Chamamos de auto-estima ao conjunto de sensações e conceitos que formamos a respeito da nossa própria pessoa. Nossa auto-imagem está baseada em um sistema de idéias e sentimentos que mantemos em relação ao que somos, os quais vamos recolhendo e reunindo ao longo da vida.

A imagem que temos a nosso respeito é poderosa para influenciar nossas ações e atitudes e, principalmente, nosso relacionamento com outras pessoas. O modo como olhamos para dentro de nós mesmos e o que intimamente sentimos a nosso respeito são fatores que determinam aquilo que somos e o que seremos. Tuto o que vemos e sentimos determinará o curso de nosso relacionamento com outras pessoas e, também, com Deus.

O que estamos afirmando não é nada diferente daquilo que Salomão resumiu, tempos atrás: “Porque como imagina em sua alma, assim ele é…” (Prov. 23:7).

Conta-se que um famoso cirurgião plástico percebeu que muitos pacientes, mesmo após a mudança operada pela restauração plástica facial, não demonstravam a mesma transformação mental. Embora a cirurgia tivesse deixado aqueles pacientes não apenas aceitáveis, senão mais belos, eles continuavam agindo e pensando como se ainda fossem “o patinho feio”. Tinham um rosto novo, mas continuavam com a mesma personalidade anterior. Sentiam-se feios, por mais que os observadores dissessem o contrário.

Cada personalidade possui um rosto. Esse rosto emocional da personalidade parece ser o segredo da transformação. Se ele continuar marcado e desfigurado, feio e de baixa qualidade, então a pessoa continuará a agir de acordo com ele, mesmo que sua aparência exterior seja modificada. Entre-tanto, é possível haver uma transformação, se as velhas cicatrizes emocionais puderem ser removidas.

Formação de auto-estima

Muitas pessoas imaginam que elevada auto-estima é a mesma coisa que comportar-se de forma arrogante e orgulhosa. Isso é um grande engano. Orgulho é uma capa que encobre nossa insegurança, incapacidade e impossibilidade de enfrentar a realidade. O orgulho tem levado muitos a vestirem esse manto, na tentativa de encobrir a baixa auto-estima.

É no lar que têm início muitos problemas de auto-estima, pois é aí que as dificuldades podem ser evitadas mais eficazmente. A consolidação da auto-estima infantil selará o sucesso ou fracasso na vida de uma pessoa. Desde muito cedo, estando nossos filhos ainda bem pequeninos, começamos a desenvolver neles a auto-estima. E ela ajudará na formação de homens e mulheres autênticos, capazes, seguros de si mesmos ou amedrontados, altamente melindrosos, inseguros e agressivos.

Por isso mesmo, Ellen White adverte, no livro Orientação da Criança, à página 156: “Tanto quanto possível, deve cada criança ser ensinada a confiar em si mesma.” Nessa tarefa, os pais têm diante de si dois grandes desafios: primeiro, vencer seus sentimentos de inferioridade e formarem conceitos mais positivos a respeito de si mesmos. Segundo, ajudar os filhos a fazerem o mesmo.

O cristão e a auto-estima

Algumas das armas mais fortes no arsenal de Satanás são de natureza psicológica. E existem muitos cristãos que estão sendo derrotados pela mais poderosa arma psicológica usada pelo inimigo. Essa arma tem a eficácia de um míssil. Seu nome? Auto-estima negativa.

Essa imagem pode manter-nos girando no círculo vicioso do medo e da inutilidade. Destrói nossos sonhos, nosso relacionamento com o cônjuge, filhos, amigos, membros da igreja, e com Deus. Uma pessoa com baixa auto-estima estará sempre tentando mostrar-se. Sendo viciada em elogios, busca desesperadamente a aprovação de terceiros para sentir-se mais segura.

Existem várias causas para a baixa auto-estima. Entre elas, podemos citar os relacionamentos negativos com os pais, as expectativas irreais, o modo de pensar distorcido, teologia falha e influências na comunidade. Que pessoas revelam maior dificuldade de convivência com outras? Logicamente aquelas que não gostam de si mesmas.

A Bíblia e o amor-próprio

Falando sobre o grande mandamento, Jesus disse: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mar. 12:30 e 31).

Necessitamos refletir melhor sobre a segunda parte do mandamento. Ela diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Temos então três ordens distintas: amar a Deus, a nós mesmos e ao próximo. Estabeleço essa escala de prioridades, colocando o amor a nós mesmos em segundo plano, porque Jesus deixou bem claro que, na medida certa, esse tipo de amor constitui a base certa para amar ao próximo. O problema é que, muitas vezes, interpretamos o ensinamento de Cris-to, por uma via contrária, como se Ele tivesse dito: “Amarás ao teu próximo e odiarás a ti mesmo.”

Enquanto agirmos dessa forma, estaremos longe de cumprir o que Deus nos ensinou. Afinal, é impossível amar corretamente o próximo sem amar a mim mesmo. Para algumas pessoas, é difícil aceitar essa conclusão, em virtude de que sempre associam o amor-próprio a uma atitude de superioridade mesquinha, vontade obstinada, orgulho e egoísmo.

Mas o amor-próprio, experimentado de maneira correta, não representa adoração de si mesmo, nem egoísmo. Significa, isto sim, nos vermos como criaturas dignas, valorizadas pelo sangue de Cristo e amadas por Deus. Podemos amar a nós mesmos, porque Deus nos ama e nos concedeu habilidades especiais. Esse ponto de vista bíblico do amor-próprio deve tomar-se a base da auto-estima.

Valorização pessoal

Sentir-se uma pessoa especial e abençoada por Deus é uma grande necessidade de todas as mulheres. Isso é algo muito importante para qualquer pessoa, desde o nascimento, e não existe alegria duradoura sem tal sentimento. Ele representa para a alma o mesmo que a proteína é para o corpo. É fonte de saúde psicológica, segurança espiritual; base da autoconfiança e da elevada auto-estima. É um dos bens mais preciosos da vida.

Cada uma de nós necessita sentir-se especial e abençoada por Deus e, dessa forma, tomar-se uma comunicadora de bênçãos.

Ser uma mulher especial e abençoada significa conhecer, sentir e alegrar-se na firme promessa de Deus, na certeza de Sua aceitação e aprovação. É a experiência de ser escolhida e estimada, valorizada e apreciada.

Todos os nossos esforços para ganhar e obter a admiração de outros jamais irão preencher o vazio interior, a menos que tenhamos consciência do que representamos para Deus. Dar amor, transmitir segurança e demonstrar aceitação é tudo o que Deus faz por nós. Infelizmente, porém, devido à orientação nociva que recebemos de outras fontes, temos dificuldade em aceitar essa bendita realidade. É tão difícil que algumas preferem continuar no fundo do poço.

Apelo a você, querida amiga, a que se submeta a esse processo divino de restauração. E aceite o que Deus deseja e pode fazer em você e por você. Jacó, após lutar com Deus no vale de Jaboque, já não tinha que se empenhar para ser amado. Ele sentiu-se amado. Recebeu a bênção. Deixe que Deus a ame. Deixe que Ele lhe ensine a amar, a si mesma e aos outros.