DANIEL BELVEDERE

Não são poucos os que pensam que a era do evangelismo terminou.1 Desde os dias da Edinburgh World Missionary Conference (1910) até agora, o pensamento protestante tem sofrido notáveis modificações no tocante à grande comissão deixada por Jesus Cristo. Nova Déli (1961), México (1963), Upsala (1968), Montreux (1970), Bancoc (1972-1973), Nairobi (1975), para citar algumas das reuniões mais significativas, têm sido testemunhas de gradual abandono da parte do Concilio Mundial de Igrejas dos conceitos tradicionalmente aceitos sobre evangelização.

A despeito do Berlin Congress on Evangelism (1966), Minneapolis Congress (1968), Jerusalem Prophecy Conference (1971), Expio 72, Dalas, Key 73 e lntemational Congress on World Evangelization, de Lausanne (1974), com seus intentos de manter vigente a responsabilidade missionária e evangelística, o mundo protestante tem decaído neste sentido. Não são poucas as denominações que estão sendo absorvidas pela preocupação de prover reivindicações econômicas, políticas e sociais aos menos favorecidos por métodos tradicionalmente considerados à margem do evangelho.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia ainda conserva seu interesse pelo evangelismo, embora em certos setores do campo mundial haja um afrouxamento do mesmo, ao passo que em outros seja motivo de preocupação. Com efeito, o grande desequilíbrio entre empregados administrativos (que são uma esmagadora maioria) e os que estão diretamente dedicados à proclamação da mensagem poderá ser um indício de que a seiva evangelística deve ser reativada.

O documento Evangelismo e a Terminação da Obra,publicado em 1976 pela Associação Geral, fala tanto da firme determinação do mais alto corpo da Igreja de manter vivo o evangelismo dentro dos cânones bíblicos, como da captação de alguns sinais de esfriamento no referido terreno.

As duas divisões de língua espanhola estariam dando indícios de crescente convicção e fervor no âmbito da evangelização pública. O teor dos documentos votados nos últimos anos na Divisão Interamericana e respaldados pelo êxito na conquista de almas; os documentos sobre penetração, que em forma gradual vêm impulsionando as atividades da Divisão Sul-Americana nos últimos anos, especialmente o plano para o qüinqüênio votado em novembro de 1980, são fatos claros que mostram tanto a convicção como o interesse na evangelização nestas duas Divisões do campo mundial.

No entanto, mais que com documentos, a Igreja terá que dizê-lo através de um ministério guiado pelo Espírito, para que esse mundo, esses anjos e esse Universo para os quais somos espetáculo, como que entendam que cremos no evangelismo.

1. J. Herbert Kane, Christian Missions in Biblical Perspective (Grand Rapids, Mi. Baker Book House, 1976), Prefácio.

2. The Ministry, dezembro de 1976, págs. 3-