A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu como resultado do cumprimento de profecias específicas das Sagradas Escrituras.

Para os adventistas, Apocalipse 10:8-11 soa muito familiar: “A voz que ouvi, vinda do Céu, estava de novo falando comigo e dizendo: vai, e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele então me fala: toma-o, e devora-o; certamente ele será amargo ao teu estômago, mas na tua boca, doce como mel. Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e na minha boca era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. Então me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.”

Essas palavras nos levam de volta ao livro de Daniel. “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro”, (Dan. 12:4). O livro mencionado por João, em Apocalipse, representa o livro de Daniel que havia sido selado. Deve ser adicionada a esse fato a profecia de Daniel 8:14, que alude à purificação do Santuário Celestial. No idioma original, o termo do qual se traduz a palavra “purificado” traz, entre outros significados, a idéia de restaurar. Ou seja, no final dos 2.300 anos, em 1844, Deus suscitaria um povo que continuaria a completar o processo da verdade que “o chifre pequeno … deitou por terra” (Dan. 8:9-12).

A expressão “o livrinho … na minha boca era doce” teve seu cumprimento no gozo que experimentaram Guilherme Miller e seus seguidores, os mileritas, ao pregarem com todas as suas energias que Cristo voltaria logo. Essa promessa os encheu de contentamento.

Miller não pregou sozinho. Aproximadamente 300 ministros uniram-se a ele. Chegaram a ter auditórios de até quinze mil pessoas. A Obra de Publicações ocupou um lugar preponderante no movimento milerita. Foram editados 50 distintos periódicos, mui-tos deles em conexão com as séries de conferências que apresentavam. Em 1842, a tiragem total foi de 50 mil exemplares; um milhão em 1843, e cinco milhões em 1844. Esse grande processo editorial pôde cristalizar-se graças aos recursos financeiros que abundante e generosamente vinham das mãos dos membros que se sentiam peregrinos no mundo.

Mais de 50 mil pessoas aceitaram a preciosa mensagem do retorno de Jesus.1 Preparavam-se para encontrar com Ele em 22 de outubro de 1844. Aquele dia, no entanto, passou e o Senhor não veio. Cumpriram-se, então, as palavras: “quando, porém, o comi, meu estômago ficou amargo”.

Sombra desfeita

Um dos grupos que se formaram depois do desapontamento, o menor de todos, decidiu continuar estudando as Escrituras para encontrar uma resposta ao problema existencial e teológico que viviam. Esquadrinhando os livros de Hebreus, Daniel e Levítico, encontraram que o santuário que havia de ser purificado não era a Terra, mas o Santuário Celestial. Acharam que a purificação do santuário terrestre, por parte do sumo sacerdote, no Dia da Expiação, simbolizava o ministério de Cristo como o grande Sumo Sacerdote que havia começado Sua obra de purificação antitípica do Santuário Celestial, em 22 de outubro de 1844.

Descobriram que Jesus, nesse dia, passara do Lugar Santo para o Lugar Santíssimo, a fim de iniciar o Juízo Investigativo, ou Pré-advento. A sombra se desfazia.

“O assunto do Santuário foi a chave que aclarou o mistério do desengano de 1844. Revelou todo um sistema de verdades, que formavam um conjunto harmonioso e demonstravam que a mão de Deus havia dirigido o grande movimento adventista, e ao expor a situação e a obra de Seu povo, indicava-lhe qual era seu dever dali para frente.”2

Aqueles nossos irmãos viram em Apocalipse 10:11 uma profecia da tarefa que ainda tinham que realizar, antes que Cristo voltasse. Tais descobertas bíblicas revitalizaram a fé daqueles servos de Deus.

Certamente, o engano de Miller e seus associados não foi maior que o dos discípulos, no ano 31 d.C. Quando Cristo morreu crucificado, eles ficaram realmente desapontados, porque esperavam um Messias triunfante que os libertasse social, econômica e politicamente (Luc. 24:13-21). Interpretaram erroneamente a missão messiânica, apesar de todas as orientações a respeito, recebidas do Céu (Gên. 3:15; Isaías 53; Dan. 9:24-27; Mat. 16:21).

E surge a pergunta: Por que, finalmente, Deus deixou que o milerismo avançasse com tanto êxito e permitiu o desapontamento? O Senhor desejava chamar a atenção das multidões para o grande Dia da Expiação antitípica que se iniciou em 22 de outubro de 1844.

Uma mensageira

No contexto histórico do fim dos 1.260 anos, encontra-se a predição de Apocalipse 12:17: “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.”

Por essa época, surgiria então um remanescente que seria caracterizado pela guarda dos “mandamentos de Deus” e a posse do “testemunho de Jesus”. De acordo com as palavras encontradas em Apocalipse 19:10, “o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”, ou o dom de profecia.

Cremos, e com sólida base bíblica, que esse dom de profecia foi manifestado na Igreja Adventista do Sétimo Dia através da vida e do ministério de Ellen G. White.

