O título deste editorial é a tradução livre da obra do Pastor Robert Folkenberg, lançada neste ano em que se registra o sesquicentenário do grande movimento profético adventista. A frase, que é o título original do livro – We Still Believe -, vem precedida pela declaração “depois de 150 anos de espera, de vigilância e de esperança…”. É um livro para ser lido com as emoções do coração e com as reflexões da cabeça. Como adventista, e ao mesmo tempo como presidente mundial da Igreja, Folkenberg desfia uma a uma as razões de seu “ainda”, que se constata muito forte.

A familiarização com os argumentos do Pastor Folkenberg leva-nos inevitavelmente à confrontação com uma pergunta: Como estamos administrando nosso “ainda”?

A falta de leitura e de meditação sobre a volta de Jesus Cristo subtrai-nos a percepção de sua realidade. Os Reformadores do século XVI enfrentaram, entre outros problemas, a postura filosófica vigente, segundo a qual “para crer é necessário entender”. Mas eles a derrotaram, invertendo a ordem dos verbos; e advogaram que “para entender é preciso crer”.

Não se menosprezava a capacidade humana de compreender a natureza das coisas. O que se fazia era afirmar a supremacia da Revelação, que alcança o homem pelos canais da fé, antes mesmo que ele tenha condições de dar qualquer explicação dentro da lógica humana. Nossa necessidade maior, na atualidade, não é de abrangência, mas de profundidade. Não necessita-mos de explicações novas sobre a “demora de Deus”. Necessitamos, sim, de entrar naquelas áreas conhecidas apenas superficialmente, e receber um sopro novo de Revelação para crer nos esquemas de Deus, para entender o que devemos ser e fazer enquanto aguardamos Sua volta.

Lemos nas Escrituras: “Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque ainda dentro de pouco tempo Aquele que vem virá, e não tardará; todavia, o Meu justo viverá pela fé; e se retroceder, nele não se compraz a Minha alma.” (Heb. 10:35-38).

E mais: “Tendo em conta, antes de tudo que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões, e dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Não retarda o Senhor a Sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (II Ped. 3:3,4, 8 e 9).

Mesmo que, do ponto de vista humano, pareça demorar, o Senhor cumprirá a promessa que fez e que se tornou a mais doce esperança cristã, anunciada pelos profetas, celebrada nos Salmos, encarecida pelos apóstolos e acariciada pelos cristãos de todas as eras: “Voltarei, e vos receberei para Mim mesmo, para que onde Eu estou estejais vós também” (João 14:3).

A leitura e a meditação sobre a volta de Jesus Cristo darão ao Espírito Santo a oportunidade por Ele desejada, para retemperar o núcleo de nossas esperanças e de nossas certezas. Nossos sermões, por via de conseqüência, fortalecerão os corações, igualmente necessitados de esperança e carentes de certeza, daqueles colocados por Deus à nossa frente, semanalmente, para ouvir, crer e entender.

“Apesar das aparências em contrário, os fatos não estão escapando da mão de Deus. Ele mantém o controle porque é o Senhor da História… Do homem de fé, Deus pede a perseverança e a confiança…” (C. Masters).

— José M. Viana.