Atribuir um papel específico à esposa do pastor, nos dias atuais, pode significar a causa de considerável desconforto e frustração às pessoas que nutrem muitas expectativas a seu respeito e a ela própria.

E m certa igreja, uma senhora dirigiu-se à esposa do recém-chegado pastor e indagou: “Você é professora?” A jovem esposa respondeu: “não”. “Bem, você toca piano?” Novamente a resposta: “não, sinto muito”. Girando sobre os calcanhares, aquela irmã afastou-se bruscamente. Depois disso, raramente falava com a esposa do pastor. Evidentemente imaginara que ela fosse capaz de fazer as duas coisas, e não pôde aceitar que fosse diferente.

Três tipos de esposa

Como deve uma esposa de pastor responder às expectativas quanto ao seu papel na igreja? Para encontrar uma resposta apropriada para essa pergunta, vamos considerar três modelos de esposa de pastor.

O primeiro modelo é aquela que pretende fazer tudo. Tenta reunir cada expectativa congregacional. Partilha, lado a lado com o esposo, seu zelo e missão. Pode dizer que se sente chamada para ser esposa de pastor.

O perigo desse estilo é que ele pode gerar certos problemas e perturbações em virtude do excessivo envolvimento. Uma esposa foi solicitada para servir à igreja de seu marido, como anciã. Iniciaimente recusou. Entretanto, a comissão de nomeações manteve-se tão insistente que ela acabou cedendo. Foi o bastante para que a irmandade se dividisse.

O segundo modelo de esposa de pastor é representado por aquela que não faz na-da. Felizmente é minoria. Não alimenta o menor interesse de envolvimento nem apóia o trabalho do esposo. Ela simplesmente casou com um homem que por acaso é pastor, e fatalmente nutrirá amargura contra a igreja e o ministério. Provará ser um obstáculo para o evangelho, especialmente se ela não for religiosamente amadurecida.

Pesquisas mostram que os pastores confiam fortemente nas respectivas esposas, enquanto apoio para seu trabalho. Quando esse apoio falta, não raro acabam deixando o ministério.

Finalmente, há o terceiro modelo: a esposa que age com equilíbrio. É um sustentáculo para o trabalho do marido, mas não é inclinada a tomar parte ativa em todas as coisas. Não se enquadra no conceito de “dois por um” — dois pastores pelo preço de um. Às vezes está voltada para uma profissão e tem pouco tempo e energia disponíveis para dedicar-se a um papel mais ativo na igreja. Ou possui crianças pequenas às quais precisa dedicar mais de seu tempo.

Essa esposa ama ao seu Senhor, a Sua Igreja, mas valoriza o seu direito de escolher piedosamente onde e como deve estar envolvida. Ela não se sente obrigada a aceitar qualquer outra função que lhe seja imposta, só porque é esposa do pastor. Mesmo assim apóia de todo o coração o trabalho do marido.

Qualquer que seja o papel que deve desempenhar, a esposa do pastor tem o direito de escolhê-lo por si mesma. Ela necessita de coragem e força para ser ela mesma. Deve aceitar amavelmente o trabalho para o qual se sente capacitada, e confortavelmente dizer não àquele que julga ser-lhe inadequado.

Muitas esposas são extremamente leais ao esposo e à Igreja. Embora o seu papel tenha sofrido muitas mudanças nos últimos anos, muitas delas não escondem a felicidade sentida pelo envolvimento com o ministério. Indubitavelmente casariam de novo com um pastor, se fosse o caso. Possuem talentos especialmente direcionados ao trabalho da igreja, e garantem que o exercício dessa vocação produz um tal sentimento de realização pessoal que nenhuma outra coisa pode proporcionar.

O esposo pode ajudar

Algumas vezes a esposa não atuante mostra-se subitamente disposta a ajudar, mas acaba desencorajada devido ao superenvolvimento do marido com a igreja. Ela se sente trocada por um outro amor — a igreja. Desiste de “competir”, mas não consegue perdoar a sua “rival”.

Evidentemente o pastor tem de trabalhar duro. Mas ele necessita avaliar seus motivos, se o corre-corre leva-o a negligenciar a família. São realmente necessárias as longas horas de trabalho, ou o ministério é uma maneira de conseguir afirmação pessoal através de alguma promoção? Diante da igreja o pastor pode ser um homem de Deus. No lar, ele é apenas humano.

Finalmente, a esposa de pastor usualmente sente que sua principal função é ser um ponto de apoio. Isso é ótimo, mas para manter o esposo feliz, deve ela mesma estar feliz. Nesse sentido, o pastor pode ajudá-la, desde o primeiro dia em que assumir a liderança de qualquer igreja, dizendo algo como: “Minha esposa é a minha melhor amiga e o meu mais forte ponto de apoio. É muito talentosa e aprecia trabalhar para a igreja. Por outro la-do, ela não se sente vocacionada para áreas como magistério ou música. Seus dons são outros, e ela se sentirá muito feliz fazendo justamente aquilo para o que se sente capaz.”

As pessoas serão mais compreensivas quando conhecem a sua posição desde o início.

Sim, nós podemos contribuir para que a esposa do pastor seja feliz. Deixemos que ela use seus próprios dons e escolha seu papel. Então vamos apoiá-la em sua escolha.