O centro de atenção, o alvo principal de todos os sistemas – sejam eles de ordem filosófica, religiosa, educacional ou política – são as crianças e os jovens. A razão para isso é que eles são mais abertos a novas mensagens, novas idéias; são mais influenciáveis e plasmáveis.

Lênin, um dos maiores artífices do moribundo comunismo, afirmou: “Dêem-me quatro anos para ensinar às crianças, e as sementes que eu plantar jamais serão extirpadas”. Essa é a grande razão porque as crianças e os jovens são tão visados pela propaganda política dos regimes, pelos ideólogos dos partidos, pelos fabricantes e pelos publicitários.

O nazismo encontrou sua força nas crianças e nos jovens; teve participação decisiva no que ficou conhecido como “juventude nazista”. Por sua vez, o comunismo, com sua pregação materialista, encontrou a sua força nos jovens que eram doutrinados compulsoriamente nas escolas, desde o maternal. Não é. à toa que um grande compositor de música popular conta que ouviu no aeroporto de Moscou, um garotinho de quatro anos, ou pouco mais, perguntar para a mãe: “Mamãe, será que Deus sabe que nós não acreditamos nEle?”

Novo centro polarizador O Movimento Nova Era desponta com propostas fantásticas, atrativos inúmeros e gastos fabulosos, voltados exclusivamente para o “fazer a cabeça” das crianças e dos jovens e arrebanhá-los para suas fileiras. Neste artigo, pretendemos analisar alguns aspectos dessa incursão do MNE no campo educacional. Alguns talvez ficarão surpresos ao perceberem que a questão vai muito além daquilo que têm ouvido falar, ou têm imaginado.

Na verdade, temos que nos tomar conscientes de que se trata de uma verdadeira guerra ideológica, com pesados bombardeios diários através da mídia: filmes, desenhos animados, novelas, jornais, livros e revistas, portadores da ideologia, dos valores e propostas da Nova Era. As escolas fazem parte deste campo de combate; aliás, elas compõem o principal ponto estratégico a ser alcançado pelos disseminadores do pensamento do Movimento Nova Era.

Ao ser premiado por um ensaio intitulado Uma Religião Para Uma Nova Era, John Dunphy declarou: “Estou convencido de que a batalha pelo futuro da humanidade deve ser desfechada e ganha nas salas de aula … por professores que percebam devidamente o seu papel como proselitistas de uma nova fé: uma religião da humanidade que reconheça e respeite a fagulha daquilo que os teólogos chamam de divindade, em cada ser humano.”

Proselitismo

A atuação dos propagandistas do movi-mento comprova que as palavras de Dunphy fizeram eco. Em seu livro Compreendendo a Nova Era, o jornalista Russel Chandler menciona: “O distribuidor de livros para crianças, Tim Campbell, da Book People de Austin, Texas, nos Estados Unidos, diz que faz esforços ingentes para encontrar os livros da Nova Era, os quais dizem que os garotos podem assumir o controle de sua própria vida.

“As crianças que fazem parte do sistema escolar da cidade de Los Angeles têm sido ensinadas a imaginar que elas estão unidas aos raios do sol. Ao assim fazerem, conforme são ensinadas, elas fazem parte de Deus, formam uma unidade com Ele.” Isso se chama “princípio monista”. Faz parte do conceito panteísta, que é uma das colunas doutrinárias da Nova Era.

A principal arquiteta da educação confluente, a falecida Beverly Galyean, descreveu o seu método como uma abordagem holística, que usa o raciocínio, os cinco sentidos, os senti-mentos e a intuição. Em uma entrevista com a pesquisadora de religiões, Francis Adeney, em 1980, Galyean sumarizou suas crenças da seguinte forma: “Uma vez que comecemos a perceber que todos somos Deus, que temos todos os atributos de Deus, então penso que o propósito inteiro da vida humana é recuperar a semelhança de Deus que existe dentro de nós: o per-feito amor, a perfeita sabedoria, a perfeita com-preensão, a perfeita inteligência; e, quando fazemos isso, criamos de volta aquela antiga e essencial unidade que é a consciência.”

