Mais de 2.800 anos atrás, Elias, mensageiro especial de Deus, dedicou-se inteiramente a Israel durante a grande apostasia instigada por Acabe e Jezabel. Deus honrou-lhe a grande fé e zelo ao arrebatá-lo para o Céu sem experimentar a morte (II Reis 2:11). O corajoso ministério de Elias qualificou-o como um dos maiores profetas.

Os últimos dois versos de Malaquias capítulo 4, contêm a referência final do Antigo Testamento a este profeta do fogo. Os estudiosos têm ficado confusos com esta surpreendente predição: “Eis que vos envio o profeta Elias antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (NASB).

Por causa desta profecia, muitos judeus do primeiro século criam que Elias voltaria literalmente à Terra para anunciar o aparecimento do Messias. Por ocasião do evento da transfiguração, Pedro, Tiago e João presenciaram a conversa de Cristo com Elias e Moisés no alto do monte. A glória sobrenatural da transfiguração convenceu de novo aqueles discípulos de que Cristo era realmente o Messias. Cientes da profecia de Malaquias, e vendo Elias em pessoa, perguntaram eles a Jesus: “Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro?” (Mat. 17:10, RSV).

A resposta de Cristo indica claramente que Elias já havia vindo, mas nem o povo de Deus nem as pessoas do mundo daquele tempo o haviam aceito. “Então os discípulos entenderam que Ele lhes estava falando de João Batista” (verso 13, RSV).

Era João Batista a reencarnação de Elias? O anjo Gabriel, em pé ao lado do pai de João Batista, Zacarias, predisse que o filho deste seria cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe e que convertería muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. Usando algumas das palavras de Malaquias 4:5 e 6, Lucas 1:17 declara: “E [João] irá adiante no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.”

O testemunho de Gabriel e a palavra do próprio Cristo, indicam que João Batista veio, não como Elias literal, mas no espírito e poder de Elias, para preparar um povo para a primeira vinda de Cristo.

Os Elias do século vinte

Se Deus, por misericórdia e amor para com o mundo, enviou um mensageiro a fim de preparar o povo para o primeiro advento de Cristo, certamente o evento mais cataclísmico de todos os tempos, a segunda vinda, exige tratamento semelhante! A profecia de Malaquias quer dizer isto: Alguém viria no espírito e poder de Elias “antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”.

Nosso combalido mundo necessita de um ministério que tenha o poder de Elias e de João Batista — um ministério que destemidamente chame o pecado pelo seu nome exato; que instará com o povo para que sirva ao verdadeiro Deus com amor e obediência! As características comuns tanto a Elias como a João Batista, ajudar-nos-ão a descobrir se estamos ou não pregando a mensagem de Elias.

Elias e João Batista ficaram cada qual sozinhos, um no Monte Carmelo e o outro no deserto. Ambos operaram sob governos corruptos — Elias no tempo de Acabe e Jezabel, e João Batista no tempo de Herodes e Herodias.

Ambos trocaram os prazeres e luxúrias da vida pela severa disciplina do deserto e da vida no campo. Tanto um como o outro foram treinados na sala de aulas da Natureza pelo próprio Deus, ao invés de nas escolas da época. Tanto àquele quanto a este foi confiada a simplicidade de um estilo de vida e vestuário. Ambos experimentaram de quando em quando uma forte solidão de espírito. Por preceito e exemplo, ensinaram ambos que os que desejam perfeita santidade devem aprender as lições da temperança e do domínio próprio.

Tanto um quanto o outro criam que a mais importante qualificação para qualquer líder é obediência implícita à palavra de Deus. Ambos resistiram à influência das maquinações humanas que os teriam desqualificado para as respectivas missões. Tanto o primeiro como o segundo compreendiam a importância da obra de reforma que devia ser levada avante nos seus dias. O primeiro, bem como o segundo, demonstraram grande fidelidade às ordens divinas, embora estivessem cheios de amor e compaixão para com o Seu povo.

Ambos os homens sentiam a importância da missão que lhes foi confiada por Deus e exerceram grande soma de fé. Experimentaram ambos, êxito em sua missão por causa da submissão ao Espírito Santo, em lugar de a suas qualidades inerentes. Ambos cometeram erros — Elias fugiu de Jezabel, com medo de perder a vida, e João por um momento teve dúvida se Cristo era realmente o Messias. Embora cada um deles tivesse suas imperfeições, pela união com Deus, cada um deles se tornou um irresistível poder para Deus.

Tanto Elias como João Batista atuaram em uma época de grande descrença e apostasia para com a lei de Deus, advertindo da vinda do juízo. Ambos denunciaram a corrupção nacional e censuraram os pecados prevalecentes. Ambos foram ministros da reconciliação. Tanto um como o outro enalteceu a autoridade de Deus como suprema. As mensagens que cada um deles proclamou, baseavam-se em um “Assim diz o Senhor”.

Um e outro reconheceram a natureza sagrada de seu ofício e a santidade de sua obra, mantendo-se afastados dos administradores e políticos mundanos. Tanto um como o outro deu com fidelidade suas mensagens, a despeito das conseqüências.

Deus usou a ambos aqueles homens para trazer reavivamento e reforma a Sua igreja. Ambos ajudaram muitos a retornarem ao culto do verdadeiro Deus.

A meditação sobre as qualidades que Elias e João revelaram, traz-me convicção ao coração. Estou eu convidando as pessoas da adoração ao Baal moderno para adorarem a Deus como o Criador e Mantenedor de toda a vida? Estou dignificando a santa lei de Deus, contida nos dez mandamentos, tanto na letra como no espírito? Quando apresento o evangelho, convido ao arrependimento? Estou eu, mediante o poder do Espírito, colocando solidamente os pés dos homens e mulheres sobre a Rocha eterna, Cristo Jesus? Estou humilhando meu próprio coração perante Deus, suplicando maior compreensão dos tempos em que vivemos? Sinto que o fim está próximo e que nosso Senhor Jesus voltará em breve?

Creio firmemente que pregar no espírito e poder de Elias significa advertir o nosso mundo sujeito a juízo de que sua prova logo terá fim e de que logo nosso Senhor Jesus Cristo aparecerá como Rei dos reis e Senhor dos senhores? Onde está você, companheiro?

— J. R. Spangler