Li entre surpreso, consternado e compreensivo, na seção “Falecimentos” da Revista Adventista (maio/99), que um grande amigo meu, e muito mais amigo do Senhor Jesus Cristo, poderoso pregador, diligente pastor, herói da fé cristã adventista, o Pastor Geraldo Gomes de Oliveira, faleceu aos 85 anos de idade. O desfecho se deu no Centro de Convivência para Idosos, no bairro Capão Redondo, da capital paulista, ao lado do Instituto Adventista de Ensino, antigo Colégio Adventista Brasileiro, onde o conheci em 1935, quando ali cursamos a Faculdade de Teologia.
Foi então que começou uma amizade pessoal, depois um companheirismo ministerial e, mais tarde, minha grande admiração por esse homem cristão e adventista convicto, que se tornou um destemido pastor de almas, discutido, mas valente na disseminação do evangelho. Diria ter sido ele um moderno apóstolo Paulo, desbravador, corajoso e inspirador de quantos trabalharam com ele, e de milhares que o conheceram; pessoas as quais ele conduziu a Cristo por meio de suas vibrantes campanhas evangelísticas.
Algumas informações rápidas a respeito da sua vida inspiradora ajudarão o leitor a apreciar esse homem de Deus que quase morreu ignorado, O Pastor Geraldo Oliveira foi alguém que se desgastou junto com a esposa na seara do Mestre, e que faz jus a esta homenagem póstuma, para ânimo, conforto e exemplo daqueles que ainda mourejam na busca de súditos para o reino de Deus, e dos milhares que enchem as igrejas que ele fundou com o seu trabalho.
Poucos de sua geração fizeram tanto quanto ele, em favor da Causa do Salvador Jesus. Jamais exerceu cargo administrativo porque preferiu dedicar-se de corpo e alma, ao evangelismo público e pastoral, na linha de frente da batalha.
A chama da verdade adventista que já brilhava no lar de sua juventude, num sítio da cidade de Extrema, sul de Minas Gerais, levou Geraldo Gomes de Oliveira a buscar no então Colégio Adventista Brasileiro o sonho de sua vida, ou seja, tornar-se um pastor evangelista. Ele o conseguiu, em 1939, ao formar-se no curso teológico. Casou-se com Linda Talvik, a filha única da “Dona Maria”, de origem européia, e, naquela época, a matrona do colégio.
Linda foi uma esposa dedicadíssima, amorosa, competente, muito ativa, inteligente e perspicaz. No entanto, o o que marcou mais profundamente sua vida de esposa, foi o fato de ter sido a companheira inspiradora e inseparável no trabalho do Pastor Geraldo. Em qualquer lugar para onde ele se dirigisse, lá estava ela com sua marcante presença ajudadora.
Geraldo, de origem mais humilde e sem aquele toque mais fino característico da personalidade de Linda, era, porém, de uma inteligência rara e invejável; além de ser perseverante nos estudos e corajoso no trabalho. Sempre aceitou os chamados mais difíceis que lhe foram feitos, dirigindo-se a lugares para os quais outros temiam ir.
Foi assim que evangelizou as tórridas cidades de Cuiabá e Corumbá, no antigo Estado de Mato Grosso. Numa campanha evangelística em Corumbá, ele fritou um ovo na calçada da rua, tal o calor que ali reinava!… Mas havia calor também nas suas mensagens e conferências. Tudo ele fazia motivado por seu amor a Cristo, às almas sinceras que buscavam a salvação e em obediência ao “Ide” do Senhor. Tal foi o seu andar com Deus. Deixou-se queimar e dirigir pelo Senhor, que dignou-Se usá-lo de maneira extraordinária. Tornou-se o popular “Pastor G.G.”.
Geraldo Oliveira era tão dedicado aos estudos que, no colégio, recebeu a alcunha de “Adão Clark”, por levar consigo sempre o comentário bíblico do referido autor. Tornou-se um conhecedor das massas e conseguiu cerca de dez mil pessoas a Cristo. Se é verdade que no Céu nossas coroas terão tantas estrelas quantas almas ganhamos para Deus, a minha coroa será bem mais humilde que a do meu amigo Geraldo.
Itinerante como o apóstolo Paulo, tornou-se um grande desbravador de vilas e grandes cidades, fundando igrejas em profusão pelo Brasil, especialmente na região de Mato Grosso e Goiás até o Rio Grande do Sul, além das populações luso-brasileiras dos Estados Unidos, onde estudou e trabalhou durante um período de sua vida.
Nem sempre teve sucesso considerado retumbante nas aproximadamente 60 campanhas realizadas, mas as inúmeras igrejas por ele estabelecidas dão ainda um testemunho eloqüente do poder que Deus lhe concedeu. Era valente, estudioso da Palavra e forte na prática da oração.
No dia final, com certeza, receberá de Jesus “a imarcessível coroa da glória” (I Ped. 5:4)