Uma entrevista simulada de “O Ministério” com a Sra. White, sobre os últimos anos do ministério do apóstolo Pedro, baseada no livro Atos dos Apóstolos.
Pergunta: Poderia falar alguma coisa sobre o apóstolo Pedro, relacionada com o seu ministério, após os acontecimentos do Pentecostes?
Resposta: ‘‘Pouca menção se faz no livro de Atos quanto ao último trabalho do apóstolo Pedro. Durante os ativos anos de ministério que se seguiram ao derramamento do Espírito no dia do Pentecostes, ele se encontrava entre os que incansavelmente se empenhavam para entrar em contato com os judeus que vinham a Jerusalém para adorar por ocasião das festividades anuais.
“Aumentando o número de crentes em Jerusalém e outros lugares visitados pelos mensageiros da cruz, os talentos do apóstolo Pedro se provaram de inestimável valor para a primitiva igreja cristã. A influência de seu testemunho referente a Je-sus de Nazaré se estendia amplamente. Sobre ele havia sido posta dupla responsabilidade. Dava ele perante os incrédulos positivo testemunho com respeito ao Messias, trabalhando fervorosamente para a conversão deles, fazendo ao mesmo tempo trabalho especial pelos crentes, fortalecendo-os na fé em Cristo.
Pergunta: Qual o seu ponto de vista a respeito da única condição que Jesus impôs a Pedro, para que ele apascentasse as Suas ovelhas?
Resposta: “Conhecimento, benevolência, eloqüência, zelo — tudo isto é essencial para um bom trabalho; mas sem o amor de Cristo no coração, a obra do ministro cristão é um fracasso.
“O amor de Cristo não é um sentimento volúvel, mas um princípio vivo, o qual se manifesta como um poder permanente no coração. Se o caráter e a conduta do pastor são um exemplo da verdade que advoga, o Senhor porá em sua obra o selo de Sua aprovação. O pastor e o rebanho serão um, unidos pela comum esperança em Cristo.
Pergunta: As cartas de Pedro às igrejas da Galácia são muito lidas e estimadas pela Igreja ainda hoje. Poderia falar alguma coisa sobre esses escritos?
Resposta: “Nos últimos anos de seu ministério, Pedro foi inspirado a escrever aos crentes ‘dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia’. Suas epístolas foram o meio de reavivar o ânimo e fortalecer a fé daqueles que estavam sofrendo provas e aflições, e de renovar as boas obras dos que, assediados por tentações de toda ordem, estavam em perigo de perder o seu apego a Deus. Essas cartas levam a impressão de terem sido escritas por alguém em quem os sofrimentos de Cristo, bem como Sua consolação, tinham sido abundantes; alguém cujo ser todo tinha sido transformado pela graça, e cuja esperança de vida eterna era certa e firme. …
“As palavras do apóstolo foram escritas com o objetivo de instruir os crentes de todas as épocas, e têm significado especial para os que vivem no tempo em que ‘já está próximo o fim de todas as coisas’. Suas exortações e advertências, bem como suas palavras de fé e ânimo, são de necessidade para todas as almas que desejem conservar sua fé ‘firmemente’ ‘até o fim’. Heb. 3:14.
Pergunta: Por que teria Pedro realçado a posição de “raça eleita, sacerdócio real e nação santa” dos destinatários de sua carta?
Os cristãos que receberam as cartas do apóstolo Pedro viviam entre pagãos, ou pessoas que adoravam ídolos e serviam a divindades mitológicas. Essa seria a razão para que Pedro lhes falasse sobre “raça eleita, sacerdócio real e nação santa, povo de propiedade exclusiva de Deus”.
Resposta: “Muitos dos crentes a quem Pedro dirigiu suas cartas estavam vivendo no meio do paganismo, e muito dependia de permanecerem eles fiéis à alta vocação de sua profissão. O apóstolo insistia em seus privilégios como seguidores de Cristo Jesus. ‘Vós sois a geração eleita’, escreveu, ‘o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz’.
Pergunta: Pedro dá muito realce à questão das provas. Fale um pouco a esse respeito.
