Quem, no exercício de uma função de liderança, jamais foi alvo de críticas e observações contrárias à sua maneira de pensar e atuar? Por serem, na maioria das vezes, consideradas injustas e maldosas, tais críticas e observações levam alguns líderes a um tal estado de abatimento e depressão que os faz sofrer profundamente. Alguns até adoecem e vão morrendo aos poucos, quando não de modo prematuro e repentino.

Não menos prejudicial é quando o líder, julgando-se acima das críticas e observações, reage assumindo uma postura vingativa e de retaliações, marginalizando supostos desafetos. Passa, então, a colocar em prática os princípios maquiavélicos tão em voga na política secular: minimização de valores, desconsideração da ética, satisfação dos interesses pessoais, priorização do apego ao poder. No entanto, tendo Jesus como supremo exemplo, o líder cristão agirá diferente.

Um notável pregador escocês do passado, Alexander Whyte, certa vez declarou ter tomado a decisão de fazer-se três perguntas antes de emitir qualquer crítica a respeito de alguém. Ei-las: é verdade? é necessário? é útil? Possivelmente, a primeira coisa que deveriamos fazer ao nos depararmos com as críticas que outros nos dirigem, seria também fazermos a nós mesmos essas indagações. A crítica não é de todo má. Ela pode trazer-nos lições positivas, ou seria questionável o princípio enunciado pelo apóstolo Paulo em Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.” Um bem que a crítica pode nos proporcionar é o incentivo à busca da excelência, e a vigilância sobre nós mesmos e nossos motivos.

Depois de tudo, de onde tiramos a idéia de que estamos acima de qualquer possibilidade de errar? Por que temos a tendência de imaginar que sempre estamos certos, e os outros sempre estão errados? Uma crítica pode ser verdadeira, sim; necessária para nos levar a rever algumas posições e atitudes assumidas em relação ao trabalho, às situações e às pessoas que nos cercam. Pode ser útil para nos ensinar a crescer em todos os aspectos.

Todavia, o desenvolvimento dessa visão é fruto de uma comunhão diária com o Senhor, tão íntima e profunda que nos transmita grande dose de paciência e dignidade diante da prova, maturidade e estabilidade cristãs. E isso é tudo o que Deus deseja que aprendamos a manifestar em todas as situações. Ele deseja infundir-nos tão grande segurança de Seu amor, que desenvolvamos a coragem para mudar, se a crítica for verdadeira, e força para suportá-la, se ela não se justificar.

Seja qual for o caso, a Bíblia está repleta de promessas de cuidado de Deus por Seus filhos, e de Sua disposição para reivindicar a causa deles. Uma dessas promessas está em Zacarias 2:8: “Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: para obter Ele a glória, enviou-me às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do Seu olho.” Nenhuma injustiça praticada ou dita em relação a um filho de Deus Lhe soará indiferente. O Senhor nos vê, nos conhece, cuida de nós e jamais nos deixará; Seu amor cura nossas mágoas. Devemos sentir ânimo e muita alegria, sabendo que somos “a menina do Seu olho”, portanto extremamente caros e preciosos a Ele.

Que o Senhor nos conceda a maturidade cristã necessária para encararmos as críticas com equilíbrio, sabedoria e humildade, a fim de aprendermos e praticarmos as lições que nelas estejam implícitas. Caso se demonstrem injustas e falsas, mantenhamo-nos dignos e confiantes o suficiente para, ao invés de nos defendermos, dando asas ao destempero ou valendo-nos das armas do mundo, deixarmos tudo nas mãos de Deus.

— Zinaldo A. Santos.