Natural do Estado do Amazo­nas, onde nasceu num lar cristão, sendo inclusive neto de pioneiros, o Pastor Lourival Gomes de Souza formou-se em Teologia no Insti­tuto Adventista de Ensino, em São Paulo, no ano de 1979. Em seguida, iniciou suas atividades ministeriais na Missão Central- Amazonas, onde permaneceu até 1985, dirigindo-se então para a França, juntamente com a esposa, Chantal Massard Souza, a fim de cursar o mestrado em Teologia no Seminário Adventista de Collonges. Em 1988, retornou ao Amazonas, servindo como pastor distrital, até 1992. No ano seguinte, aceitou o chamado da Missão Maranhense, onde lidera os Departamentos de Escola Sabatina, Ministério Pessoal, acumulando também a função de secretário ministerial.

O casal tem um filho, Rafael.

Neste ano, faz uma pausa nas atividades do Campo, para concluir o doutorado em Teologia Pastoral, no Salt-IAE, onde concedeu a seguinte entrevista: de batismos a cada ano mostra claramente esta realidade. Todos os Campos avançam bem na Missão Global. Além de já termos uma Associação (Amazônia Ocidental), fala-se na divisão de outros Campos, como é o caso da Missão Baixo-Amazonas. Lugares novos são penetrados com a mensagem de salvação todos os anos. Evangelismo é rotina na União Norte-Brasileira.

MINISTÉRIO: Como vai o crescimento da Igreja Adventista na União Norte-Brasileira?

PASTOR LOURIVAL: Posso dizer que vai muito bem. O crescente número de batismos a cada ano mostra claramente esta realidade. Todos os Campos avançam bem na Missão Global. Além de já termos uma Associação (Amazônia Ocidental), fala-se na divisão de outros Campos, como é o caso da Missão Baixo-Amazonas. Lugares novos são penetrados com a mensagem de salvação todos os anos. Evangelismo é roti­na na União Norte-Brasileira.

MINISTÉRIO: A que o senhor atribui esse progresso?

PASTOR LOURIVAL: A participação leiga é fundamental. Os membros assumiram o compromisso com o evangelismo e com a obra de discipular. Aliado a esse fator, também acrescento o arrojado programa de treinamento e capacitação, desenvolvido pelos pastores distritais, eles mesmos também participando ativamente na tarefa de evangelização. Todos os pastores, incluindo administradores e departamentais, estão envolvidos em programas de evangelismo público. Pelo menos duas campanhas, de grande, médio ou pequeno porte, são realizadas: uma no primeiro semestre, aproveitando a Semana Santa; e outra no segundo semestre. Existem distritais que realizam mais de duas campanhas por ano.

MINISTÉRIO: A cidade de Manaus é uma das mais evangelizadas do Brasil, com um baixíssimo índice de não-adventistas em relação aos adventistas. Mas qual é a situação no interior do Estado?

Para que uma igreja cresça, primeiramente, o pastor deve estar pessoalmente envolvido e comprometido com a missão. Em segundo lugar, a igreja também deve estar envolvida. Quando existe um comprometimento consciente de cada parte, o trabalho será realizado, apesar das dificuldades.

PASTOR LOURIVAL: Pelo que sei, justamente devido à concentração do trabalho na capital amazonense, durante muitos anos, o Campo direcionou suas armas para o interior. Pouco a pouco, as grandes cidades vão recebendo a visita do evangelista, sendo realizada, inclusive, uma campanha metropolitana em Maués, em 1994. No ano passado, a cidade de Boa Vista, capital de Roraima, foi centro de uma grande campanha. Cidades como Borba e Coari, por exemplo, também já foram atingidas. Devido às peculiaridades geográficas da região, onde o acesso às cidades interioranas é quase exclusivamente por via fluvial, existe o desafio do transporte de material e equipamento. Não é fácil, por exemplo, transportar num barco o auditório móvel e seus acessórios, mas o trabalho está sendo feito. Outro meio de evangelizar o interior do Amazonas, são as campais, que reúnem irmãos de um ou mais distritos com seus interessados. Esses encontros acontecem freqüentemente com a presença de líderes da Missão.

MINISTÉRIO: Qual o papel das lanchas “Luzeiro” na evangelização do Amazonas?

PASTOR LOURIVAL: As lanchas exercem um papel decisivo no trabalho de evangelizar o Amazonas. Desde os tempos do Pastor Léo Halliwell, elas têm contribuído para tomar mais conhecida a Igreja Adventista, atendendo à população ribeirinha. Além de levar aos mais longínquos rincões alívio para dores físicas, à noite, onde quer que estejam aportadas, são realizados encontros para a apresentação do bálsamo para as dores espirituais: Cristo e a salvação que oferece.

MINISTÉRIO: Bem, depois de falar sobre o Amazonas, vamos para o seu Campo, a Missão Maranhense.

