Uma senhora participava de uma festa de sua antiga turma do colegial. Na ocasião, ao rever uma colega, disse-lhe que tinha se casado com um pastor. Diante da informação, um sinal de lamento cruzou o rosto da amiga: “Sinto muito”, disse ela, reduzindo a voz a um sussurro. “É uma pena, porque sexo é muito bom.”

Há quem pense que o pastor, por ser um líder espiritual, é um ser assexuado, ou um tipo de anjo que vive em um mundo sem tentações. Mas os pastores possuem hormônios e enfrentam tentações como qualquer pessoa. E as estatísticas demonstram que a sexualidade está no topo da lista dos perigos que os ameaçam.

Ellen G. White já afirmou que os líderes espirituais são um alvo especial dos ataques do inimigo. “As tentações especiais de Satanás são dirigidas contra o ministério. Ele sabe que os ministros são apenas entes humanos, não possuindo em si mesmos graça nem santidade. … Procura, portanto, com toda a sua habilidade, induzi-los a pecar, sabendo que seu cargo torna o pecado neles mais excessivamente maligno; pois, pecando, tornam-se eles próprios ministros do mal” (Obreiros Evangélicos, pág. 124). O pastor, sua família, o ministério pastoral e a Igreja sofrem quando um líder espiritual comete um pecado moral.

Analisemos algumas razões por que eles enfrentam dificuldades nessa área:

A natureza do trabalho. O trabalho do pastor proporciona uma confiança íntima, permitindo-lhe atuar como conselheiro familiar e sexual. Os horários flexíveis do trabalho diário e as oportunidades para entrar na intimidade de outros podem favorecer oportunidades perigosas. O limite entre a comunicação íntima e o comportamento íntimo, nesse caso, é muito tênue.

Negligência espiritual. Alguns podem pensar que, por serem pastores, sua vida devocional e espiritual está bem e que são naturalmente imunes a certas fraquezas. No entanto, sua santidade não é derivada da função que exercem.

O mito do pedestal. O pastor sempre é visto de forma atraente e quase perfeita. Nesse caso, a fama pode ser um afrodisíaco. As pessoas são atraídas não apenas pelo poder, mas também para indivíduos poderosos.

O mito da invulnerabilidade. Sempre há alguém querendo quebrar esse mito. Não importa quão grande seja a experiência ministerial passada ou aparente maturidade sexual; o pastor não está isento dos ataques do inimigo. Ele não deve pensar que é invulnerável.

Crise conjugal. Tornamo-nos mais vulneráveis às tentações quando o relacionamento em casa não vai bem. Aqui, o diálogo com o cônjuge e uma vida conjugal saudável e satisfatória são fatores que podem ajudá-lo; embora uma crise familiar não desculpe o erro.

Ausência de casa. Por força das atividades, alguns são levados a permanecer vários dias longe de casa. Paulo adverte que os casais deveriam manter uma intimidade consistente para que Satanás não os tente pela falta de autocontrole (I Cor. 7:4 e 5).

Trato com o sexo oposto. Em quaisquer circunstâncias, o pastor precisa cultivar um alto padrão ético no relacionamento com as mulheres. Evitar a aparência do mal é o primeiro passo.

Mas alguns cuidados podem ajudar o pastor a vencer a tentação:

Fortaleça a vida devocional. Jamais negligencie a comunhão pessoal com Deus. Não permita que uma agenda apertada roube esse tempo a sós com o Senhor. Saiba que, “mediante a graça de Cristo, os homens podem adquirir estrutura moral, força de vontade, e estabilidade de desígnio. … Aquele que vive segundo os princípios da religião bíblica, não será encontrado falto de moral” (Idem, págs. 126 e 127).

Fortaleça a vida matrimonial. Se algo não está bem no seu relacionamento conjugal, procure, com oração e comunicação, resolver seus problemas. O seu êxito depende, em muito, de quão bem você vive com seu cônjuge.

Pratique a higiene mental. Evite ler, ver e ouvir tudo o que possa despertar desejos não santificados. Mantenha o controle e o sábio uso da televisão, da internet e de outros materiais que podem ser uma isca para a queda espiritual.

Seja profissional. Evite a aparência do mal e seja responsável para com o chamado de Deus. Procure ser fiel para com a responsabilidade e a confiança que a Igreja lhe depositou.

Procure ajuda. Pode chegar um momento em que a ajuda de um colega ou de um profissional de confiança seja necessária. Buscar conselho nessas horas não é sinônimo de fraqueza, mas de sabedoria.

Lembre-se: “Um pecado acariciado pouco a pouco aviltará o caráter, levando todas as suas faculdades mais nobres em sujeição ao ruim desejo. A remoção de uma única salvaguarda da consciência, a condescendência com um mau hábito sequer, o descuido das elevadas exigências do dever, derribam as defesas da alma, e abrem o caminho para entrar Satanás e transviar-nos. O único meio seguro é fazer nossas orações subirem diariamente, de um coração sincero, como fazia Davi: ‘Dirige os meus passos nos Teus caminhos, para que as minhas pegadas não vacilem.’ Sal. 17:5.” – Patriarcas e Profetas, pág. 452.

Jonas Arrais, Secretário ministerial associado da Divisão Sul-Americana