Desde que Jesus pronunciou a frase “é-Me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mat. 28:18), Seus seguidores tentam apropriar-se de parte desse poder. Os próprios discípulos vi­ viam lutando para ver quem era o maior entre eles, ou quem deveria ocupar a mais importante posição no reino de Cristo.

Hoje, não estamos menos fascinados pelo poder. Por isso, é importante que, como pastores, compreendamos o correto uso do poder e como evitar seu abuso.

Ted Engstrom, na introdução do seu livro The Making ofa Christian Leader, diz: “Liderança sólida, confiável, leal e forte é uma das mais desesperadas necessidades na América e no mundo hoje. Deparamo-nos com a tragédia de ver homens fracos em lugares importantes, indivíduos pequenos para realizar grandes trabalhos. … Quando mencionamos a escassez do talento de liderança em nossa sociedade, não estamos falando da falta de pessoas para preen­cher cargos administrativos ou posições executivas. … O que nos preocupa profundamente é a escassez de pessoas dispostas a assumir papéis significativos de liderança, para que o trabalho seja feito efetivamente. O líder efetivo não espera que as coisas aconteçam. Ele toma a iniciativa.” Engstrom define o líder como “alguém que guia e desenvolve as atividades, bus­ cando prover contínuo treinamento e direção”.

Alheios a isso, não raro, alguns clérigos compreendem mal e fazem uso impróprio do poder de liderança. Usualmente, isso acontece não por más intenções, mas em virtude de insu­ficiente compreensão das várias fontes de poder e de seu uso responsável.

Quais são algumas das muitas faces do poder? Enumeramos algumas:

Poder da posição. É originado em virtude da posição ocupada pelo líder. Sendo eleito ou nomeado, ele recebe poder designado pela própria natureza do trabalho. Esse modelo de poder é transferido para o indivíduo que o substitui.

Poder da informação. Vem do conhecimento ou da habilidade que o líder possui. Ele é conservado, na medida em que a informação é necessária para o contínuo bem-estar do grupo. Poder da recompensa. Reside na capacidade que o líder tem de recompensar ou punir. Freqüentemente, esse tipo de poder é visto como paternalístico e manipulativo, mesmo quando o galardoador não deseja utilizá-lo injustamente.
Poder relacionai. É fruto da associação com aqueles que possuem poder. Indivíduos que o desfrutam fazem parte do chamado “círculo íntimo”. Mas ele se evapora rapidamente quando alguns são transferidos de lugar ou trabalho. O poder relacionai é mais estável quan­do envolve um bom relacionamento entre os membros da equipe.

Poder pessoal. Deriva da confiança que outros colocam na integridade moral, habilidade, reputação e realizações anteriores do líder. Mais forte que todas as outras fontes de poder, o poder pessoal não se esvai com a mudança de status ou circunstâncias. Pelo contrário, as mudanças realçam o poder pessoal enquanto o indivíduo responde criativa e apropriadamen­ te aos desafios da nova situação.

Jesus Cristo é o maior exemplo de alguém que estava colocado na mais alta posição, era onisciente, desfrutava da mais íntima associação com o Pai celestial e o Espírito Santo. Todavia, a despeito de tudo isso, voluntariamente esvaziou-Se a Si mesmo dessas fontes de poder, e veio à Terra como um servo cujo ministério foi a essência do poder pessoal.

Na medida em que nos empenharmos mais no sentido de exercitar Seu poder em nosso minis- tério, do que nos apropriarmos dele para uso próprio, o Espírito Santo pode privilegiar-nos com a abundância da promessa de Cristo: “Mas recebereis poder…” (Atos 1:8).

James A. Cress.