O Senhor agraciou-a com a primeira visão, exatamente em dezembro de 1844. As quase cem mil páginas de conselhos inspirados que ela escreveu, nos conduzem à Bíblia, ajudam-nos a interpretá-la e a aplicar seus princípios às diversas situações que enfrentamos e deveremos enfrentar individualmente e como Igreja. Todo esse legado de orientações divinas tem contribuído grande mente para tomar a Igreja vitoriosa diante das crises que tem enfrentado ao longo de sua trajetória.

Uma mensagem

 A Igreja Adventista é portadora de uma mensagem especial para o mundo. Como numa cápsula, ela está contida em Apocalipse 14:6-12: “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua e povo, dizendo em grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição. Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem, e recebe a sua marca na fronte, ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem, e quem quer que receba a marca do seu nome. Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.”

Não é nosso propósito, neste artigo, entrar nos pormenores dessa porção escriturística. Nela estão contidos o evangelho eterno, o Juízo Pré-advento, a partir de 1844; uma admoestação contra a apostasia generalizada, uma advertência quanto aos resultados que experimentarão aqueles que recebem a marca da besta e, finalmente, a obediência aos mandamentos de Deus como fruto da fé em Jesus Cristo.

Como Igreja, devemos dar à trombeta o sonido certo. O portador de tão urgente e significativa mensagem não deveria ser diluído pelo desejo de receber o aplauso dos homens da Terra. Jamais deveremos permitir, portanto, que o secularismo se imiscua em nossas fileiras.

Uma missão

Sabemos que os três anjos do Apocalipse não devem ser compreendidos no sentido literal. Os anjos celestiais não serão designados para ocupar o nosso lugar na transmissão da mensagem de salvação em Cristo, embora possam fazê-lo muitíssimo bem. Esses três anjos apocalípticos são simbólicos, e representativos da tarefa evangelizadora que a Igreja deve levar a cabo.

Através de sua história, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem evidenciado um desenvolvimento na compreensão da idéia missiológica. Neste avanço crescente são percebidos cinco estágios ou períodos, conforme veremos:

Primeiramente, de 1844 a 1852, os crentes adventistas entendiam que a missão estava limitada aos mileritas. Posteriormente acreditou-se, durante os anos 1852 a 1874, que a missão estava restrita à América do Norte. Ampliando um pouco mais a compreensão, entre 1874 e 1901, a Igreja acreditou que a missão devia ficar circunscrita aos países cristãos. Só durante os anos 1901 a 1950, a Igreja aceitou a idéia de missão a todo o mundo. E, a partir de 1950, esforços têm sido envidados no sentido de sistematizar a missão.1 2 3 4 5 6

É nesse último período que estratégias têm sido elaboradas a fim de alcançar muçulmanos, ou levar o evangelho aos judeus, por exemplo. A Igreja mundial tem sido desafiada por projetos tais como “mil almas por dia”, durante os “Mil Dias de Colheita”, ou “Alcançar os Não Alcançados”, no projeto “Colheita 90”.

Atualmente, o plano de “Missão Global” é o grande desafio que está diante de todos nós. Há uma tarefa inconclusa, que deve ser terminada. Devemos penetrar em bairros, cidades, povos, nações e grupos étnico-lingüísticos, onde não existe ainda a presença adventista.

Prioridade máxima

A missão é responsabilidade de todos os que fomos redimidos pelo sangue de Cristo e aceitamos Sua soberania. “A missão primária corresponde a Deus, porquanto foi Ele quem enviou os profetas, Seu Filho e o Espírito Santo. Dentre todas as tarefas desempenhadas, a do Filho é fundamental em virtude de ser a culminação do ministério dos profetas, e porque compreendia, em si mesma, como o clímax, o envio do Espírito. E, agora, o Filho envia assim como Ele mesmo foi enviado. Durante Seu ministério público, comissionou, primeiramente, apóstolos, e depois os setenta, como uma espécie de extensão do Seu próprio ministério de pregação, ensino e cura. Logo, após Sua morte e ressurreição, ampliou o alcance de Sua missão, a fim de incluir a todos os que O reconhecem como Senhor e que se consideram Seus discípulos.”4

Recebemos de Deus uma incumbência: “A Igreja é o meio assinalado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é a de anunciar o evangelho ao mundo.”5

Enquanto cumprimos nossa missão, projetando-nos do passado ao futuro, é oportuno que nos perguntemos: “Onde vamos estar, daqui a 150 anos?” Esperamos estar no Lar celestial. “Porque sabe-mos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” (Rom. 8:22 e 23).

Hoje, 150 anos desde 1844, temos novamente a oportunidade de refletir e re-consagrar nossa vida a Cristo, a quem esperamos contemplar voltando brevemente. Sim, esta é a oportunidade de renovar nosso compromisso com a missão de anunciar Sua salvação e Seu iminente retorno à Terra.