Desde que foi realizada por Jesus e Seus discípulos em um “espaçoso cenáculo” (Luc. 22:12) de Jerusalém, naquela noite de quinta-feira, a ceia do Senhor vem sendo repetida no meio da cristandade, cumprindo assim a ordem do Mestre, dada ainda no momento em que a cerimônia estava em andamento: “Fazei isto em memória de Mim” (Luc. 22:19). Alguns a entendem de uma for- ma, outros de maneira diferente, mas a recordação permanece. Os adventistas a celebramos da forma pela qual é conheci da em nossas igrejas.
Certamente tem constituído uma bênção para a família adventista, reunir-se de tempos em tempos para essa festividade espiritual da mais elevada espécie. Um sentimento de contrição, aliado a um espírito alegre e agradecido, toma posse de todos aqueles que se aproximam da mesa do Senhor para comemorar-Lhe os sofrimentos e morte.
Notícias que nos vêm dos primórdios do movimento adventista, dão conta de que naquele tempo já se dava grande importância à ocasião em que era realizada a Ceia do Senhor. O livro Evangelismo, pág. 274, informa: “Nos dias primitivos do movimento do advento, quando éramos poucos em número, a celebração das ordenanças tornava-se uma ocasião das mais proveitosas. Na sexta-feira anterior, todo membro da igreja buscava remover tudo quanto contribuísse para separá-lo de seus irmãos e de Deus.”
O tempo não conseguiu diminuir os sentimentos elevados de que são possuídos aqueles que se reúnem para tomar os símbolos do corpo e do sangue de nosso bendito Mestre. Nesse momento, a mente é “avigorada” e, entrando em atividade e vida, destruirá toda barreira que haja causado desunião e afastamento. Os pecados que hajam sido cometidos aparecerão com mais notoriedade que nunca dantes; pois o Espírito Santo no-los trará à lembrança”. — Idem, pág. 275.
A celebração da Santa Ceia
Visto referir-se a um acontecimento de tão grande magnitude como é a morte de nosso Senhor Jesus, a Ceia do Senhor requer que lhe dispense mos atenções especiais, e esses cuidados estão relacionados, em especial, com o trabalho dos oficiantes. A estes, principalmente, é feita a recomendação: “Esta cerimônia não deve ser realizada às pressas, mas com fervor, tendo em vista seu propósito e objetivo.” — Manual Para Ministros, pág. 91.
O Manual orienta aqueles que oficiam a Ceia do Senhor em muitos aspectos. Diz, por exemplo, que “o pastor, acompanhado de outros ministros, ou do ancião ou anciãos locais, toma seu lugar atrás da mesa sobre a qual se colocaram o pão e o vinho, cobertos com toalha limpa, enquanto os diáconos tomam o seu lugar na fila da frente, defronte da mesa… É aconselhável em alguns casos ter duas ou mais diaconisas junto à mesa para cuidarem das toalhas, quando estas devem ser postas ou tiradas” (Idem, pág. 94).
Essas, bem como grande parte dos atos que fazem parte da cerimônia, constituem instruções sabidas e postas em prática por todos aqueles que ministram os emblemas do corpo e do sangue do Senhor. Rara mente o pastor ou ancião não estão familiarizados com todos estes passos, e aqueles que ainda não tiveram tempo de memorizá-los têm à sua disposição as instruções, podendo delas se valer quando quiserem.
Existem, porém, pequenas coisas que talvez não apareçam no Manual, e que devem ser dispensadas, umas, e outras seguidas. As primeiras, por se tratarem de excesso de escrúpulo, muitas vezes; e as últimas, talvez por falta dele ou simples- mente por algum descuido.
Conheci, por exemplo, um oficiante que, ao preparar a cerimônia da comunhão, excedia-se nas precauções que tomava com respeito a higiene. Exigia que antes de se apresentarem para tomar parte no cerimonial, removendo as toalhas, as diaconisas tomassem banho. Embora fosse de se supor que esse cuidado fosse tomado pelas irmãs indicadas para a celebração, tornar isso uma norma indispensável nessa ocasião pode afigurar-se um excesso de escrúpulo.
