Se traçarmos uma analogia, comparando um serviço de culto com um espetáculo teatral, diríamos que o ator representaria o pregador; o ponto, que orienta o pregador em sua “apresentação”, Deus; e o auditório, a congregação.

Não é isso! No verdadeiro culto, a congregação é o ator; o pregador, o ponto; e Deus, o auditório. O sermão não é algo que os pregadores fazem por seu povo, mas alguma coisa que eles fazem com seu povo para Deus. Em geral o sermão segue o método monólogo, mas ele deve seguir sempre o princípio do diálogo — o da conversação que envolve pelo menos duas pessoas, cada uma das quais comunica suas idéias e ouve as dos outros. Para tornar-se um pregador mais dialogador:

  • 1. Estude as pessoas. Os pregadores dialogadores precisam ter a cabeça no Céu e os pés na Terra. Eles precisam de uma mensagem celestial, de uma resposta divina para o dilema humano. Mas precisam também conhecer muito bem as pessoas, a fim de que possam mostrar-lhes como essa resposta divina opera aonde eles forem. Williard Sperry, diz o seguinte: “Os pregadores bem-sucedidos de algum dia — bem-sucedidos no melhor sentido da palavra — não são de modo algum os eruditos mais capazes; são os homens que alcançaram sucesso porque aliaram sua compreensão da religião, no que se refere ao aspecto abstrato, ao conhecimento do lado concreto da natureza humana”.*
  • 2. Conheça sua congregação. Os pregadores dialogadores devem conhecer as pessoas em geral. Mais importante ainda, eles devem conhecer o seu próprio povo em particular.

A maioria dos pregadores fala muito e ouve pouco. E muitos pregadores preparam os sermões apenas com os olhos. Isto é, todo o conteúdo dos seus sermões é tirado de livros. Eles sabem muito acerca de personagens da Bíblia, mas pouco a respeito do caráter de suas próprias congregações. Sabem mais sobre Jerusalém do que a respeito da cidade onde seu povo trabalha e adora. Eles ouvem muito pouco.

Para pregar de maneira dialogadora, preparai vosso estudo no começo da semana. Descobri o que a Palavra de Deus e o Espírito Santo desejam que apresenteis ao povo no final da se-mana. Depois andai com vosso sermão pela vossa paróquia. Se, depois de vários dias de visitação e atividades pastorais, não tiverdes encontrado ilustrações e aplicações práticas para vosso sermão, não estais ouvindo vosso povo, ou vosso sermão não é digno de ser pregado.

Ficai parado à porta, quando vosso povo entrar para o culto. Apertai-lhe a mão, olhai para sua fisionomia, senti-lhe os problemas. Notai as necessidades que vosso sermão pode suprir. E observai, quando pregardes. Vossa congregação está dialogando convosco através do balançar a cabeça, do sorriso, do franzir as sobrancelhas, da atenção constante.

  • 3. Participação. Anunciai o texto bíblico e pedi aos membros que o leiam. Depois, ide a uma reunião na qual eles apresentarão idéias, ilustrações e aplicações da vida real dessa passagem.

Usai perguntas retóricas em vossos sermões. Experimentai fazer sermão na forma de diálogo, no qual partilheis o púlpito com outro pregador. Um pode fazer a parte do ouvinte e fazer perguntas que a congregação esteja querendo fazer. Fazei uma pesquisa, ocasionalmente, entre a congregação, atentando para as necessidades comuns ou assuntos preferidos.

  • 4. Incentivai a reconsideração. Esta é a parte mais assustadora da pregação dialógica; a maioria dos pregadores não a realiza. Depois de pregarmos, queremos ser elogiados, não criticados.

Formai um grupo para discutir o que o ser-mão comunicou. Pedi-lhe que relate depois sua discussão. Ou, no término do sermão, entrevistai a congregação, fazendo perguntas como esta: “Como este sermão vos influenciou a vida esta semana?” Designai um membro para responder em nome da congregação, no fim do sermão. Convidai voluntários para responderem — pode-se pensar na reunião de testemunhos como imprópria, mas, bem dirigida, pode ser tão boa quanto o realce contemporâneo sobre o diálogo. Observe à porta como as pessoas saem.

Às vezes as pessoas extraem do sermão algo completamente diferente daquilo que pensávamos ter deixado. Em si mesmo, isto deve convencer-nos de que a pregação se assemelha mais a promoção do que realização. Assim, que dizer se o pregador não pretendia fazer aquela aplicação? — ele ou ela ajudou o “ator” a atingir o auditório.

Eu vos desafio a abandonar o modelo antigo. Experimentai. Estudai cedo, visitai muito, ouvi atentamente. Sede um pregador dialogador.

Floyd Bresee

* Willard L. Sperry, We Prophecy in Part (Nova Iorque: Harper & Brothers, Publishers, 1938), págs. 5 e 6.