Durante todo o ano de 1999, a Igreja Adventista do Sétimo Dia está enfatizando um tema que é resumido no slogan “Experimentando o companheirismo na família de Deus”. É muito importante que a família de sangue e a família eclesiástica se mantenham unidas pelos laços da amizade fraternal e do amor cristão.

Amar a todos, por princípio, e amar mais intimamente aqueles que amam a Jesus, eis a nossa meta. Escolher ser amigo e companheiro daqueles que aceitam e vivem as verdades cristãs é algo que muito nos gratifica. Não há dúvida de que o ideal comum constitui-se o melhor motivo para concretizar uma amizade.

Há duas atitudes que devem ser consideradas, quando falamos de amizade. Em primeiro lugar, estão as atitudes que alimentam a própria amizade, conferindo-lhe beleza, solidez. Em segundo lugar, encontram-se atitudes e comportamentos que bloqueiam a amizade e, evidentemente, afastam os amigos.

Mas, afinal, a quem podemos definir como amigo? Será aquele indivíduo que está sempre disposto a ouvir o outro, mostrar compreensão, e fazer-lhe companhia quando necessário? Porventura, a pessoa a quem chamo de amigo será aquela que está pronta a defender-me quando sou injustiçado? Aquela que partilha das minhas alegrias e tristezas? Que se revela merecedora da minha confiança relativa?

Um amigo pode ser tudo isso. Mas pode ser também alguém a quem, às vezes, preciso perdoar. Alguém que nem sempre é obrigado a concordar comigo, que tem uma amável e firme palavra de advertência quando me encontro em erro. Alguém que não aceita acobertar meus deslizes. E que precisa de mim o quanto eu preciso dele.

Há pessoas que se queixam dos amigos que têm. Mas antes de assumirmos tal postura, será proveitoso fazer um exercício de autocrítica. Sou eu capaz de despertar amizade? Tenho eu consciência de que sei respeitar a personalidade dos meus amigos? Correspondo à confiança que eles depositam em mim? Estou disposto a fazer pelos amigos tudo o que espero que eles façam por mim?

Ouço-os com a devida atenção? Revelo tato quando necessito advertir um amigo que cometeu um erro? Quando acontece de um amigo sentir-se magoado e ficar aborrecido comigo, que tenho feito para resolver o problema e restaurar a amizade? Minhas conversas com os amigos têm sido veículo transmissor de boas ideias, ricas e positivas? Somos, meus amigos e eu, melhores, hoje, por causa da amizade que alimentamos?

Como ser amigo

Existem maneiras de se cultivar amizades, pois não é suficiente ter amigos. É preciso ser amigo. A seguir, enumeramos algumas sugestões para tornar possível essa experiência.

• Respeito pelos sentimentos do outro. Nunca tome atitudes ou diga palavras que contribuam para diminuir e desmerecer alguém. Tripudiar sobre fraquezas, especialmente casos de deficiência física, não constrói nem alimenta amizades.

• Lealdade. Não transmita a outras pessoas informações que lhe foram passadas confidencialmente. A quebra de confiança destrói a amizade. Continue amigo mesmo quando o outro se encontrar em dificuldades, quaisquer que sejam elas.

• Espírito de apoio mútuo. Tenha sensibilidade para perceber quando o amigo precisa de ajuda. Disponha-se de boa vontade e espontaneamente.

• Valorização das qualidades. Expressões sinceras de elogio e apreciação pelo amigo ou por algum feito especial de sua autoria sempre são benéficas.

• Senso de humor e otimismo. Tenha sempre algo agradável para dizer, uma boa notícia, uma palavra de incentivo.

Amigos celestiais

Há pessoas muito vulneráveis à opinião de terceiros. Em geral, são pessoas que sofrem de baixa auto-estima, ou que não têm conceitos definidos sobre o que é certo e o que é errado. Às vezes são adolescentes que desejam mostrar sentimento de independência dos pais. Nesse último caso, trata-se de um problema da idade, e que certamente passará com o tempo e a aquisição de maturidade. Os dois primeiros exemplos são reflexo de problemas vividos na infância, ou fruto de deficiência na educação ou falha na orientação recebida para enfrentar a existência.

Há outros amigos que fazem tudo para impor e fazer prevalecerem suas ideias e sugestões. São do tipo autocrata, têm opinião forte, e gostam de ser ouvidos e atendidos em tudo o que dizem. Cabe-nos descobrir como manter essa amizade sem subordinar nossa personalidade, ou abafar nossa individualidade. No trato com tais situações, precisamos lembrar das palavras de Salomão, segundo as quais “como o óleo e o perfume alegram o coração, assim o amigo encontra doçura no conselho cordial” (Prov. 27:9).

Como vai nossa amizade com a família celestial? Desejamos ansiosamente nos reunir com ela na eternidade? Quanto tempo diário empregamos conversando com esses amigos supremos? “Nunca andará só aquele que estiver acompanhado de bons pensamentos.” E bons pensamentos são o resultado da presença de Deus o Pai, de Jesus Cristo, o Filho, e do Espírito Santo, a família celestial, no coração. São os nossos amigos celestiais.

Precisamos dedicar tempo e interesse especial em cultivar a amizade com nossos familiares e amigos do Céu. Além das bênçãos infinitas para esta vida e para a vida futura, esse relacionamento nos tornará melhores amigos terrestres.

VASTI VIANA, Diretora da Área Feminina da Associação Ministerial e do Ministério da Mulher, na Divisão Sul-Americana da IASD