Introdução

Os símbolos dados nos serviços do tabernáculo, à noite o fogo e a coluna de nuvem durante o dia, faziam o povo lembrar-se constantemente da presença de Deus. Desde a criação do homem, Deus tem procurado dar-lhe uma imagem clara e distinta de Sua presença. Através de Seus muitos profetas manteve uma presença representativa.

Deus sempre anela manifestar-Se a Seu povo face a face. Depois da entrada do pecado, Deus usou Seus profetas, sacerdotes e pastores para manter viva na mente do povo a realidade de Sua existência. É dever do ministro manter-se diante do povo. Isto se dará realizando um contato pessoal mais estreito com o povo de Deus.

O Dr. J. D. Ronking, clérigo presbiteriano, disse a um pastor: “O presbitério põe-lhe nas mãos não somente o púlpito, mas também os lares da congregação. Será um pastor, além de ser um pregador. Isto requer o contato pessoal. No púlpito verá os rostos da congregação; em seus lares lerá seus corações. No púlpito obterá sua admiração, nos lares obterá seu amor. No primeiro, as crianças o encararão com assombro; no lar porão o coraçãozinho em suas mãos com inquebrantável confiança. Ao mesclar-se com as pessoas em seus lares, o poder do púlpito será grandemente multiplicado. O pastor que é invisível durante a semana, é incompreensível no sábado.”

Exemplo de Cristo Como Visitador

O Mestre andava com as pessoas, sem apartar-Se como os sacerdotes de Seu tempo. Estes se perdiam em pormenores relativos ao funcionamento administrativo, deixando fora a pessoa como indivíduo e como filho de Deus. Davam muito mais ênfase ao dogma, e a mente desses homens, que pareciam estar dedicados a sobrecarregar a lei com preceitos humanos, produzia mil e um detalhes supérfluos. Devido a suas obras, apresentavam a Deus como uma personalidade indistinta e obscura. Como resultado, o povo considerava a Deus como um contador comercial ou um funcionário governamental.

Cristo desbaratou tais conceitos, tanto mediante Seus ensinos como por Seu modo de encarar dinamicamente as relações humanas. Relacionava-Se pessoalmente com toda alma que encontrava, junto ao caminho, no lar ou onde quer que encontrasse uma alma necessitada de cuidado e afeto. O Mestre estava disposto a atender a quem quer que necessitasse de Sua ajuda pessoal.

Identificava-Se com o público. Que foi que deu mais significado aos ensinos de Cristo? Vários expositores bíblicos têm declarado que foi a preocupação pessoal de Cristo pelo povo que deu tanta significação a Seus ensinos. Junto ao mar com Seus discípulos, na casa de algum parente, na festa de bodas ou na encosta da montanha, Jesus estava ali, mesclando-Se com as pessoas e esforçando-Se por dar-lhes o amor e a segurança de que necessitavam.

Quando enviou a Seus discípulos, eles foram de dois em dois e visitaram cada povoação e cada casa. Eles continuaram esta prática mesmo depois da ascensão do Mestre. Paulo de Tarso (Atos 20:27, 20 e 21) apresentou as verdades divinas às pessoas que se encontravam nos lares onde as mulheres realizavam suas tarefas cotidianas; nas sinagogas, onde liam os escritos sagrados; nos mercados, onde realizavam transações comerciais; nos lugares onde se cometiam pecados e na frente de tem-plos de deuses pagãos. Paulo falava ao povo onde este se encontrava.

No começo do movimento adventista, os crentes iam às casas e conversavam com seus moradores, lhes davam inspiração e estimulavam o desejo de estudar as Escrituras, num esforço para descobrir a verdade. Os precursores deste movimento viajavam muitos quilômetros para levar o evangelho às pessoas em seus lares e nas igrejas.

I. As Visitas Pastorais Tradicionais

As visitas pastorais dos primeiros tempos não eram regulamentadas por um sistema ou uma norma definidos. A igreja, à medida que crescia, desenvolvia seus procedimentos para dirigir a obra pessoal. Os dirigentes da igreja primitiva, muitos dos quais visitavam os cristãos de casa em casa e de negócio em negócio, acharam cada vez mais vantajoso, à medida que a igreja crescia e se enriquecia, estabelecer di-ferentes funções na igreja para dar ao povo o toque pessoal. Algumas igrejas deram esse toque mediante a linguagem simbólica empregada nos ritos e nas cerimônias. Na Igreja Romana, a confissão procurava ajudar as pessoas a falar face a face no que se esperava que fosse uma relação pessoal com um sacerdote e, ao mesmo tempo, com Deus.

Nos últimos anos do primeiro milênio, surgiram numerosas ordens de homens e mulheres que iam de casa em casa visitando as pessoas e procurando dar-lhes alegria e ânimo, para ajudar os sofredores e apaziguar os intensos temores que atormentavam as consciências.

II. As Visitas Pastorais na História Adventista.

No começo do movimento adventista, os crentes iam às casas e conversavam com seus moradores, lhes davam inspiração e estimulavam o desejo de estudar as Esscrituras, num esforço para descobrir a verdade. Os precursores deste movimento viajavam muitos quilômetros para levar o evangelho às pessoas em seus lares e nas igrejas.

A gloriosa e bendita esperança era difundida não somente por meio das publicações, mas também pelos chamados evangelistas pessoais. Homens e mulheres, na última parte do século XIX e especialmente na primeira parte do século XX, iam de casa em casa obsequiando e vendendo publicações. Nos escritos de Ellen G. White se faz alusão continuamente às necessidades de nossos irmãos, e somos admoestados a buscar o pecador onde está, e a levar o evangalho à alma necessitada.

