Faz 32 anos, mas parece que foi ontem. Estávamos perto do salão nobre do Instituto Adventista de Ensino (ainda não havia o templo), logo após o culto de ideais de servir a Cristo. Aquela conversa alicerçou nosso desejo de nos unirmos a Deus e um ao outro. Dois anos depois, nos casamos e fomos para o campo missionário em Belém do Pará e, três meses depois, Amapá.
Foram 30 anos de preciosas experiências no lar e no trabalho para o Mestre. Hoje, ao olhar para trás, posso afirmar sem receio algum: “Ebenézer! – Até aqui nos ajudou o Senhor”. Louvo a Deus, agradecida, pelos anos que passamos juntos e pelos que, por Sua misericórdia, ainda temos pela frente.
Logo que chegamos ao campo missionário, cheios de sonhos e boas intenções, percebi que tínhamos muito o que aprender. Só estudo e boa vontade não seriam suficientes para nos garantir o sucesso. Esbarramos nos problemas das saias curtas, da maledicência, do adultério, e muitos outros próprios de igrejas locais, além de também esbarrarmos em nossa própria falta de experiência.
Para completar, tínhamos nosso lar recém-surgido da bênção matrimonial, com todos os desafios e sonhos que dois jovens idealistas podem ter; lar este que precisava de amor e atenção para poder ser uma luz dentro e fora dele. Eu tinha somente 19 anos e havia aceitado a Cristo apenas três anos antes.
Lições do passado e do presente
Mas a igreja que nos recebeu aprendeu a nos aceitar e amar, e nós partilhamos com ela nosso desejo sincero de acertar, amar e salvar. O resultado foi crescimento mútuo. Para que uma planta cresça e se desenvolva, precisa de poda, mas também precisa de água, solicitude e carinho. A igreja nos proporcionou todos esses aspectos.
No relacionamento com os irmãos, fomos aprendendo a aceitar suas debilidades sem condescender com o erro; a amar o pecador e aborrecer o pecado; a ver que nem tudo que éramos ou fazíamos tinha que ser aceito por eles; a compreender e respeitar as diferenças regionais; a rir e chorar com eles; a lidar com vitórias e fracassos; a caminhar de mãos dadas com Jesus.
Louvo a Deus pelas duas igrejas que nos ensinaram essas coisas: Marambaia, em Belém do Pará, e Bairro do Trem, em Macapá, capital do Amapá.
Como os discípulos aprenderam aos pés do Mestre, nós fomos aprendendo aos pés de nossos queridos irmãos. E como Cristo, em relação aos discípulos, aqueles irmãos também tiveram que ter muita paciência conosco. Por outro lado, assim como aconteceu com os discípulos, nós também só conseguimos compreender algumas coisas depois da despedida. Mas crescemos. E ainda temos muito que crescer.
Anos depois, Deus nos chamou de um campo missionário para outro. Viemos para a Obra de Publicações. Novos desafios, novo campo de trabalho e novas perspectivas. Novas podas. Novas oportunidades e fases de aprendizado. Continuamos aprendendo ainda hoje.
Agora, temos duas igrejas que amamos. A igreja do Brasil e outras nações de língua portuguesa, e a igreja Casa Publicadora Brasileira. E quantas lições estamos aprendendo neste setor da Causa de Deus! O Senhor está nos mostrando sempre o quanto Sua Igreja precisa do bom alimento do Céu, e quão importante é que aqueles que preparam esse alimento se aproximem de Cristo e dEle busquem inspiração e poder; quão importante é “que os irmãos vivam em união” (Sal. 133:1), para que cumpram com eficiência a missão de espalhar as “folhas de outono”.
Necessitamos de união com Cristo e com os outros. Precisamos aprender isso. Devemos viver e ensinar essa experiência, não importa o setor no qual estamos servindo.
Minha querida colega, esposa de pastor, unindo-se a Cristo e ao seu esposo – e ele unindo-se a Cristo e a você – verá que as lágrimas serão transformadas em sorrisos, as críticas servirão de estímulo. A dor será um instrumento de transformação, e as derrotas se transformarão em preciosas lições. E muitas vitórias serão, sem dúvida, conquistadas.
Porventura é você jovem e carente de experiência? Viva cada dia com alegria, entregando sua juventude e suas necessidades a Jesus. Erga seus olhos. Busque as alturas, como a águia. Esqueça os ciscos do chão; eles somente servem para alimentar os galináceos. Preocupe-se em amar e servir a Cristo. Tudo o mais será consequência disso.
Acaso está você no fim da carreira? Lembre-se de que o reino de Deus não dá lugar à indolência. Se você ainda tem saúde, esqueça as palavras inatividade e aposentadoria. Talvez seu esposo já nem esteja mais atuando como obreiro, mas, com certeza, Deus ainda tem um plano a ser executado por vocês. Mais leve, certamente; livre das imposições de horário, próprio para sua condição e idade.
Aproveite sua vivência para encorajar e animar outros, salvar perdidos. A velhice tem vantagens que podem fazer esquecer, pelo menos por algum tempo, as desvantagens. Logo Cristo estará aqui. Mantenhamo-nos firmes na bendita esperança do Seu glorioso retorno.