“E lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram ”

Meses atrás, uma família de nossa igreja perdeu um de seus membros em um trágico acidente. No sábado seguinte, fui abordada por uma pessoa daquela família que, ainda em meio às lágrimas, disse-me: “Estou com a consciência pesada. Havia muita gente no cemitério, e alguém de nossa igreja se aproximou de mim e falou que eu não poderia chorar, a fim de dar bom testemunho. Porém, não consegui parar de chorar.”

Minha resposta a essa irmã foi que chorar a dor da saudade, causada por uma separação, é algo normal. Afinal, somos humanos. Em certa ocasião, Ellen White escreveu a uma viúva: “Quanta tristeza existe em nosso mundo! Quanta aflição! Quanto pranto! Não é direito dizer aos que estão de luto: ‘Não chore! Não é direito chorar’. Essas palavras pouca consolação encerram. Não há pecado em chorar.” A diferença é que não choramos como os que não têm esperança. Jesus chorou junto à sepultura de Lázaro; comoveu-Se e chorou diante da impenitência de Jerusalém.

Cuidado aqui

Infelizmente, em nosso meio, muitas pessoas (entre as quais, alguns pastores) têm conceitos equivocados sobre doença e morte, bem como sobre as reações humanas a tais experiências. Não raras vezes, no intuito de ajudar com palavras supostamente confortadoras, apenas conseguem aumentar o sofrimento daqueles que já estão passando por situações de dor a aflição.

Que palavras dizemos a pessoas que perderam um membro da família? Caso a perda seja de um filho, se nunca passou por essa experiência, jamais diga: “Sei o que você está experimentando, porque perdi meu pai, minha mãe, avó ou tia.” A verdade é que, se alguém nunca experimentou a perda de um filho, não conhece a dor desses pais, embora tenha perdido outros familiares. É algo simplesmente inexplicável. Os pais necessitam de muito tempo a fim de processarem a dor. E embora saibam que é difícil encontrar respostas, sempre se deparam diante da inevitável pergunta: “Por quê?”

É bom esclarecer que a dificuldade em ter algo a dizer nessa hora é perfeitamente normal, considerando as limitações de nossa humanidade. Portanto, apenas fique em silêncio. Abrace o enlutado, chore com ele, coloque-se à disposição para ajudar no que for necessário: fazendo ligações para amigos e familiares, ajudando na organização da cerimônia fúnebre, providenciando alimentação (em alguns casos, a pessoa não consegue ingerir alimento sólido; então, providencie chás, água ou suco de frutas). Tenha lenços descartáveis para oferecer. Depois que tudo passar, continue à disposição para ajudar nos primeiros passos do “dia seguinte”. Visite a família, conforte-a, anime-a, façam juntos o culto de pôr-do-sol.

Não emita conceitos sobre a condição espiritual da pessoa falecida. Somente Deus vê o coração, e Ele é misericordioso, justo e amoroso. Quais foram os últimos pensamentos nos últimos segundos de vida? Só Ele sabe.

Esperança consoladora

Meu esposo e eu temos visitado algumas famílias que passaram pelo vale da sombra da morte, tendo perdas irreparáveis. Em tais ocasiões, temos testemunhado como necessitamos ter sabedoria celestial para dizer as palavras certas a fim de aliviar a dor dos enlutados, sem deixar o mais leve resquício de insensibilidade.

Enquanto estivermos no mundo, estaremos sujeitos a dores, aflições e lágrimas. Sim, estando no mundo, até Jesus chorou. A promessa de ausência de lágrimas será realidade plena, quando Cristo voltar, chamar nossos queridos para a vida que não tem fim, na nova Terra. Até então, devemos nos abrigar no consolo dessa bendita esperança, e partilhá-lo sabiamente com outras pessoas.