Com justiça, 1995 foi escolhido como o “Ano da Mulher Adventista”, uma homenagem que já se fazia necessária há muito tempo. Embora só ultimamente esteja sendo muito divulgada uma verdadeira explosão da força feminina, através do Ministério da Mulher, e da Área Feminina da Associação Ministerial, Afam, ela sempre teve presença marcante nas atividades da Igreja, e essa demonstração de competência não é novidade nenhuma.

Que ministro ousou prescindir de sua colaboração? Antes, mais direcionadas às atividades de assistência social, cuidado de crianças, juvenis e jovens, ou música da igreja, as mulheres adventistas agora emergem como poderosas evangelistas em várias partes do mundo, inclusive o Brasil. Alvos de batismos de vários Campos têm sido recheados graças à participação feminina, o que, particularmente, não me surpreende. Nos dias de pastor distrital e evangelista, testemunhei que essa participação é indispensável e frutífera.

Aliás, sempre achei que, como líderes, vivíamos numa situação de débito de reconheci-mento para com as mulheres. Para todas as grandes campanhas da Igreja elas foram chama-das a colaborar. Mas isso acontecia sempre com uma “pontinha” de cobrança, como se elas vivessem cômoda e voluntariamente à margem do processo. Se a mulher adventista não realizasse nada pela Igreja, já merecería nossa mais constante e repetida gratidão pelo ministério que desempenha no lar. Especialmente em se tratando da esposa de um pastor, as responsabilidades se avolumam, com as ausências do esposo, com o dever de partilhá-lo com uma comunidade, sem falar nas incompreensões de que é alvo, às vezes.

Em Jesus, encontramos o exemplo maior de valorização e reconhecimento da figura feminina. Em Seu tempo, a mulher era considerada como um ser inferior em todos os pontos de vista. Os rabinos ensinavam que o judeu devia agradecer a Deus todos os dias por não ter nascido gentio, ignorante ou mulher. A mulher estava destinada ao fogão. Não tinha direito nem à escola, nem aos ensinamentos dos rabinos. Deus e a saúde não eram conseguidos senão por intermédio de seu pai ou de seu marido. Eram-lhe destinados os últimos lugares na sinagoga, atrás das grades. A todo instante era ameaçada pela arbitrariedade e pelos caprichos do marido, que podia repudiá-la. Ela era tida como irresponsável e não podia nem depor diante de um tribunal, nem herdar de seu pai ou de seu marido.

Cristo derribou as barreiras. Realizou milagres em favor de mulheres, sendo judeu dialogou com uma samaritana, reabilitou prostitutas, transmitiu instruções a Maria, denunciou a prática da carta de repúdio, reservada só ao marido e vedada à defesa da mulher e sua dignidade.

Como intérprete qualificado da vontade de Deus, Cristo, através de Suas palavras e Seu exemplo, reabilitou as mulheres e as colocou no mesmo nível que os homens – em sua dignidade total. Ele ultrapassou os limites da Sua época. Em Suas pegadas, Paulo, contrariando a oração cotidiana dos judeus, mencionada acima, escreveu: “Dessarte não pode haver nem judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gál. 3:28).

O “Ano da Mulher Adventista” é mais uma oportunidade para a Igreja externar sinceramente seu reconhecimento e gratidão por tudo o que as mulheres têm feito, do que para cobrar-lhes participação.

Os relatórios mostram que elas estão participando, como sempre o fizeram, com rara competência. Algumas esposas de pastores talvez não apareçam como grandes pregadoras, instrutoras ou líderes. Nesses casos, será bom atentarmos para o ministério de êxito, desenvolvido pelo esposo. Aí, invariavelmente, será encontrada a sua marca.

– Zinaldo A. Santos.