Por outro lado, é sempre bom que o oficiante não se esqueça de tomar algumas precauções indispensáveis. Uma de las é cuidar para que haja um recipiente com água limpa, caso não se tenha uma torneira, a fim de que todos os que vão manusear o pão possam lavar as mãos após ter tomado parte no lava-pés. Em alguns lugares, essa providência é tomada diante do auditório, a fim de que todos se sintam despreocupados quanto à higiene.
O pastor e demais pessoas que manuseiam o pão, no momento em que este deve ser oferecido à igreja, não deveriam cumprimentar mais nenhum dos membros, até que tenham acabado de servir o símbolo do corpo de Cristo. Não tendo que manusear o pão para servi-lo à congregação, o membro cumprimentado não sente necessidade de lavar convenientemente as mãos, embora talvez devesse. Se os oficiantes o cumprimentam, acabam ficando com as mãos inadequadamente limpas.
Em frente à mesa
Cuidados semelhantes devem ser tomados depois que a mesa está posta e os oficiantes procedem à cerimônia. Embora as diaconisas possam re tirar a toalha grande que cobre tanto as bandejas com o suco de uva, como as que contêm o pão, as toalhas menores não deveriam ser retiradas enquanto alguém estiver falando. Partículas de saliva, imperceptíveis, poderão ser expelidas nesse momento, e irão certamente cair sobre os alimentos ali existentes. Se estiverem cobertos esse problema poderá ser evitado.
Mesmo a Bíblia ou o hinário, não deveriam ser colocados sobre as toalhas. Esses livros, conquanto devam ser manuseados com todo respeito, em ocasiões normais, no momento da Ceia do Senhor, deveriam ser pouco usados por aqueles que irão partir o pão. Muitas vezes foram eles segurados ao andarmos de ônibus e outros meios de transporte, e se tornam portadores de germes. Seria bom, portanto, que não os utilizássemos antes de quebrar o pão. O ideal seria que houvesse livros destinados ao ato exclusivo da Santa Ceia.
Um costume usado em algumas ocasiões de Santa Ceia, e que merece ser seguido, é o da utilização de guardanapo de papel para os oficiantes limparem as mãos depois de partirem o pão. Como se sabe, o pão da Santa Ceia leva óleo, e ao ser manuseado deixa fragmentos gordurosos nas mãos de quem nele pegou. É aconselhável, portanto, que se utilizem guardanapos, de preferência, descartáveis.
Como fazer o pão?
Finalmente, algumas considerações a respeito de como se deve fazer o pão da Santa Ceia. Parece um cuidado que não merece ser mencionado, mas na verdade a experiência tem revelado que, mesmo em igrejas mais numerosas e que dispõem de mais recursos, há falhas nessa questão. Boas donas-de-casa existem que, na hora de fazer o pão da Santa Ceia, encontram dificuldade.
Por certo os membros da igreja, acostumados a participar da cerimônia da comunhão, já notaram que ao receberem a porção simbólica do corpo de Cristo, tiveram problema para dissolvê-la na boca. Em uns casos, a partícula de pão é esboroenta, por excesso de óleo; em outros, é excessivamente dura, exigindo bons dentes para triturá-la. Por esse motivo, o Manual Para Ministros, pág. 98 fornece uma receita, que deveria ser fornecida pelo pastor ou ancião da igreja à diaconisa ou pessoa que ficar responsável pela fabricação do pão. É a seguinte:
“Ingredientes
(Para uma igreja pequena).
— Três xícaras de farinha branca, meia xícara de azeite ou nata espessa, um pouquinho de sal e um pouco de água. “Ponha-se a farinha num prato, acrescente-se-lhe o sal e misture-se bem com a nata (ou óleo); umedeça-se com água bem fria, até que tome a consistência de uma sólida massa de torta. Amasse- se bem com a mão por quinze minutos. Dê-se à massa a forma de pãezinhos de uns doze centímetros de cada lado e três milímetros de espessura. Risquem-se esses pães com uma faca, em divisões de cerca de centímetro e meio em quadro, de modo que depois se possa partir facilmente, e perfure-se cada quadradinho a fim de impedir que se for mem bolhas de ar. Ponham-se os pães em formas previamente polvilhadas e levem-se ao forno, cuidando para que não se tostem ou queimem.”
Eis, portanto, algumas recomendações oportunas para que a Santa Ceia se torne uma ocasião bastante agradável para todos, e um motivo para nos aproximarmos uns dos outros e de nosso amado Senhor.