de pessoas — tanto entre os membros da igreja como entre ,os proscritos. Chamavam-nO “amigo dos publicanos e pecadores”. Isso era verdade, pois realmente era Amigo deles.

Ele veio para libertar o homem de suas maneiras acanhadas e restritas de pensar. E, como Seus embaixadores, devemos seguir-Lhe as pisadas. Eram os fariseus um grupo muito singular. Formas e cerimônias, tradições e códigos, o que comiam e como se lavavam, constituíam grande parte de sua religião. Quão revolucionário deve ter parecido quando Jesus disse: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas, o que sai do homem é o que o contamina.” S. Mar. 7:15. Ele não estava, porém, dando ao homem permissão para comer e beber toda e qualquer coisa. Ele mesmo recusou uma droga paliativa, quando estava morrendo na cruz. Queria, porém, salientar que o homem é mais contaminado pelo que pensa e diz, do que pelo que come e bebe.

A Influência da Mente Sobre o Corpo

Tem a mente maior influência sobre o corpo do que muitos pensam. Não somente as boas combinações de alimentos, mas as boas combinações de pensamentos fazem parte da verdadeira reforma pró-saúde. You Are What You Eat (“Vós Sois o que Comeis”) é o título de um livro sobre o assunto do regime alimentar, e isso, até certo ponto, é certo. Mas a Escritura diz: “Como imagina em sua alma, assim ele é.” Prov. 23:7. As pessoas fazem as coisas que fazem porque pensam as coisas que pensam.

Milhões hoje em dia pertencem a uma geração que virtualmente voltou as costas a Deus. Muitos estão nas garras do temor, sendo torturados e atormentados por seus próprios pensamentos. Tendo perdido de vista a Deus em sua vida, ou não O conhecendo, não sabem para onde se virar em busca de segurança.

Certo escritor apresenta o caso de maneira muito clara quando diz: “Somente os ‘iniciados’ podem compreender os incontáveis temores, os fantasmas e duendes que olham pelas janelas a dentro de espíritos tão angustiados. Podem eles ser imaginários e talvez mais tarde possamos rir-nos deles, mas são suficientemente reais enquanto perduram.”

Então ilustra o ponto com a história de um homem idoso que, repentinamente, verificou certa noite estar num cemitério, e fugindo precipitadamente caiu sobre as lajes dos sepulcros e se arranhou terrivelmente entre as sarças e arbustos. No dia seguinte, ao ouvir alguém sua história, disse-lhe sorrindo: “O Senhor não sabe que os fantasmas não lhe podem fazer mal?” “Eu sei isso — respondeu a vítima — mas eles podem fazer a gente machucar-se a si mesmo.”

Todos Necessitam de Orientação e Simpatia

Não é o problema real, mas o problema aparente, que com maior frequência aflige essas almas infelizes. Censurar as pessoas, ou, pior ainda, ridicularizá-las por seus temores imaginários, não resolve o problema. O que elas necessitam é de uma alma bondosa, compassiva, suficientemente sábia para ajudá-las a analisar seus problemas, bastante paciente para auxiliá-las a pôr um novo fundamento sobre o qual erigir um templo de paz. Tal conselheiro e consolador precisa ser sadio espiritualmente, intelectualmente são, habilitado fisicamente, e socialmente irrepreensível.

Mas o que está abalado dos nervos e o que está fisicamente alquebrado não são os únicos que necessitam de conselho. Nossa juventude também necessita de orientação. As três decisões mais importantes da vida de uma pessoa jovem são: decidir-se em favor de Deus, decidir sua vocação, e decidir quem deve ser seu companheiro na vida. Essas descobertas não são fáceis de fazer, e a última não é menos importante. Nós as colocamos nesta ordem porque geralmente seguem esta sequência. Os jovens navegadores nem sempre estão inteirados de quão traiçoeiros são os mares em que estão velejando. Necessitam de um piloto, de alguém que os guie, de alguma alma bondosa que os possa ajudar a fazer estes três ajustes na vida. Cada igreja necessita de uma clínica para conselhos vocacionais e sociais. E tal conselho deve ser acessível, capaz, digno de confiança e razoável. Talvez o pastor não esteja habilitado a cumprir todos esses requisitos, mas deve estar suficientemente familiarizado com os problemas para saber onde conseguir o auxílio de que seu povo necessita.

