Dentre os bilhões de livros editados nos últimos três mil anos, há um que merece destaque especial. Chamado por muitos de “Sagradas Letras”, “Livro de Deus”, “Palavra do Senhor”, também é conhecido como “A Santa Bíblia”. Os nomes pelos quais esse livro é conhecido imprimem-lhe um determinado respeito, um quê de reverência. No aspecto físico, ele não difere dos demais; sendo composto de papel, tinta, caracteres, sendo iguais na encadernação. É encontrado em qualidade popular, média ou superior.
A Bíblia é um livro antigo. Possui 3.800 anos, tão antigo quanto Moisés, mais velho que Davi e também mais idoso que Elias. Amamos esse livro. Em qualquer programação da Igreja, seja administrativa, litúrgica, educativa ou evangelística, ele é a autoridade maior. Nossa história, com tudo o que somos, cremos, ensinamos e pregamos, flui de suas páginas.
Mas, embora tenha origem divina, através dos tempos, a Bíblia nem sempre foi muito bem recebida nem ovacionada pela humanidade. Muito pelo contrário, ela já foi alvo de aborrecimento, humilhação e depreciação. Já esteve acorrentada, perguida, e foi queimada em praça pública. Sua impressão e divulgação foram proibidas. Quem a possuísse e seguisse seus conselhos era tachado como herege. E, como tal, era sujeito a punições severas.
No auge da perseguição, na Idade Escura, os vendedores conduziam porções desse livro presas ao próprio corpo, vendendo-as ou distribuindo-as gratuitamente, quando era seguro fazê-lo. Apesar de todos os obstáculos, empecilhos e intolerância, a Bíblia ainda continua na lista dos livros mais vendidos, um best-seller imbatível.
Hoje, na virada do século e de mais um milênio, a inimizade contra a Bíblia é demonstrada pelo indiferentismo, pela omissão, interpretações errôneas e ousada desobediência. Como líderes e como um povo, corremos o risco de nos enquadrarmos em um desses itens. Quanto de nosso tempo investimos em examiná-la? De quanto da nossa atenção ela tem sido alvo? Que grau de respeito lhe devotamos?
Há muitas partes da Bíblia que são menosprezadas; a Lei de Deus, o repouso sabático, o ensino da mortalidade da alma, as leis de saúde, entre outros.
Dentre os 66 livros da Bíblia, um tem sido alvo da rejeição e do desprezo, por parte da maioria dos considerados sábios do mundo. Trata-se do livro de Gênesis, detestado e vilipendiado, especialmente os primeiros onze capítulos. Os cientistas que vivem escondidos em seus sofisticados laboratórios, entre tubos de ensaio e experimentos, procurando criar vida, detestam o Gênesis.
Os exploradores espaciais, que procuram a origem do Universo valendo-se de satélites, fotógrafos e poderosas antenas, na tentativa de captar sinais da existência de extraterrestres, também desprezam o Gênesis.
Geólogos e arqueólogos buscam através de fósseis e de antiguidades encontrar algo que venha contribuir para desacreditar o relato do Gênesis. Seguem-se a eles os evolucionistas, ateus, agnósticos, materialistas, espíritas, adeptos da Nova Era. Não faz muito, uniu-se a esse grupo o líder maior da igreja Católica. Através de uma declaração oficial, ele nega a verdade criacionista do Gênesis e aconselha dar-se certa credibilidade aos pronunciamentos da filosofia evolucionista.
Segundo a revista Veja (30/10/1996), em mensagem dirigida à Academia de Ciências do Vaticano, “o papa afirmou que a teoria da evolução e a fé em Deus são assuntos compatíveis. A Igreja há muito tempo admite que alguns textos bíblicos são narrativas alegóricas, que não devem ser tomadas ao pé da letra. É o caso do Gênesis”. Assim, a Igreja Católica ecoa a voz daqueles que fazem dos primeiros capítulos do Gênesis objeto de rejeição e repulsa.
O profeta Jeremias escreveu algo que bem pode ser aplicado a esse comportamento: “eis que a Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa: que não gostam dela.” (Jer. 6:10). O homem envergonha-se do Gênesis. Como o primeiro capítulo desse livro é caracterizado por muitas repetições, é tido como infantilidade. Não recebendo o devido crédito, é visto apenas como um conjunto de alegorias e contos de fada.
De acordo com o livro de Gênesis, “no princípio. Deus”. Nada havia no princípio, além de Deus. E, se havia Deus, havia tudo. No relato da criação, é dito no primeiro capítulo: “E disse Deus”. Essa frase é repetida nove vezes. Para cada ato da criação, o autor repete a expressão, mostrando que a luz, o firmamento, a relva, as árvores e toda a vegetação, não surgiram por obra do acaso evolutivo ou transformista, não. O Senhor disse o que queria, e tudo foi aparecendo. Sua palavra tem poder criador. O mesmo é verdade quanto aos astros, constelações e galáxias, aves, animais e peixes do mar.