Resposta: “As provas são parte da educação recebida na escola de Cristo, para purificar os filhos de Deus da escória do que é terreno. É porque Deus está guiando Seus filhos que lhes sobrevêm experiências probantes. Provas e obstáculos são Seus métodos escolhidos de disciplina, e as condições por Ele indicadas para o êxito. Aquele que lê os corações humanos conhece-lhes as fraquezas melhor do que eles mesmos as poderiam conhecer. Ele vê que alguns têm qualificações que, se apropriadamente dirigidas, poderiam ser usadas no avançamento de Sua obra. Em Sua providência Ele leva essas almas a diferentes posições e variadas circunstâncias, para que possam descobrir os defeitos que estão ocultos ao seu próprio conhecimento. Dá-lhes oportunidades de vencer esses defeitos, habilitando-se para o serviço. Não raro permite que o fogo da aflição os abrase, a fim de serem purificados.
Pergunta: O apóstolo Pedro sempre considerou as provas indispensáveis ao fortalecimento espiritual dos crentes?
Resposta: “Houve tempo na experiência de Pedro em que ele não se dispunha a ver a cruz na obra de Cristo. Quando o Salvador deu a conhecer aos discípulos os sofrimentos e morte que O esperavam, Pedro exclamou: ‘Senhor, tem compaixão de Ti; de modo nenhum Te acontecerá isso.’ S. Mat. 16:22. A compaixão própria, que se esquivava de seguir a Cristo no sofrimento, preparou as razões de Pedro. Foi para o discípulo uma amarga lição, que ele não aprendeu senão vagarosamente, a de que a senda de Cristo na Terra é feita de sofrimento e humilhação. Porém na fornalha de fogo ardente devia ele aprender essa lição. Agora, quando seu corpo outrora ativo estava curvado ao peso dos anos e trabalhos, pôde ele escrever: ‘Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da Sua glória vos regozijeis e alegreis.’
Pergunta: Que comentário faz a senhora a respeito da maneira como deveriam agir aqueles que têm a responsabilidade de cuidar das igrejas e que são chamados de subpastores?
Resposta: “Dirigindo-se aos anciãos da igreja, no tocante a suas responsabilidades como subpastores do rebanho de Cristo, o apóstolo escreve: ‘Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.’
Pergunta: O que se deve entender por cuidar do rebanho, que o dirigente deveria revelar sobre “o rebanho de Deus” algum traço de prepotência?
Resposta: “Os que ocupam a posição de subpastores devem exercer atento cuidado sobre o rebanho do Senhor. Isto não quer dizer vigilância ditatorial, mas que propenda a encorajar, fortalecer e alevantar. Ministrar significa mais que pregar sermões; significa trabalho zeloso e pessoal. A igreja na Terra é composta de homens e mulheres falíveis, que necessitam de esforços laboriosos e pacientes para que sejam disciplinados e educados para trabalhar de forma aceitável nesta vida, e serem na futura coroados de glória e imortalidade. Necessita-se de pastores — pastores fiéis — que não lisonjeiem o povo de Deus, nem o tratem com dureza, mas alimentem-no com o pão da vida — homens que sintam diariamente na vida o poder convertedor do Espírito Santo, e que cultivem amor forte e altruísta por aqueles por quem trabalham.
Pergunta: Que espírito deve revelar o verdadeiro pastor?
Resposta: “O espírito do verdadeiro pastor é de inteiro esquecimento de si mesmo. Ele perde de vista o eu para que possa fazer as obras de Deus. Pela pregação da Palavra e pelo ministério pessoal nos lares do povo, toma conhecimento de suas necessidades, tristeza e provas; e, cooperando com Aquele que leva o maior fardo, participa das aflições deles, conforta-os em seus dissabores, farta-lhes a alma faminta e salva-lhes o coração para Deus. Nesta obra é o ministro assistido pelos anjos do Céu, sendo ele próprio instruído e iluminado na verdade que o torna sábio para a salvação.
Pergunta: Em sua segunda carta, o apóstolo Pedro apresenta uma lista de virtudes que o cristão deve procurar com diligência possuir. Poderia falar sobre essas virtudes?
Resposta: “Estas palavras são plenas de instrução e ferem a nota tônica da vitória. O apóstolo apresenta perante os crentes a escada do progresso cristão, cujos degraus representam cada qual um acréscimo no conhecimento de Deus e em cuja ascensão não deve haver parada. Fé, virtude, ciência, temperança, paciência, piedade, amor fraternal e caridade são os degraus da escada. So-mos salvos pelo subir degrau a degrau, passo após passo, para o alto ideal de Cristo para nós. Assim, é Ele feito para nós sabedoria, e justiça, e santificação e redenção.’’