Durante dez dias, eles esperaram em Jerusalém, conforme a ordem do Mestre – “Eis que envio sobre vós a promessa de Meu Pai: permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Luc. 24:49). Embora houvessem um mundo a ser evangelizado e uma Igreja a ser consolidada, urgentemente, a espera era necessária. Afinal, sem o prometido poder do Espírito Santo, nada disso seria possível.
Todos sabemos o que aconteceu, passados aqueles dez dias. O Espírito Santo manifestou-Se maravilhosamente, e, a partir de então, sem que tivessem qualquer sinal de prestígio político, aqueles 120 irmãos mostraram-se mais fortes que o Sinédrio. Sem um soldado, provaram-se mais poderosos que as legiões romanas. Na verdade, revolucionaram o mundo com o evangelho.
O período de espera, anterior àquela explosão evangelística, não foi vivido em ociosidade. O relato sagrado anota que “todos estes perseveravam unânimes em oração” (Atos 1:14). Chama-me a atenção, além desse fato, a informação de que “estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2:1). Até podiam estar reunidos num lugar e não estar unânimes. Mas estavam reunidos e unânimes. Nesse contexto, refletiram, dialogaram, abriram o coração um ao outro, reavaliaram o passado, meditaram no futuro, possivelmente apararam arestas, eliminaram discórdias, descartaram idéias próprias e egoístas, subjugaram o eu.
Enfim, priorizaram a missão, conscientes de que ela fracassaria ao menor sinal de divisão entre eles. Permanecer “unidos em Cristo” deve ter sido o seu propósito. Estou absolutamente seguro de que tal disposição foi um dos ingredientes que prepararam o caminho para o cumprimento da promessa do Espírito Santo.
A experiência daqueles cristãos primitivos estava sempre presente em minhas reflexões, sempre que me deparava com o lema sob o qual 2.650 delegados da Igreja Adventista estiveram reunidos em Utrecht, para a 56 – Assembléia da Associação Geral, alguns meses atrás. Escrito em dez idiomas, emoldurando toda a extensão do palco, lá estava ele – Unidos em Cristo – convidando-nos a pensar em muitas coisas.
Foram também dez dias, nos quais foram discutidas muitas questões, algumas das quais revestidas de muita expectativa, em virtude de sua natureza controvertida. Relatórios foram apresentados e, por eles, foi possível comprovar que a Igreja marcha consciente de seu papel missionário, conquistando territórios, levando Cristo aos pecadores. O envolvimento de todos os segmentos denominacionais é impressionante. Os resultados têm sido fantásticos.
Mas em meio a tudo isso, parece outra vez soar aos nossos ouvidos a recomendação de Cristo: “Eis que envio sobre vós a promessa de Meu Pai: permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.” Sim, porque os maiores desafios ainda estão à nossa frente, assim como as maiores e mais emocionantes vitórias. Como os primeiros discípulos, necessitamos recolher-nos em oração, preparando o caminho para receber o cumprimento da promessa que nos tornará capazes de concluir a obra por eles iniciada – o mesmo poder abundante do Espírito Santo.
Acontecimentos de real magnitude estão tendo lugar ao nosso redor. Ventos que prenunciam violenta tempestade já estão soprando. A seara está madura. A ceifa se aproxima. A vi- tória está assegurada. Iremos desfrutá-la, todos nós, ministros, oficiais e membros, que, deixando de lado as diferenças, ruins suspeitas e ambições egoístas, concentrarmos nosso pensamento e visão na Missão Global. Orando, planejando e agindo, “Unidos em Cristo”.
— Zinaldo A. Santos.