PASTOR LOURIVAL: É. Depois de trabalhar no Amazonas, posso dizer que no Maranhão, o envolvimento evangelístico também é algo inacreditável. O povo, dentro e fora da igreja, é altamente responsivo. O envolvimento de pastores e leigos tem transformado a Missão Maranhense verdadeiramente num “Campo dos Milagres”. Somente nos últimos três anos, aproximadamente 22 mil pessoas foram batizadas.

MINISTÉRIO: Há um distrito em São Luís que sem-pre batiza mais de mil pessoas num ano. Como isso é possível?

PASTOR LOURIVAL: Primeiramente, foi o Pastor Carlos Franca que em seu distrito lançou o projeto de batizar mil pessoas num ano. Ele contava especialmente com a ajuda da força voluntária. Formava equipes, treinava, capacitava seus membros, dava-lhes material e, evidentemente, também fazia a sua parte. Depois, ele foi nomeado departamental e foi substituído pelo Pastor Raimundo Moreno. Esse valeu-se de outro método – o evangelismo público. Chegou a realizar cerca de cinco campanhas num ano e construir cinco igrejas. Os novos membros eram colocados sob a supervisão de líderes experientes enquanto ele continuava evangelizando. Suas campanhas colhiam em média 200 batismos que, somados ao trabalho rotineiro das igrejas, chegaram a aproximadamente 1.300 batismos em um ano.

MINISTÉRIO: O senhor acha que é possível um pastor atender equilibradamente todas as áreas da igreja, realizando cinco séries de conferências e construindo cinco igrejas num ano?

PASTOR LOURIVAL: Aqui está envolvida uma questão de crescimento de igreja. Para que uma igreja cresça, primeiramente o pastor deve estar comprometido e pessoalmente envolvido com a missão. Um segundo fator é que a igreja também deve estar envolvida. O papel do pastor é treinar líderes que ajudem na administração sábia dos negócios da igreja local, supervisionados por ele. Quando existe um comprometimento consciente de cada parte, o trabalho será realizado, apesar das dificuldades encontradas no caminho.

MINISTÉRIO: Em que margem percentual situa-se o problema da apostasia, no Maranhão?

O secretário ministerial deve ser leal à administração do Campo ao qual serve. Mas essa lealdade não deve ser obtida às custas da confiança que lhe foi depositada pelo pastor distrital. O pastor quer ter no ministerial um amigo e um homem de Deus, no qual ele pode confiar.

PASTOR LOURIVAL: Para ser sincero, não tenho essa informação em termos numéricos. Logicamente esse é um problema geral, e o Maranhão não está imune. A Igreja defronta-se com essa questão. Aliás, ela teve origem no Céu, quando Lúcifer se rebelou. Todos nós, líderes e membros temos algo a ver com o problema, mas não devemos arrefecer o ânimo evangelístico, com medo de que em algum momento vamos ter de encará-lo. Pre-cisamos capacitar nossos líderes voluntários, especialmente anciãos e diáconos, para que eles desempenhem com sabedoria sua função de co-pastores da igreja.

MINISTÉRIO: Que plano específico a Missão Maranhense coloca em prática, para conservar tantas pessoas que são batizadas anualmente?

PASTOR LOURIVAL: Acredito que a Escola Sabatina é fundamental para a conservação dos membros. Por isso mesmo, o alvo é fortalecer as Unidades Evangelizadoras, desenvolvendo uma atitude fraterna entre os membros, e incentivando seu envolvimento nas atividades missionárias. Outros setores como Desbravadores, Jovens Adventistas, também buscam integrar o segmento sob sua orientação. Dessa forma, se o membro da igreja se sente aceito, bem-vindo, e tem oportunidade de participação, terá meios para se fortalecer na igreja.

MINISTÉRIO: Como serão conduzidas as atividades dos seus departamentos, já que o senhor permanecerá no IAE, durante este ano? Quais as principais metas que serão perseguidas?

PASTOR LOURIVAL: Segundo deliberação da Mesa Administrativa da Missão Maranhense, elas serão divididas entre os outros colegas departamentais, e também o presidente. Entre as grandes metas, destaca-se a de complementar a evangelização dos municípios do Sul maranhense. Essa é a região mais rica do Estado, mas pouco evangelizada, devido à distância. Já foram penetradas seis cidades no ano passado. Continuaremos a luta, sem esquecer os demais lugares, ao longo do Estado do Maranhão. O presidente, Pastor Gilberto Oliveira, planeja enviar obreiros bíblicos para alguns desses lugares, e também captar recursos para favorecer a mudança de famílias que queiram residir em cidades sem adventistas.

MINISTÉRIO: O que o senhor, como um secretário ministerial, espera ver num pastor?