III. As Visitas Pastorais na Atualidade

Em nossas igrejas da atualidade perdeu-se a arte da visitação pastoral. Introduziu-se o que podemos chamar de conceito administrativo, o conceito equivocado de “profissionalismo”. Estes conceitos não requerem tantas visitas pastorais. A idéia é que a visitação se aplica principalmente aos obreiros bíblicos, olvidando-se que cada pastor é também um obreiro bíblico.

“Desejo dizer a meus irmãos do ministério: Aproximai-vos do povo onde ele se acha, mediante o trabalho pessoal. Relacionai-vos com ele. Esta é uma obra que se não pode fazer por procuração. Dinheiro emprestado ou dado, não a pode realizar. Sermões, do púlpito, não a podem efetuar. … Sendo omitida, a pregação será, em grande parte, um fracasso.” — Obreiros Evangélicos, pág. 188.

Observamos uma diferença de progresso e solidez, por um lado; e, por outro lado, de declínio e debilidade. A diferença se baseia nisto: as igrejas que manifestam um crescimento mais sólido e um progresso mais acentuado são aquelas nas quais o pastor visita mais o rebanho.

Em Obreiros Evangélicos, pág. 184, lemos o seguinte: “Mediante a pregação da Palavra e o ministério pessoal nos lares do povo, [o pastor] aprende a conhecer-lhes as necessidades, as dores, as provações; e, cooperando com Aquele que sabe, por excelência, levar cuidados sobre Si, partilha de suas aflições, conforta-os nos infortúnios, alivia-lhes a fome da alma, e conquista-lhes o coração para Deus. Nesta obra o ministro é assistido pelos anjos celestes.”

Diz uma outra citação do mesmo livro: “Almas por quem Cristo morreu estão perecendo à míngua de bem dirigido trabalho pessoal. ” — Página 186.

Quais são os benefícios da visitação pastoral sistemática? Eis alguns deles:

1. Oportunidade de inteirar-se de suas necessidades íntimas, tanto materiais como espirituais.

2. Observar mais de perto os problemas, para solucioná-los.

3. Estreitar os vínculos entre o pastor e os membros.

4. O pastor tem o privilégio de ser um elo que une o membro com Deus.

5. Facilita a comunicação pessoal entre ambos e dá a devida importância ao membro.

UM PRINCÍPIO IMPORTANTE: O ministro deve recordar que é pastor do rebanho. Sua atitude e sua conduta devem tender para a compreensão e para a elevação da pessoa vistada.

Junto ao mar com Seus discípulos, na casa de algum parente, na festa de bodas ou na encosta da montanha, Jesus estava ali, mesclando-Se com as pessoas e esforçando-Se por dar-lhes o amor e a segurança de que necessitavam.

Como se Realiza o Trabalho de Visitação

Este assunto envolve vários fatores:

a) Preparação pessoal.

1. O ministro deve estar seguro de sua relação com Deus. Sem manter estreita relação com Deus, ele é incapaz de alimentar o rebanho e de atendê-lo devidamente.

2. Faça de seus hábitos devocionais uma parte integrante de sua vida e de seu programa. Prescrição devocional para o obreiro, diariamente: 5 salmos; 1 provérbio (ou capítulo do Velho Testamento); 1 capítulo do Novo Testa-mento; S. João 17; uma parte de um livro do Espírito de Profecia; I Coríntios 13.

3. Porte-se sempre como se esti-vesse na própria presença de Deus.

4. “Quanto mais cheio do Espírito Santo estiver o ministro, tanto mais empenho terá em visitar as famílias, orar com elas e edificá-las em Cristo. Esta obra de visitação é insubstituível. ”

b) Planejamento.

Classifique a visitação da seguinte forma:

Enfermos físicos e espirituais, descuidados e indiferentes.

Visitar os isolados e depois os demais membros da igreja.

Elaborar um plano de visitação. Nesta etapa, visitar mais membros que interessados. Por exemplo: Se o pastor tem de fazer 15 visitas, 12 devem ser membros e 3 interessados. Quando os interessados são o principal motivo da visitação, visitar 12 interessados e 3 membros. Preparar um plano ou mapa da cidade antes de lançar-se ao trabalho. Assim se poupará tempo e será realizado um trabalho mais eficaz.

c) Coordenação.

Não discrimine. Todos necessitam da visita do pastor. Evite o favoritismo. O pastor deve ser amigo de todos, não sendo íntimo de ninguém, se não quer despertar ciúmes na congregação. Em determinadas visitas é melhor que a esposa o acompanhe. Para poupar tempo, agrupe os endereços por zonas. As visitas devem perseguir um propósito fixo:

1. Conhecer melhor o membro.

2. Alentar os desanimados.

3. Promover a assistência aos cultos.

4. Animar as pessoas a ser fiéis na devolução dos dízimos.

5. Orientar os jovens.

6. Deter mexericos.

7. Desfazer inimizades.

8. Levar a Ceia do Senhor aos enfermos.

Nota: Usar cartões de visita.

“Quanto mais cheio do Espírito Santo estiver o ministro, tanto mais empenho terá em visitar as famílias, orar com elas e edificá-los em Cristo. Esta obra de visitação é insubstituível. “

Plano Múltiplo Para a Visitação

Quando o pastor tem várias igrejas e grupos, deve distribuir os membros entre os anciãos e diáconos, para que os visitem. Pôr um diretor em cada setor e um grupo de diáconos sob a direção de cada ancião. Prover-lhe cartões de visita, etc. O diretor geral deve efetuar revisões periódicas de dois ou três meses para receber informações do trabalho realizado.