Então há os mais idosos, que necessitam de orientação. Com as mudanças tecnológicas que ocorrem tão rapidamente, é difícil para as pessoas idosas acompanharem os novos desenvolvimentos. Ademais, muitos 

não tiveram as vantagens educacionais das gerações mais novas. Outra causa de desajuste é a rápida transição de uma sociedade agrária para uma sociedade industrializada. Muitas pessoas, especialmente as mais idosas, começaram a vida numa zona rural, mas hoje se encontram numa zona urbana, num ambiente diferente do seu antigo preparo e experiência. Na própria época em que a ciência tem tornado possível mais pessoas ficarem mais velhas, as mudanças nas normas básicas de nossa cultura estão trazendo dificuldades para os de mais idade.

Então há muitas almas solitárias que perderam seu companheiro ou companheira na vida. Agora o futuro tem pouco interesse para elas. Ouvem as vozes agora silentes, e na quietude da noite suas orações ascendem a Deus em busca de auxílio e conforto.

Como embaixadores Seus, devemos lidar bondosamente com as pessoas idosas, com o que está solitário e com os entristecidos. Essas personalidades vencidas, atormentadas por tensões e conflitos, precisam conhecer a presença permanente de Deus. Precisam de nosso cuidado especial. Com quanta frequência, porém, os que mais necessitam de amor e simpatia são os que menos recebem! Talvez seja porque os mais necessitados frequentemente se encontram em tal situação que quase não podem retribuir. Portanto, o resultado natural é serem negligenciados. Mas é privilégio do pastor ajudar essas almas desafortunadas a se tornarem uma parte da comunhão do serviço.

10 Sugestões Para os Conselheiros

1. Nunca pareçais impacientes.

Jesus sempre estava ocupado, mas nunca tão ocupado que não pudesse falar com uma alma atribulada. Embora seja sensato contar nosso tempo, são as almas mais preciosas do que ele. “Melhor é salvar uma vida que economizar um minuto.” Quantas almas sensíveis têm sido abaladas pela atitude inquieta e impaciente daquele a quem se dirigiram em busca de conselho! Consultar o relógio cada um ou dois minutos, enquanto fala com uma alma atribulada, é coisa imperdoável. O Mestre, que podia passar todo o dia com uma alma necessitada e toda a noite com um príncipe da sinagoga, foi quem disse: “Não há doze horas no dia?” A Escritura diz: “Aquele que crê não se apresse.”

2. Sede compassivos.

As almas atribuladas necessitam de simpatia — tanto de ouvidos compassivos como de palavras de simpatia. E às vezes tudo que se necessita é de tuna compassiva audiência. “O Senhor nunca saberá quanto me ajudou”, disse uma alma aflita no fim de uma entrevista de três horas. No entanto, tudo que eu fizera fora ouvir com simpatia. Raramente enunciara uma palavra, mas era evidente que o jogo se tornara suave e o fardo leve. Era a simpatia do Salvador que Lhe dava acesso aos corações. Lemos em Testimonies, volume 9, página 30: “A verdadeira expressão de piedosa simpatia, dada com simplicidade, tem poder para abrir a porta dos corações que necessitam do toque simples e delicado do Espírito de Cristo.”

Profunda tristeza sobreveio certa noite a um lar cristão — uma menina de menos de dois anos de idade morrera. Na manhã seguinte, a irmã mais velha, que contava seis anos de idade, correu para sua professora da Escola Sabatina, que não morava muito longe dali, e banhada em lágrimas disse: “Oh, professora, uma coisa terrível aconteceu na noite passada — minha irmãzinha morreu. E eu vim aqui para que a senhora chore comigo.” Ela sabia para onde se dirigir em busca de verdadeiro conforto e simpatia. É um dom maravilhoso ser capaz de chorar com os que choram.

