Pesquisas recentes na área da genética permitem ao ser humano alimentar o sonho de uma vida mais longa que a média habitual. Numa das últimas façanhas, o cientista James Thomsom, da Universidade de Wisconsin, Madison, Estados Unidos, conseguiu manter em cultura células-tronco embrionárias, as stem cells. Pelo menos na teoria, com elas é possível fazer tecidos formadores do coração, fígado, medula óssea, glóbulos sanguíneos e toda a alvenaria humana. Dessa forma, acreditam os cientistas, será possível desenvolver tratamentos para quase todas as doenças causadas pela morte ou enfermidade das células.
Esse é apenas um dos muitos estudos em andamento, com o objetivo de colocar um ponto final em males como câncer, diabetes, Aids e obesidade. Evidentemente ainda existem algumas dificuldades a serem vencidas, mas é bom lembrar que em 1796, a média de vida era de 24 anos, em 1896 passou para 48 anos, e, em 1996, para 70. Com esses dados, há quem acredite na possibilidade de o homem viver 150 anos, até 2050, caso cheguemos até lá.
O sonho da eterna juventude é antigo e povoa a mente de todos nós. E o Senhor colocou à nossa disposição recursos naturais capazes de tornar a vida longa e saudável. Mas a manutenção da longevidade escapa ao nosso controle. Por isso mesmo devemos descansar confiantemente em Deus e trabalhar diligentemente em busca dos nossos objetivos pessoais, familiares e vocacionais. Especialmente nestes dias, quando a antiga busca da excelência é realçada em todos os setores da vida, através da expressão “qualidade total”, precisamos empenhar-nos por uma existência mais abundante e frutífera, em todos os sentidos.
Jesus Cristo disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Isso não significa vida pueril, meia vida, arremedo de vida. É vida total, plena. Nem sempre é avaliada pela extensão. mas pela qualidade. Aliás, nesse aspecto, o próprio Cristo é o exemplo máximo. Nasceu na obscuridade, teve infância e juventude caracterizadas pela simplicidade, e uma vida adulta marcada pela pureza de caráter. Foi uma existência curta – apenas trinta e três anos e meio – e tão marcada de realizações: curou, ensinou, aconselhou, abençoou, perdoou, repreendeu, aceitou pobres e ricos, atraiu marginalizados da sociedade, paradoxalmente sofreu rejeição, e morreu. Como diria Napoleão, “estabeleceu um império baseado no amor; e, hoje, milhões morreriam gostosamente por Ele”.
A própria ordem da Natureza, em seus fenômenos mais singelos, parece nos ensinar que é a qualidade, não a extensão, que dignifica a vida. O espinho da roseira tem maior durabilidade, mas não espalha o mesmo bem de uma pétala. Também não é a aparência aos olhos dos homens que provará a qualidade da nossa vida. O orvalho cai abençoando a terra, quando todos dormem. Na escuridão da noite, ninguém o louva: mas ele faz seu trabalho. Não podemos ver a brisa fresca, mas sentimos os benefícios que ela nos proporciona.
Quase nada se fala a respeito do alicerce de uma construção, embora muito seja dito sobre sua fachada. Esta, no entanto, não existiría sem aquele.
Portanto, a vida abundante, da qual Cristo falou, não é uma vida de ostentação egoísta, afetação e vaidade. Caracteriza-se pela simplicidade e pelo serviço altruísta. Todos os nossos atos devem revelar a constante perseguição do supremo objetivo da existência humana: glorificar a Deus e revelar Seu caráter ao mundo. Nisso devemos empregar o melhor das nossas faculdades físicas, intelectuais e espirituais. O segredo para o êxito nessa empreitada é a submissão irrestrita à vontade e ao plano de Deus para a nossa existência. Ele reserva para Si o total conhecimento desse plano, mas nos assegura que diariamente podemos nos deparar com o que de nós é requerido para aquele dia específico. Faz isso para que nossa confiança esteja inteiramente nEle, em vez de centralizar-se em nós mesmos. Está pronto a orientar em tudo o que contribua para que vivamos da melhor maneira, alegres em cumprir o Seu querer.
Não temos o direito a um viver fútil, banal, nivelado a quinquilharias. Nossa vocação é incomparavelmente nobre e elevada. Precisamos viver à altura dessa nobreza. Sendo a vida um dom de Deus, não importa quão extensa ou reduzida ela seja, deve ser vivida de maneira excelente, bem de acordo com a moldura construída pelo apóstolo Paulo: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sábios.” (Efé. 5:15). – Zinaldo A. Santos.