O aparecimento das coisas era antecedido por uma ordem de Deus. Cada dia, o Senhor autenticava no cartório do Universo Sua obra criadora. O salmo 33: 6 e 9 confirma que quando Deus falava as coisas iam aparecendo: quando ele ordenava, tudo ia surgindo; quando mandava, as maravilhas da criação eram formadas. Assim Deus ia autenticando sua obra como Criador.
Os evolucionistas, os de mentalidade secularizada, não aceitam o fato bíblico de um homem feito do pó da terra, e uma mulher formada de uma costela. Muito menos uma serpente falando, uma arca cheia de animais, agitada de um lado para outro pelas águas de um dilúvio. As declarações do Gênesis não cabem nos tubos de ensaio. Somente têm valor a inseminação artificial, as barrigas de aluguel, os foguetes espaciais e, por último, a clonagem de animais. Mas a afirmação “E disse Deus” chama a atenção de todos para o fato de que sempre houve um Deus que “fez a Terra pelo Seu poder; estabeleceu o mundo por Sua sabedoria e com a Sua inteligência estendeu os Céus” (Jer. 10:12).
“E foi tarde e manhã” é outra expressão que mostra Deus autenticando, dessa vez, o tempo usado em cada dia, na realização de Sua obra. Tal repetição revela também que o Senhor estava criando a semana de sete dias, cada um deles formado de tarde e manhã, totalizando 24 horas. As repetições do Gênesis mostram quem criou, como criou e em quanto tempo criou.
“Tarde e manhã” não indica que o Senhor necessitou estar empenhado durante as 24 horas do dia, lidando com cada coisa criada. Tampouco a tarefa provocava cansaço ao Criador. “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem se cansa nem se fatiga?” (Isa. 40:28).
Há mais uma frase que é repetida sete vezes: “e viu Deus…” Cada ato diário da criação era colocado para avaliação do próprio Deus. Ao avaliar o Senhor o que foi feito no primeiro dia, foi esta a conclusão: “E viu Deus que a luz era boa.” Nos próximos cinco dias, “viu Deus” que tudo era bom. O que fora criado até então passara no teste de avaliação, e Deus imprimiu em cada feito o selo de qualidade.
No apagar das luzes do sexto dia, com Adão e Eva já criados, o Senhor fez uma somatória de tudo o que fora criado. E o autor do Gênesis anota, colocando algo como um superlativo: “E viu Deus que tudo era muito bom.” Perfeito. Extraordinariamente belo. Nada a ser acrescentado ou diminuído. Nenhum remendo, nada que precisasse mudar de posição. O tudo que era muito bom não deixou espaço para qualquer ação evolutiva ou transformista, abarcando milhões de anos. Somente uma coisa foi acrescentada: o sétimo dia, por Ele abençoado e santificado. Tudo estava pronto para uso imediato. Foi feita a entrega das chaves, como também do alvará de “habite-se”. Na cerimônia, foi dito ao jovem casal de inquilinos: “Dominai sobre tudo.”
A Santa Bíblia com o Gênesis continuam desafiando os que duvidam de sua inspiração. Os Céus, hoje como na primeira noite, continuam declarando “a glória de Deus; o Sol governando o dia, e a Lua governando a noite.
É verdade que milhares de pessoas apreciam partes selecionadas das Escrituras. Os Salmos 23 e 19, e outros; o Sermão da Montanha, em particular as bem-aventuranças, o poema do amor em I Cor. 13, etc. Resistem, no entanto, aceitar a Bíblia como um todo inspirado, contendo as “sagradas letras”. Resistem aceitá-la como norma de vida, bússola, mapa e guia, para que os homens venham praticar seus ensinamentos. Não a aceitam como uma luz tão necessária para guiá-las nos escuros dias atuais.
Isso acontece porque falta um ingrediente que faz a diferença: fé. “Sem fé é impossível agradar a Deus.” “Pela fé, entendemos que foi o Universo formado pela Palavra de Deus.” (Heb. 11:3). “O poder que trouxe os mundos à existência está na Palavra de Deus”, diz Ellen White. A mensagem reservada como última advertência para os últimos dias traz em seu bojo a verdade criacionista: “Temei a Deus e dai-Lhe glória… adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas.” (Apoc. 14:7). Fala também dos verdadeiros adoradores, quando diz: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (v. 12).
Essa mensagem tem-se estendido até os confins da Terra, alcançando homens e mulheres, transformando-os em adoradores do verdadeiro Deus.