3. Sede bons ouvintes.

Ouvir é uma arte que todo conselheiro deve cultivar. É mais fácil para o pastor pregar do que ouvir, porque pregar centraliza-se no pregador, ao passo que ouvir centraliza-se no paroquiano. Ser bom ouvinte requer paciência, coragem e discrição. “Um dos maiores valores de um conselheiro é o de saber bastante para guardar silêncio”, assim escreveu um amigo noutro dia. E ele está certo. “O conselheiro precisa estar familiarizado com o silêncio.”

A verdadeira arte de aconselhar é a habilidade de fazer as perguntas certas, no tempo certo e de modo certo. Mas a única razão de fazer as perguntas é obter as respostas. A resposta pode dar-vos o fio do problema. “Nada fiz senão ouvir”, respondeu alguém que estava surpreso quanto à mudança de atitude da parte de alguém que ele estava procurando ajudar. Não somente era essa a melhor coisa a fazer; era a única coisa a fazer. Treinar-nos para ouvir de maneira criativa é vital ao êxito.

Se alguém pode ouvir passivamente (em silêncio), então ativamente (fazendo perguntas sábias), e depois de maneira interpretativa (explicando as causas fundamentais), está habilitado a dar a segurança tão necessária no tempo da dificuldade.

4. Sede observadores.

Observai para obter indicações. A chave de todo o problema pode revelar-se em algum pequenino ato ou atitude. Saber como penetrar no coração, é uma ciência, e uma ciência que vale a pena estudar. “Jesus observava com profundo interesse as mutações na fisionomia dos ouvintes.” — O Desejado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 231. Ele estudava, e sempre podia pôr o dedo no fator determinante. Ao lidar com o povo, lembrai-vos de que a única lei digna de confiança na natureza humana, é a de que não há lei em que se possa confiar. Estai, portanto, prontos para qualquer coisa.

5. Sede generosos.

Lembrai-vos de que todas as dificuldades são grandes para aqueles que com elas estão relacionados. Não menosprezeis o problema pondo-o de lado, como se pouca importância tivesse. É certo analisá-lo e ajudar a alma atribulada a vê-lo na devida luz, mas exibir um ar de superioridade e dar a impressão de que toda essa coisa é insignificante, significa fracasso. Não fora ela grande para a pessoa envolvida, e nunca a teria trazido ao pastor. A atitude de indiferença somente fere e levanta uma barreira. E o conselheiro bondoso dará a impressão de que, pelo menos no momento, é esta a coisa mais importante e mais crítica do mundo. Nunca indicará por um ato, e nem mesmo por um ligeiro olhar, que isso está fora de sua cogitação. Jesus declarou que nosso Pai celestial Se interessa até mesmo pela morte de um pardal.

6. Nunca pareçais assustados.

Por mais estranha e confusa que seja a situação, nunca deis a impressão de que é particularmente fora do comum. A natureza humana age às vezes de maneira estranha, mas o conselheiro pode consentir em ser cego para com algumas coisas. Pendendo da parede de minha sala de estudos, há um quadro desenhado por meu irmão artista antes que ele perdeu a vida servindo a seu país. É o quadro de uma meninazinha que acaricia uma boneca quebrada, com afeição infantil. É um pobre caco de boneca — não tem cabelo, só tem uma perna e a metade de um braço. No entanto, ocupa um lugar especial em seu coração. Por baixo estão as significativas palavras: “O Amor é Cego.” Que verdade!

