É tempo de começar a remover as dificuldades que impedem maior envolvimento voluntário na igreja
Alguém já disse que 90% do trabalho de uma igreja é realizado por apenas 10% dos membros. Não importa a intensidade dos seus esforços, você jamais conseguirá que todos se comprometam a servir. Alguns simplesmente estão mais interessados em receber do que dar. Porém, se você agir de maneira proativa, é possível aumentar a porcentagem dos que participam.
Mark Twain, em seu livro Tom Sawyer, conta a história de um garoto chamado Tom. Certo dia, ele recebeu a tarefa de caiar o muro da casa de sua tia e, relutantemente, se pôs a trabalhar. Enquanto pintava, alguns amigos passavam e o convidavam para brincar. Sem dúvida isso lhe soava mais atraente do que pintar o muro. Teve então uma idéia: se pudesse recrutar alguns daqueles amigos para lhe ajudar, o trabalho terminaria na metade do tempo previsto.
“O convite de vocês é tentador”, disse Tom, “mas agora minha diversão é pintar este muro.” A idéia de que pintar o muro fosse algo divertido nunca ocorrera aos amigos de Tom, até que ele fizesse o trabalho parecer uma aventura. Em pouco tempo, Tom contava com uma equipe de pintores de parede, trabalhando, enquanto ele apenas observava.
Tom representa algo que muitos líderes de igreja aparentemente não possuem: a percepção de que leva mais tempo para uma pessoa completar uma tarefa do que quando muitas trabalham juntas. Se queremos conseguir ajuda, devemos fazer o trabalho parecer tão atraente que o povo queira ajudar.
Visão contagiosa
Como fazer com que as pessoas vejam o ministério pessoal como uma oportunidade estimulante de serviço, e não como uma tarefa enfadonha? Tudo depende da maneira como promovemos o assunto envolvido.
O convite para engajamento pode começar com a oferta de cursos que ajudem as pessoas a descobrir seus dons e habilidades. Há muitos recursos disponíveis. Ao lado disso, poderia ser oferecido um tipo de teste no qual as pessoas tenham chance de avaliar suas habilidades e experiências, bem como verificar onde podem ser melhor situadas no ministério. No final das aulas, é sábio ter informações disponíveis sobre as oportunidades de serviço dentro da própria igreja.
Eduque os irmãos para que eles captem a visão. Muitos crentes são neófitos; pessoas que ainda não foram totalmente expostas à vida da igreja. Esses jovens crentes costumam ter uma compreensão errônea da dinâmica eclesiástica, nem sempre lhes ocorrendo que deveriam estar envolvidos nela. Devemos educá-los a ver os líderes como treinadores, que podem equipá-los, e não como pessoas que são pagas para fazer todo o trabalho. Deus outorgou a certos indivíduos os dons de “pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efés. 4:11 e 12).
Ajudar os membros a captar a visão missionária envolve instilar neles, entre outras crenças, a convicção de que todo crente é dotado pelo Espírito Santo para servir. “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Ped. 4:10).
Motivação
Motivar pessoas para o serviço é um desafio constante. Certas pessoas acabam de ouvir um sermão e, em pouco tempo, esquecem o que aprenderam. Por isso a repetição é necessária. Portanto, se você deseja que os membros adquiram um conceito de trabalho, é preciso manter a idéia diante deles, de todas as formas possíveis.
Uma vez que os irmãos comecem a captar a idéia de que todo crente é um ministro, mantenha-os lembrados disso em toda oportunidade oferecida. A idéia de servir voluntariamente deveria ser uma campanha constante. Pregue sobre ela, ensine-a nas classes, divulgue-a nos boletins e por outros meios. Venda à congregação os benefícios do serviço voluntário. E quais são esses benefícios?