PASTOR LOURIVAL: Em primeiro lugar, a comunhão com Deus. O pastor não pode descuidar disso. A igreja espera que ele transmita o reflexo deste relacionamento com Deus, quer nas mensagens transmitidas do púlpito, quer nas visitas particulares. Em segundo lugar, ele precisa aplicar-se ao estudo, para que tenha mensagens interessantes e poderosas. Depois vem a atenção que precisa dedicar à família. Se o pastor estiver bem com Deus e com a família, tudo o mais correrá favoravelmente. As provas serão enfrentadas com novo ânimo, resultando em vitória.

MINISTÉRIO: Em regiões receptivas, às vezes o critério de maior peso na avaliação de um pastor é o número de batismo. O senhor acha justo que seja assim?

PASTOR LOURIVAL: Do pastor, espera-se que seja um ganhador de almas. Mas também que faça o trabalho de apascentar as ovelhas que traz ao aprisco, criando condições para que elas gerem outras ovelhas também. Sinceramente, jamais ouvi falar de um pastor que tenha sido dispensado do trabalho por não alcançar o alvo de batismo, pelo menos na União Norte. Não tenho conhecimento disso. Se um pastor trabalha numa região considerada resistente, os administradores saberão avaliar as condições e os resultados do seu trabalho. Nenhuma avaliação unilateral é justa.

MINISTÉRIO: O que está sendo feito para alcançar as classes resistentes que também existem em sua região?

PASTOR LOURIVAL: As dificuldades para se alcançar as classes média e alta, na Missão Maranhense, são as mesmas de to-dos os lugares. Mas estamos executando um projeto evangelístico através da Escola de Inglês. As pessoas que são matriculadas, geralmente de classes especiais, além de aprender o idioma, têm oportunidade de ouvir a mensagem de salvação. O ensino do idioma é a ”isca” da pescaria.

MINISTÉRIO: Como é possível conciliar o trabalho de ministerial e departamentos como Escola Sabatina e Ministério Pessoal?

PASTOR LOURIVAL: Este é um problema da nossa realidade, especialmente lá no Norte, onde, devido às condições financeiras limitadas, não podemos ter um pastor para cada departamento. O ideal é sempre que o ministerial seja somente ministerial. Mas, não sendo possível, temos que nos organizar de tal modo que tudo fique bem atendido.

MINISTÉRIO: De que maneira o ministerial pode manter a confiança do pastor distrital, sem arestas com os administradores?

PASTOR LOURIVAL: O pastor quer ter no ministerial um amigo e um homem de Deus, no qual ele pode confiar. É uma tragédia quando o ministerial trai essa confiança. Já se disse que o ministerial deve ter um pé na sala do pastor e o outro no escritório do presidente. Não é questão de ficar “em cima do muro”, mas de ser confiável para os dois lados. Afinal, ele é pastor também do administrador ou presidente. O ministerial também precisa ser leal à administração. Essa lealdade, entretanto, não deve ser obtida às custas da confiança que lhe foi depositada pelo pastor distrital.

MINISTÉRIO: Como o senhor vê a Igreja no limiar de um novo século?

PASTOR LOURIVAL: Vejo com bons olhos. A Igreja tem crescido, alcançado quase todo o planeta. Por outro lado, temo que a Secularização invada a Igreja de tal forma que acabe mudando princípios. Necessita-mos conscientizar a Igreja no sentido de que somos um povo especial, o povo de Deus, que se prepara para morar com Ele na Pátria celestial. Somos peregrinos em direção ao Céu. Para alcançá-lo, precisamos vivê-lo aqui na Terra. O que eu espero é que o próximo século traga a coroação de todas as nossas esperanças.

MINISTÉRIO: Segundo sua maneira de ver, como pode o pastor adventista satisfazer às exigências do mundo atual?

PASTOR LOURIVAL: Olha, é maravilhoso pertencer à Igreja Adventista. Essa é a Igreja de Deus, cuja liderança está consciente de seu papel no mundo. Por isso mesmo tem investido no preparo intelectual dos pastores. O preparo espiritual é algo íntimo, cada pastor deve saber buscá-lo dia após dia. Mas a Igreja tem também investido, como já disse, no preparo intelectual. Temos à disposição o mestrado e, agora, o doutorado. Certamente muitos serão enviados para receber os benefícios desses cursos. Nenhum pastor deve deixar passar a oportunidade de crescer intelectualmente, em troca de função administrativa ou “promoção” departamental. Tudo isso é passageiro. Só o conhecimento intelectual e espiritual permanece.

MINISTÉRIO: Sua mensagem especial para os leitores de Ministério.

PASTOR LOURIVAL: Devemos pregar, amar e manter viva a esperança da volta de Jesus. É nossa bendita esperança. Nossa identidade denominacional. Diante dela não podemos ficar estáticos. Vamos, assim, apressá-la.