7. Demonstrai prontidão em partilhar das dificuldades.

Lembrai-vos de que as dificuldades não partilhadas minam a alma. Davi disse: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos.” Com quanta frequência se dá que quando alguém começa a explicar suas dificuldades, na realidade ele as afugenta! Partilhá-las torna-se diáfanas. O temor de assombração desaparece quando alguém tenta traduzi-lo em palavras. Sua própria incerteza é sua força. Visto que os temores são mal definidos, parecem terríveis. Mas são destruídos ao serem partilhados.

8. Jamais quebreis um segredo.

Nada é mais desanimador do que o indivíduo que não pode guardar um segredo. Pode haver ocasiões em que a informação deva ser partilhada com outros. Mas nunca divulgueis um segredo sem primeiro obter permissão. “Bem, que devo fazer com essa informação incriminadora?” disse eu, depois que uma alma acabou de falar, desabafando o coração. “Oh, não diga nenhuma palavra”, disse ela. “Mas, se eu guardar silêncio, o problema nunca será resolvido”, respondi-lhe. “Oh, faça o favor de guardar o meu segredo. Não deixe ninguém saber”, foi o pedido de sua alma. “Dei-lhe minha palavra”, disse-lhe eu, “e me pode manter sobre essa promessa enquanto quiser. Mas eu devia transmitir essa informação, se é que esperamos melhorar a situação.” Então lhe fiz uma sugestão. “Oraremos agora sobre esta questão”, disse-lhe eu”, e deixarei com a senhora dizer-me quando posso transmiti-la. Nós ambos oramos. No dia seguinte, ela voltou, dizendo: “Estive orando sobre essa questão, e vejo tudo isso agora justamente como o Senhor. Pode usar a formação quando e da maneira que julgar necessário.” Eu o fiz; e essa informação evitou uma dupla tragédia. Mas, até ter permissão para revelar a história, era meu dever guardar seu segredo. A capacidade de guardar um segredo ins-pira confiança.

9. Vede além do problema atual.

O verdadeiro pastor-conselheiro não vê a pessoa em seu estado presente, e, sim, como poderá estar sob a graça de Deus. Vê naquele que a ele se achega não uma alma espezinhada, desanimada, ferida pelo pecado, mas antes uma alma que pode, sob o impacto da graça divina, tornar-se um santo de Deus; e, como um verdadeiro médico espiritual, começa a aplicar ao coração ferido o bálsamo de Gileade.

“Em cada ser humano, apesar de decaído, /Cristo/ contemplava um filho de Deus, ou alguém que poderia ser restaurado aos privilégios de seu parentesco divino…. Em cada ser humano Ele divisava infinitas possibilidades. Via os homens como poderiam ser, transfigurados por Sua graça — ‘na graça do Senhor nosso Deus’. (Sal. 90:17). Olhando para eles com esperança inspirava-lhes esperança. Encontrando-os com confiança, inspirava-lhes confiança. Revelando em Si mesmo o verdadeiro ideal do homem, despertava para a consecução deste ideal tanto o desejo como a fé.” — Educação, págs. 79 e 80.

10. Reconhecei a dignidade da personalidade humana.

Ao passo que sentis a gravidade do problema ou a aparente falta de esperança de uma situação, tende a certeza de não demonstrar por uma palavra, ou mesmo pelo tom da voz, que a pessoa está fora de esperança. Um dos grandes segredos do êxito do Salvador era Sua habilidade em inspirar esperança no abatido e no carregado de pecados. Por mais afundado que alguém possa estar no pecado e na devassidão, deve o conselheiro determinar-se a inspirar confiança. Quanto à obra do Salvador, lemos: “Em Sua presença reconheciam as almas desprezadas e caídas que ainda eram homens, e almejavam demonstrar-se dignos de Sua consideração.” O Espírito de Deus pode despertar em corações que parecem mortos para todas as influências santificadas o desejo de alcançar uma nova vida. Devemos estudar como inspirar confiança em si mesmos, e especialmente no Deus vivo.

O Mestre via as pessoas, não como eram, e, sim, como poderiam ser por Sua graça.