Nos cinco tópicos tratados neste artigo, o autor procurou dar um roteiro do programa que tornará de maior sucesso a vida do pastor. Conhecer estes tópicos poderá fazê-lo aumentar o êxito de seu ministério.

Nos cinco tópicos tratados neste artigo, o autor procurou dar um roteiro do programa que tornará de maior sucesso a vida do pastor. Conhecer estes tópicos poderá fazê-lo aumentar o êxito de seu ministério.

Como pastores, é-nos um constante problema saber como organizar e planejar nosso trabalho de maneira que seja bem ajustado na distribuição do tempo. Há uma contínua corrente de exigências a pressionar-nos constantemente. Para que possamos pôr em prática um plano bem equilibrado, será bom considerarmos o que é essencial em nosso programa diário. Na consideração deste assunto, enquadrei sob seis tópicos, o mínimo essencial, abordando o problema elementarmente, tal como se aplica ao pastor.

Pregação

A importância da pregação não pode ser sobrestimada. Ela permanece como a principal tarefa do pregador, pois todas as fases do ministério estão envolvidas no chama-do para pregar, como o afirma G. Ray Jordan: “Nada há que possa tomar o lugar daquele que diz — e como diz — quando se põe perante a congregação para falar por Deus em nome de Cristo.” — You Can Preach, pág. 15.

A pregação precisa ser apresentada supremamente bem. O que quer que o pregador seja ou não seja capaz de fazer, é certo que ele precisa ser capaz de proclamar o evangelho eficientemente. Spurgeon declara:

“Vosso preparo para o púlpito deve ser vosso primeiro cuidado, e se o negligenciais, não estareis granjeando crédito sobre vós e vosso ofício.” E acrescenta: “Não creio no ministério que ignora o laborioso preparo.” — Spurgeon Lectures, pág. 80.

“Um púlpito ignorante é o pior de todos os flagelos. Um púlpito ineficaz é o mais lamentável de todos os escândalos.” Assim fala Charles Edward Jefferson, e prossegue: “A causa de Cristo é desesperançadamente embaraçada e bloqueada, quando os pregadores cristãos se esquecem de como pregar.” — The Minister as Prophet, págs. 13 e 14.

A pregação é o eixo em torno do qual revolve toda a obra do ministro. Deve ela ser o resulta-do de penoso esforço, de cuidadoso e intenso estudo, oração e, algumas vezes, lágrimas. O ministro não se pode permitir abusar das oportunidades que o serviço da pregação propicia, nem malbaratá-las. Por uma pregação de trinta minutos a uma congregação de duzentas pessoas, vos fazeis responsáveis por uma centena de horas de seu tempo. E o que puserdes nesses trinta minutos de sermão pode determinar-lhes o destino eterno.

É imperativo, portanto, que em suas atividades o ministro reserve tempo suficiente para estudo e oração, a fim de preencher convenientemente a responsabilidade primária para com seu povo e para com seu Deus, que é, alimentar verdadeiramente o rebanho do Senhor. Deve eliminar sem piedade, de seu programa, as inúmeras pequenas ocupações que podem incapacitá-lo para fazer bem esta tarefa maior.

Visitas

O tempo despendido nos lares do povo é de vital importância, se se deseja que a pregação seja eficaz. Pregação eficaz e fiel pastoreio do rebanho são dois elementos indispensáveis na atividade do ministro. Da mesma forma como deve o programa prover tempo suficiente para o sermão, deve-o para a visitação.

Comentando esses dois aspectos da obra de um ministro, diz George A. Buttrick: “Gastando a sola dos sapatos e os pneus do automóvel edificais uma igreja espiritual. Podeis mantê-la unida pela pregação digna.” — Citado por Andrew W. Blackwood, em Pastoral Work, pág. 13. E no livro Pastoral Leadership, declara o Dr. Blackwood que, embora consideremos os vá-rios deveres ministeriais, “em todo o tempo devemos considerar o ministro principalmente um pregador e pastor, antes que um programador e promotor de paróquias.” — Pág. 20.

O ministro é um pastor, o pastor do rebanho. Ele deve velar pelas ovelhas e alimentá-las. Para fazer isso precisa conhecê-las pelo nome, e conhecer-lhes as disposições, necessidades e hábitos. Esta tarefa do pastoreio é feita muitas vezes fora das vistas, onde não há multidões nem aplausos. Nunca é espetacular. É trabalho humilde. É como R. Allan Anderson o declara em seu livro Shepherd-Evangelist:

“A obra de pastorear é arriscada, constante e exaustiva. Talvez seja esta uma das razões por que muitas pessoas a passam por alto. Contudo, é a obra mais admirável que Deus já entregou aos homens.

