Muitas vezes pensamos que temos a última palavra sobre o certo e o errado. Sentimos que podemos separar falsas hipóteses das verdadeiras. Mas, quando enfrentamos o dia-a-dia, acabamos fazendo coisas que aumentam nosso nível de estresse, fragmentam nosso casamento e nossa família, fornecendo modelos impróprios para nossas congregações.

Justamente porque somos seres humanos falíveis, somente Deus conhece as respostas para muitos dos dilemas que enfrentamos. Quem sabe alguns desses dilemas estão relacionados com certos mitos que aprendemos a desenvolver na vida ministerial. Neste artigo, convidamos você a refletir sobre alguns pontos que merecem uma análise acurada. Considere, então, porque tais hipóteses não são verdadeiras, ou parecem ser verdadeiras, para você.

Mitos para análise

Enumeramos, a seguir, dez mitos merecedores de ponderação, e que necessitam ser vencidos.

  • 1. Cuidar de minhas necessidades, antes das de outros, é egoísmo.
  • 2. Devo sempre atender a todas as necessidades das pessoas ou da igreja.
  • 3. Não preciso cultivar amizade com outras mulheres, porque tenho meu esposo e, como meu melhor amigo, ele é tudo o que eu necessito.
  • 4. Só por ter nascido num lar adventista, sou produto de uma família ideal.
  • 5. Uma vez que amo a Deus e Lhe devolvo fielmente dízimos e ofertas, qualquer situação difícil em que me encontre, é Sua vontade.
  • 6. Muitas vezes a igreja tem prioridade em relação ao esposo e à família.
  • 7. Devo estar disponível sempre que alguém quiser falar comigo.
  • 8. Se meu esposo é a cabeça do lar, sinto que não devo questionar suas decisões.
  • 9. Mesmo tendo crianças para cuidar, devo assumir todas as funções que me forem oferecidas na igreja, para mostrar meu apoio.
  • 10. Quando discordo de meu esposo, ou de um membro da igreja, é sempre melhor ficar calada.

Desmistificando

Vamos comentar cada um dos pontos enumerados acima:

  • 1. Quando viajamos de avião, os adultos são orientados, em caso de emergência, a colocar máscaras de oxigênio em si mesmos antes de pô-las nas crianças. Seria isso alguma indicação de que as crianças não são importantes? Evidentemente, não. Seguindo a orientação dada, simplesmente o adulto pode testar o funcionamento adequado do objeto, enquanto o coloca na criança. Do contrário, ela ficaria sem saber o que fazer, correndo sério perigo de vida. A Bíblia nos diz que devemos amar o próximo como a nós mesmos (Lev. 19:18). Qualquer pessoa que não ame a si mesma, possivelmente não amará também o próximo. Devemos tomar tempo para cuidar de nós mesmas. Assim estaremos fortalecidos para assistir de maneira adequada àqueles que nos rodeiam.
  • 2. Somos responsáveis diante de Deus, pelo gerenciamento do nosso tempo. Necessitamos investir mais de nossa energia nas responsabilidades que recebemos de Suas mãos, no cuidado do cônjuge, das crianças, e de nossa saúde. Quando cumprimos satisfatoriamente nossas obrigações, Ele nos confiará outras responsabilidades, e nos concederá a visão de equilíbrio para nossa vida. Se damos muito pouco de nós mesmas, acabaremos falhando, tristes e frustradas. Mas não nos esqueçamos de que moderação, em todas as coisas, é importante.
  • 3. O plano de Deus é que tenhamos um relacionamento fechado, íntimo com nosso esposo. Mas só Deus pode compreender nossos mais profundos anseios, e o esposo não pode ser responsável por suprir todas as nossas amizades. Necessitamos nutrir laços de companheirismo também com outras mulheres com as quais podemos orar e partilhar. Muitas esposas de pastores vêem o esposo como tendo de suprir todas as suas necessidades sociais, e falham em manter relacionamento com outras. Devemos, sim, tomar tempo para desenvolver laços espirituais com outras mulheres.
  • 4. Muitas vezes você deve ter dito: “Quando eu crescer, nunca farei isto ou aquilo.” Todavia, não raro nós nos encontramos trilhando o mesmo caminho dos nossos pais. Somos criaturas de padrões transmitidos de uma geração à outra. É preciso que perdoemos nossos pais por suas faltas, e tenhamos a sabedoria de ver até onde aqueles padrões enraizados nos influenciam. Deveriamos nos perguntar sempre: “O que poderia fazer diferente dos meus pais?” “Que aspectos no trato com meu cônjuge poderiam ser melhorados?”
  • 5. Sabemos muito bem que pecado, traumas e sofrimentos não representam a vontade ou o plano de Deus para a nossa vida. Mas o terrível fato é que vivemos num mundo controlado por Satanás e seus anjos maus. Não estamos imunes a seus ataques maliciosos; mas Deus pode levar-nos a tirar lições positivas do sofrimento. Sempre deveriamos sair de cada crise, esperançosas, e mais dependentes de Jesus em cada necessidade.
  • 6. Semelhantemente ao que foi dito no item nº 2, devemos reconhecer nossas prioridades. Muitas pessoas têm empregado toda sua energia nas atividades da igreja, apenas para perder seus familiares. Se os membros da igreja consomem todo o nosso tempo, nossas horas de lazer com a família, férias e datas especiais serão sempre prejudicadas. As crianças saberão onde nós as colocamos em ordem de importância, e reagirão a isso. Aprendamos a desligar-nos dos eventos cotidianos, enquanto dispendemos tempo ininterrupto com nossa família. Esses dias e mo-mentos necessitam ser planejados, e devem ter prioridade.
  • 7. Nosso motivo para ajudar alguém nem sempre é altruísmo. Algumas vezes, queremos resolver o problema para não sermos importunadas outra vez; algumas vezes a razão é apaziguar a culpa; noutras vezes que-remos conquistar uma amizade, ou ganhar uma pessoa para a igreja. Necessitamos decidir nossas prioridades, avaliar nosso tempo e nossos motivos quando estivermos diante da oportunidade de ajudar alguém.
  • 8. Deus criou a mulher como ajudadora do homem. Ela possui uma intuição, ou perspectiva especial sobre as coisas, da qual o homem necessita. Se Deus não quisesse que a mulher tivesse uma participação ativa no casamento, por que então iria criá-la? Muitas vezes, idéias diferentes acabarão dando equilíbrio aos planos e negócios do casal.
  • 9. Crianças não se tomam pessoas cristãs, apenas por ficarem sentadas assistindo a infindáveis reuniões. Cada coisa deve ser feita com moderação. Podemos tomar-nos insensíveis, mesmo dando assistência aos trabalhos da igreja, se esquecemos das pessoas e suas necessidades. A vida do lar é importante para nossas crianças. Elas necessitam de tempo planejado para estudar e desenvolver atividades normais no contexto da família.
  • 10. Quando sentimos algo a respeito de qualquer coisa, devemos expressar. Jesus discordava de algumas coisas ou pessoas, sempre de maneira amorosa. Nossa atitude não deve ser de antagonismo, orgulho e controle, mas de ajuda a outros e de manutenção da unidade de propósitos. Abafar uma opinião, muitas vezes, somente causa ira e frustração. O corpo de Cristo necessita de todos os talentos, idéias e dons que a esposa do pastor recebeu do seu Criador.

Pondere sobre esses mitos em sua própria situação. Através da oração e de um relacionamento com Jesus, esteja segura de que Ele lhe guiará pelo caminho que sabe ser o melhor.