Davi D. Dennis
Diretor do Serviço de Revisão de Contas da Associação Geral
Como é avaliado o valor de uma alma?
A economia de nossa sociedade muitas vezes nos obriga a fazer malabarismos com as nossas prioridades e a procurar dirigir as finanças de acordo com isso. Tal é verdade, quer sejamos administradores de Associação ou União, avaliando as diversas necessidades de igrejas, instituições e compromissos; o pastor de uma congregação, esperando terminar o ano com o orçamento da igreja equilibrado; ou um tesoureiro da Associação Geral ou de alguma Divisão, procurando distribuir fundos mundiais onde sejam mais eficazes. Com todas as demandas competitivas de tempo e dinheiro, como vamos computar quanto devemos gastar para alcançar os perdidos? Que valor devemos dar ao indivíduo que não conhece a Jesus Cristo? Por nós mesmos é difícil sabê-lo. Mas o Céu nos proveu uma resposta: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito.” S. João 3:16. O Céu não reteve coisa alguma; ele não podia dar mais. Nem foi o Salvador sozinho que pagou o preço final. “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo.” II Cor. 5:19. Deus sofreu com Seu Filho. Na agonia do Getsêmani, na morte do Calvário, o coração de infinito amor pagou o preço de nossa redenção. Só quando temos em mente o exemplo divino podemos começar a compreender o imenso e incalculável valor de uma alma.
Concordamos facilmente com essa lógica. Quando enfrentamos, porém, a dura realidade de um orçamento desequilibrado e as pressões para enfrentar tantas e prementes necessidades do evangelho, muitas vezes relutamos em aumentar nossos gastos com o evangelismo direto. Queremos aplicar nossos fundos em programas em prossecução. Há tantas necessidades! Nossa escassez se multiplica ao pensarmos não somente nos numerosos projetos em que já estamos envolvidos, mas também nos vastos campos missionários em que os recursos ainda são tão poucos.
Com a inflação corroendo as nossas reservas, frequentemente é considerado prudente restringir nosso investimento em evangelismo público e pelos meios de comunicação. Como contador e administrador financeiro, muitas vezes tenho sentido essas pressões para reduzir e cercear. Sem dúvida, para ser responsáveis financeiramente, não podemos deixar de reconhecer a importância de examinar duas ou mesmo três vezes os nossos orçamentos para assegurar que os fundos dedicados à obra do Senhor não estão sendo gastos insensatamente naquilo que não é proveitoso. No entanto, nestes dias finais da turbulenta e pecaminosa história terrestre, estou persuadido de que precisamos expandir cuidadosamente nossos esforços e dispêndios evangelísticos diretos.
Minha convicção, mesmo como administrador, é que o evangelismo realmente não é dispendioso; ele compensa. Confesso que meus sentimentos para com seu valor se modificaram através dos anos. Creio que enquanto alguém não se empenha diretamente no evangelismo, não pode apreciar devidamente o seu valor.
Desde o tempo em que eu fazia o curso comercial no colégio, tenho ficado impressionado com os desafios das campanhas evangelísticas. Mas, como acontece com tantas ambições plausíveis, deixei que os anos fossem passando. Abafei o anseio de realizar evangelismo público com o débil pretexto, embora repetido com frequência, de que os obreiros de escritório não tinham tempo nem aptidão para as asperezas do evangelismo. Minha vida como administrador, tesoureiro e revisor de contas estava tão repleta de responsabilidades prementes que meus sonhos dourados de realizar reuniões públicas foram esmorecendo. Em vez de visitação pessoal, assisti a inúmeras comissões e mesas administrativas; havia orçamentos para serem equilibrados, em lugar da realização de batismos; reuniões de oficiais substituíram os estudos bíblicos; passei a promover a fidelidade no apoio financeiro em vez de apelos para entrega; produzi relatórios financeiros em lugar de sermões evangelísticos.
Não estou dizendo que as funções rotineiras da administração não sejam importantes. Não creio absolutamente que isso seja verdade. Contudo, parece ser tão fácil nos esquivarmos do propósito primordial da Igreja por causa dos necessários serviços de apoio.
Finalmente, há mais de uma década, resolvi enfrentar as linhas de frente. Comecei a fazer uma visita anual aos campos de colheita do evangelismo. Minhas primeiras experiências ocorreram nos territórios missionários que nos circundavam durante nosso serviço no Oriente. Hoje visitamos campos necessitados da América do Norte.
Confiando plenamente nas promessas de Deus para orientação e amparo, simplesmente deixo de lado, temporariamente, o trabalho que no passado parecia ser tão urgente, e me lanço numa série regular de evangelismo público, de três a quatro semanas de duração. Como sou agradecido aos numerosos pastores locais, cuja rotina diária os mantém em contato direto com as almas que necessitam da salvadora graça de Jesus! Eles têm sido um grande estímulo e inspiração para mim ao procurar labutar ao seu lado. Depois de cada campanha há novas almas conquistadas para o reino. Estas têm inundado de amor o nosso coração, e oramos em seu favor ao labutarmos em prol de outros em nossos próprios círculos de familiares e amigos. Então, ao voltar ao escritório após a campanha, eu avalio o custo. Para minha surpresa, sempre há um grande lucro! Como isso é possível? O círculo cresce, e cada novo converso a Cristo se torna um doador de seu tempo, de seus talentos e de seus meios. Faz algum tempo recebi um periódico que trazia notícias do Extremo Oriente. Um artigo falava do trabalho de estudantes missionários do Colégio Mountain View, no Sul das Ilhas Filipinas. Podeis imaginar como eu me senti quando li que Frankie Cruz, que fora batizada alguns anos antes, durante uma série de reuniões que realizei na Ilha de Leyte, agora fazia parte de um grupo de jovens que preparam cinqüenta pessoas para o batismo nas solitárias florestas de Mindanao?
E assim que o evangelismo compensa. É um círculo que se amplia cada vez mais. O evangelismo compensa financeiramente. Os dízimos aumentam, e se multiplicam as ofertas para fins evangelísticos. Mas ele compensa de um modo muito mais importante. Novos membros e amigos ingressam no redil de nosso amor, de nosso interesse e de nossas orações. Por sua vez, eles, como Frankie Cruz, estendem a mão para outros, num amplexo que se dilata cada vez mais. Não há maior dividendo do que este, tanto para o indivíduo envolvido no evangelismo como para a igreja.
Quanto vale uma alma? Uma alma vale o preço que Jesus pagou — tudo o que Ele era. E é isso que o evangelismo custa para nós — tudo o que temos e somos. Mas o evangelismo não somente custa alguma coisa. Ele também compensa. E a compensação é proporcional ao custo. Ao examinar minha própria alma, convenço-me de que não tenho dado a mim mesmo e de meus recursos da maneira como devo fazer — como a hora avançada em que vivemos o requer. Sei que o evangelismo paga ricos dividendos, e desejo dar como alguém que realmente crê que Jesus voltará em breve.