“Ao dizer Jesus:’… conheço as Minhas ovelhas, e das Minhas sou conhecido’, Ele assentou o princípio de todo o bom pastoreio. A força de um pastor consiste em grande parte em conhecer o rebanho.” — Pág. 559.

Com efeito, o conforto e cuidado do povo torna-se o maior fardo para o verdadeiro pastor. E é de sua íntima associação com os homens do povo que nascem os mais benéficos sermões.

Atividades de organização e pormenores administrativos 

O ministro é, entre outras coisas, um administrador. A igreja é uma organização e o ministro é sua cabeça. É em certo sentido uma máquina, e precisa man-ter-se em funcionamento. Deve-se procurar reduzir o atrito, lubrificar as rodas, fazer reparos, submeter to-da parte do mecanismo a constante pesquisa e supervisão, para que a máquina possa fazer o trabalho para que foi criada. A obra administrativa é importante. Se o ministro negligenciar a organização, virá logo a derrocada. Há pormenores de negócios que considerar, há o planejamento da obra, a correspondência para manter em dia, é preciso ter em mente a supervisão geral dos planos.

Uma parte do programa deve prover tempo para toda esta variada matéria. Deve exercer-se grande cuidado, não suceda venham essas minudencias a usurpar grande parte das horas que seriam melhor ajustadas para devoção pessoal e estudo criador.

Devoção pessoal

Em I Tim. 4:16 lemos: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” Ellen G. White cita este passo e então o comenta:

O ‘ti mesmo’ vem em primeiro lugar. Dai-vos primeiramente ao Senhor para a purificação e santificação…. Buscai em Cristo aquela graça, aquela clareza de entendimento que vos habilitarão a fazer uma obra bem-sucedida.” — Obreiros Evangélicos, pág. 101.           

Devemos ter sempre em mente que é Cristo quem nos capacita para fazermos um trabalho bem-sucedido. Nem sempre que nos parece estarmos mais ocupados estamos produzindo o máximo. No maravilhoso livrinho intitulado Communion Through Preaching, Henry Sloane Coffin faz esta afirmação:

“Aquilo que tem caracterizado a igreja em seus períodos de poder — a presença e operação do Espírito — está infelizmente ausente de muitas congregações. O pastor e o povo podem ser conscienciosos, persistentes, engenhosos na criação de métodos. Sua igreja pode dar a impressão de animada atividade; seu calendário semanal indicar um grande número de reuniões, e seu pastor ter suspenso da parede um gráfico de inter-relações de todos esses grupos e granjear a reputação de administrador hábil; mas os frutos em lares e vidas reformados e em influência espiritual na comunidade podem estar lamentavelmente faltando.” — Pág. 22.

Se queremos desfrutar em nossas igrejas a presença do Espírito Santo, precisamos antes de tudo tomar tempo para estar a sós com Deus no estudo pessoal de Sua Palavra, em meditação, exame e oração. Spurgeon diz que se não orardes sobre vosso trabalho, “a Majestade divina pode possivelmente Se dignar de conceder uma bênção, mas não tendes o direito de esperá-la, e, se vier, não vos trará conforto ao coração.” — Lectures, pág. 44.

Num sentido real, a utilidade do pastor dependerá, acima de tudo, desses momentos de comunhão com Deus. Quanto mais tempo o pastor despender sobre os joelhos, em estudo da Bíblia, exame e aperfeiçoamento próprios, me-nos tempo terá que gastar consertando a má-quina da igreja, lixando os seus problemas. Spurgeon disse ainda:

“Entre todas as influências formadoras que fazem um homem honrado por Deus no minis-tério, nenhuma conheço mais poderosa que sua intimidade com o trono da Misericórdia.” — Idem, pág. 41.

Como ministros e pastores, precisamos lembrar sempre a necessidade de nossa própria alma. ” ‘Tem cuidado de ti mesmo’, diz Baxter, ‘pois o inimigo tem o olhar posto sobre ti…. Sábio e letrado quanto fores, tem cuidado de ti mesmo, para que ele te não sobrepuje.” — Idem, pág. 22.

Lembremos que Deus jamais salvará qual-quer de nós por sermos pregadores, mas por sermos homens justificados e santificados, e Conseqüentemente fiéis à causa de nosso Mestre. O motivo de nós, ministros, precisarmos orar não é o sermos ministros, mas o sermos pobres criaturas necessitadas, inteiramente dependentes da maravilhosa graça de Deus.

Precisamos examinar-nos diligentemente, não aconteça pregarmos aos outros e nós mesmos virmos a ser lançados fora. Não podemos manter aceso o fogo de nosso próprio coração, a menos que dia a dia o reavivemos no altar de Deus. Para isto convida à solitária meditação, estudo e oração. O programa do ministro deve, acima de tudo, reservar uma porção de cada dia para ser preenchida com o alimento da própria alma. “Tem cuidado (primeiro) de ti mesmo.”