Em primeiro lugar, o voluntário sai de seu mundo e aprende a tocar a vida de outras pessoas. Muitos irmãos dizem se sentir isolados na igreja. O serviço voluntário provê oportunidades para amizade e sociabilização. Outro benefício é que o voluntariado encoraja o desenvolvimento de dons e habilidades; uma coisa que pode resultar inclusive na descoberta da vocação profissional. O voluntariado também ajuda a preencher as necessidades do semelhante. Mostre aos voluntários potenciais que, ao estarem envolvidos no trabalho, eles se tornam parte de um grande todo. Desperte-os para a necessidade. Uma razão fundamental para a falta de envolvimento das pessoas é o desconhecimento das necessidades. Se você não informa a respeito de suas necessidades, ou as daqueles que lhe estão ao redor, como eles saberão?
A informação da necessidade precisa ser específica. Por exemplo, ao invés de anunciar: “Há vagas no Departamento Infantil”, você poderia dizer: “Estamos necessitando de recepcionistas – alguém que receba crianças e seus pais durante um mês”; ou “necessitamos de alguém que ajude a preparar desenhos para crianças de cinco anos”.
Você pode solicitar tais serviços através do boletim da igreja, anunciando oralmente, entre outros meios. Mas o caminho mais efetivo de recrutamento para o serviço voluntário é o convite pessoal. Quando você fala pessoalmente com alguém, faz com que a necessidade pareça mais importante, e permite à pessoa a oportunidade para fazer perguntas. E mais, um convite pessoal faz o convidado sentir-se especial; compreender que ele realmente importa.
Oportunidades e treinamento
Dê permissão às pessoas para tentar e falhar. O povo muitas vezes é relutante quanto ao voluntariado porque teme não conseguir fazer o trabalho, fracassar. Uma das melhores formas de dissipar os temores é lhe permitir fazer tarefas menores. Isso ajuda a ganhar confiança. Muitas pessoas percebem que quando elas realmente se acostumam com uma tarefa ou função voluntária, essa tarefa não é tão assustadora como imaginavam e acabam se alegrando.
Providencie treinamento. Os voluntários querem a segurança de que não serão abandonados quando estiverem envolvidos no trabalho. Não coloque alguém em uma função, dando-lhe um livro ou manual de instruções, e feche a porta. Fale com a pessoa, caminhe com ela. Diga-lhe o que você espera do seu trabalho e explique como ele deve ser feito. Se possível, permita-lhe observar alguém fazendo a tarefa. Depois que ela estiver desempenhando o papel designado, comunique-se periodicamente para ver como as coisas estão andando.
Dinamismo necessário
Livre-se da rotina. Igrejas antigas geralmente têm programas que são mantidos simplesmente porque “sempre foi assim!”, e certamente parecem sagrados para alguém. Quanto mais opções de programas houver, mais voluntários você necessita para viabilizá-los. Nenhum programa deveria ser tão precioso que não possa ser descartado quando ficar rotineiro.
O que pode ter sido um ministério altamente efetivo cinco ou dez anos atrás, pode ser totalmente improdutivo hoje. As mudanças são necessárias. Igrejas crescem e diminuem, pessoas e necessidades experimentam mudanças. Isso significa que o ministério está sempre fluindo.
Habitue-se a fazer avaliações periódicas dos programas e seus objetivos, para ver se ainda são efetivos. Se não, considere a possibilidade de implementar alguma coisa nova, ainda que isso signifique a utilização de poucos voluntários. Junto com a extinção de programas obsoletos, a liderança deve ficar atenta aos limites de tempo durante o qual uma pessoa exercerá suas funções. Isso ajuda a evitar que os voluntários fiquem desanimados com a rotina de fazer a mesma coisa todos os anos.
Mostre apreciação
Diga aos voluntários que eles são apreciados. Muitas pessoas exercem seus papéis, felizes com a efetividade do trabalho e do próprio desempenho. Alegram-se com o privilégio de servir, mas ninguém fica satisfeito quando o trabalho não é notado. Há muitas maneiras de mostrar apreciação. Pode ser uma simples expressão de gratidão, ou uma cerimônia formal de reconhecimento pelo serviço prestado. O importante é que se mostre apreciação. Ao fazer isso, você aumentará a possibilidade de conservar seus colaboradores e conquistar outros mais.
Para conseguir maior número de pessoas envolvidas no trabalho da igreja, necessitamos torná-la mais amistosa e voluntária.
Teena Stewart, Reside em Benícia, Califórnia, Estados Unidos