Analisando atentamente a afirmação acima, concluiremos que um conteúdo falso e diabólico está envolto numa roupagam enganosamente bela. Ao falar de “recuperar a semelhança de Deus”, a declaração até parece confundir-se com a de uma outra educadora, Ellen White, que afirma: “Restaurar no homem a imagem de seu Autor, levá-lo de novo à perfeição em que fora criado, promover o desenvolvimento do corpo, espírito e alma, para que se pudesse realizar o propósito divino da sua criação – tal deveria ser a obra da redenção. Este é o objetivo da educação, o grande objetivo da vida.” –Educação, pág. 16.

Por conseguinte, qual ou quais seriam as diferenças entre essas duas abordagens? Quais as implicações decorrentes dos métodos educacionais da Nova Era, e da Bíblia?

O modelo educacional da Nova Era, como de resto toda a sua filosofia, leva o ser humano a voltar-se para si mesmo; a olhar para si mesmo; a buscar dentro de si mesmo as respostas, soluções, a capacidade e o poder para resolver seus problemas. Seu lema parece ser “Tudo posso no homem! Tudo posso nas forças latentes na mente humana”. Deus é rebaixado, caricaturado, e o homem é endeusado.

Em contraste, o modelo bíblico educacional leva o homem para Deus. “Desde que Deus é a fonte de todo o verdadeiro conhecimento, é, como temos visto, o principal objetivo da educação dirigir a mente à revelação que Ele faz de Si próprio.” – Idem, idem. Isso significa olhar para Deus e voltar-se para Ele, buscar nEle as soluções, a capacidade e o poder para resolver nossos problemas. “Tudo posso nAquele que me fortalece” (Fil. 4:13).

Deus é, assim, colocado no Seu devido plano e o homem é levado a buscar a verdadeira semelhança (que possuía e perdeu) com Ele. “Mais elevado do que o sumo pensamento humano pode atingir, é o ideal de Deus para com Seus filhos. A santidade, ou seja, a semelhança com Deus, é o alvo a ser atingido.” – Idem, pág. 18.

Ellen White foi a primeira pessoa a prever e advertir sobre os perigos da Nova Era. Em seus dias, ela disse que “futuramente, a verdade será falsificada pelos preceitos dos homens. Teorias enganosas serão acrescentadas como doutrinas certas. A falsa ciência é um dos instrumentos que Satanás empregou nas cortes celestes, e é por ele usada hoje” – Evangelismo, pág. 600.

É justamente isso que está ocorrendo diante dos nossos olhos. A implantação do projeto educacional do Movimento Nova Era tem avançado de forma célere. Segundo Marco André, em seu livro Compreendendo a Nova Era, págs. 193 a 196, antes de morrer, Galyean desenvolveu três programas educacionais financiados pelo governo federal, para as escolas públicas de Los Angeles. Tais programas tinham a ver com o uso da fantasia orientada e da meditação transcendental.

Conclusão

Após diagnosticarmos o problema, cremos que deveriamos, também, tentar descobrir quais são os remédios a serem prescritos e aplicados. Em outras palavras, como conter essa avalanche de ensinos, idéias e práticas da Nova Era, que está penetrando nas escolas e seduzindo as crianças e jovens?

Em primeiro lugar, há um pensamento segundo o qual “a alma de toda cultura é a cultura da alma”. E Ellen White, em seu livro Educação, pág. 126, afirma que “este é o mais elevado estudo em que é possível ao homem ocupar-se. Como nenhum outro estudo, avivará a mente e enobrecerá a alma. … A energia criadora que trouxe à existência os mundos, está na palavra de Deus. Esta Palavra comunica poder, gera vida”. A orientação divina é clara: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Prov. 22:6).

Em segundo lugar, temos que repensar os nossos métodos educacionais, fazendo uma reciclagem constante. Devemos desenvolver e estimular novas técnicas que despertem e valorizem a criatividade nos alunos de nossas escolas.

Ellen White, ainda no livro Educação, pág. 17, assegura que “cada ser humano criado à imagem de Deus, é dotado de certa faculdade própria do Criador – a individualidade – faculdade esta de pensar e agir. … É objetivo da verdadeira educação desenvolver essa faculdade, adestrar os jovens para que sejam pensantes e não meros refletores do pensamento de outrem”.