Na consideração do repouso e relaxação, es-tamos ainda tratando com o que é imperativo e essencial no programa do ministro. Esta necessidade não pode ser desprezada, se queremos que nossa obra seja eficiente e aceitável.

Diz a irmã White em Obreiros Evangélicos:

“Alguns de nossos ministros acham que pre-cisam de realizar cada dia qualquer trabalho que possam relatar para a Associação. E, em resultado de buscar fazê-lo, seus esforços são muitas vezes débeis e ineficientes. Eles devem ter períodos de repouso, de inteira libertação de trabalho esforçado.” — Pág. 237.

A Seus apóstolos Jesus disse: “Vinde vós, aqui à parte… e repousai um pouco.” (S. Mar. 6:31.) A nós, é-nos dito:

“As compassivas palavras de Cristo se dirigem a Seus obreiros hoje em dia, da mesma maneira que aos discípulos…. Não é sábio estar sempre sob a tensão do trabalho ou excitação, mesmo no ministrar às necessidades espirituais dos homens; pois assim a piedade pessoal é negligenciada, e a resistência mental, física e espiritual é sobrecarregada….

“Deus é misericordioso, cheio de compaixão, razoável em Suas exigências…. Ele não nos pede que sigamos uma maneira de proceder que dará em resultado a perda de nossa saúde física, ou o enfraquecimento das faculdades mentais. Ele não quer que trabalhemos sob pressão ou tensão até ficarmos exaustos, com prostração nervosa. Há necessidade de que os escolhidos obreiros de Deus escutem a ordem de sair à parte e descansar um pouco.” — Idem, págs. 240-242.

Como temos notado, “Eles (os ministros) devem ter períodos de repouso, de inteira libertação de trabalho esforçado.” A sentença seguinte reza: “Esses períodos, porém, não podem tomar o lugar do exercício físico diário. Pregar, visitar e administrar às variadas necessidades que surgem é trabalho exaustivo, quando feito fiel, conscienciosamente e bem. Produz tensão mental e fadiga. O exercício físico leva o sangue do cérebro a outras partes do corpo, estimulando a circulação e ajudando a digestão, e produz muitas outras bênçãos para o bem da saúde. Revigora e refrigera, ajuda a dormir melhor à noite e a produzir mais trabalho útil durante o dia. O exercício diário faz parte de nossa atividade. É essencial para um ministério bem-sucedido.

“Irmãos, quando dedicais tempo a cultivar vosso jardim, adquirindo por esta forma o exercício necessário para manter o organismo em bom funcionamento, estais fazendo a obra de Deus como ao dirigir reuniões.” — Idem.

Uma afirmação ainda mais enfática encontra-se em Evangelismo, pág. 661:

“É uma positiva necessidade para a saúde física e clareza mental fazer trabalho manual durante o dia.”

O problema agora está em como melhor podemos organizar nosso trabalho, de modo a que esses seis pontos essenciais sejam postos no seu devido lugar. Devemos examinar nossa obra e organizá-la de maneira tal que nosso ministério represente um programa bem balançado, em vez de um frenético esforço para manter-nos em dia com as responsabilidades mediante contato rápido e muitas vezes uma aproximação fútil e frustrada. É possível gastarmo-nos mais pela inquietação, ao assim procedermos, do que pela própria execução do trabalho.

Sem dúvida, não podemos seguir todos o mesmo programa; nossa obra é demasiado variada, e as constituições físicas diferem umas das outras. Recente (na época) artigo de revista dividiu os diferentes tipos de indivíduos em três categorias:

  • 1 Os que começam pela manhã “como um furacão”, mas à tarde estão “exaustos”.
  • 2- Os que acham difícil erguer-se pela manhã, começam lentamente, mas à tarde aquecem e trabalham até a metade da noite.
  • 3- Os que começam bem, afrouxam lentamente ao meio-dia, tiram talvez uma sesta após o almoço, e estão em forma de novo à tarde.

Reconhecendo que somos diferentes e que nossos programas variarão, cada qual deve, portanto, ter o seu programa. Algum dia seremos chamados a dar contas da maneira em que usamos o tempo na obra de Deus. De Cristo é dito:

“Cristo não deu serviço mesquinho. Ele não mediu Seu trabalho por horas. Seu tempo, coração, alma e forças foram dados ao serviço em favor da humanidade. Durante os dias cansados, lidava, e através das longas noites curvava-Se em oração, em busca de graça e resistência para que pudesse realizar uma obra maior.” — Obreiros Evangélicos, pág. 289.

“Os que estudam a maneira de dar o menos possível de sua energia física, mental e moral, não são os obreiros sobre quem Ele pode derramar abundantes bênçãos.” — Idem, págs. 298 e 299.