A retirada do povo de Israel do Egito foi realizada mediante grandes sinais e maravilhas operadas por Deus; um fato singular, jamais visto em qualquer outro tempo. Deus invadiu a História, colocando Sua mão poderosa em favor de Seu povo sofrido, libertando-o “com braço forte e mão estendida”.

Aquele ato divino deveria ser sufi-ciente para suscitar inabalável fé entre um povo que dizia acreditar no seu Deus e estar disposto a fazer a Sua vontade, chegando a afirmar: “Tudo o que o Senhor falou, faremos” (Êxo. 19:8). O próprio Senhor Jesus Cristo consentiu em caminhar com eles: “O Senhor ia adiante deles, durante o dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, durante a noite numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite.” (Êxo. 13:21).

Jesus poderia caminhar com eles, mas não poderia caminhar por eles. E, à medida que Israel tomava o caminho no deserto, desafiadores problemas foram aparecendo, testando a paciência e a capacidade de Moisés, seu libertador e líder, cujo trabalho se tornara pesado e cansativo. Certo dia, assentou-se “para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até ao pôr-do-sol.” (Êxo. 18:13).

Foi então que Jetro, seu sogro, chegou ao arraial israelita, e a ocupação de Moisés chamou-lhe a atenção. Durante o dia, ele estivera atendendo ao povo; ao entardecer, sentado diante de sua tenda, exausto, desejava apenas descansar e se refazer do penoso dia. E Jetro aproveitou a oportunidade para aconselhá-lo: “Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até ao pôr-do-sol?” (v. 14). Diante da resposta de Moisés – “É porque o povo vem a mim para consultar a Deus” -, Jetro não perdeu tempo:

“Não é bom o que fazes. Sem dúvida desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo: pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer.” (vs. 17 e 18). Disse-lhe ainda que deveria procurar “dentre o povo homens capazes, tementes a Deus”, e colocá-los sobre o povo “por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta, e chefes de dez, para que julgem este povo em todo tempo”, (vs. 21 e 22). Problemas graves seriam levados a Moisés. Coisas pequenas eles mesmos resolveríam. “Se isto fizeres”, concluiu Jetro, “e assim Deus to mandar, poderás então suportar; e assim também todo este povo tornará em paz ao seu lugar.” (v. 23). Moisés atendeu o conselho do sogro.

Em poucas palavras, o plano de Jetro era que Moisés deveria dividir o povo em grupos numéricos progressivos; escolher líderes que o representassem perante o povo; delegarlhes tarefas; realizar apenas aquilo que os líderes não pudessem fazer. Como resultado, Moisés ficaria mais aliviado para os seus deveres prioritários como representar os interesses do povo diante de Deus; ensinar-lhe os estatudos e as leis; e mostrar-lhe o caminho em que deveria andar. E o povo fiacaria em paz.

Na Igreja primitiva

Plano semelhante foi colocado em prática por Jesus Cristo. Quando veio ao mundo, ungido pelo Espírito Santo, não Lhe ocorreu idéia melhor do que a de iniciar a Sua Igreja através de um pequeno grupo de 12 pessoas. Aliás, Jesus foi apenas coerente. O que ensinou a Moisés, através de Jetro, também praticou.

“Todo o ministério de Jesus centralizou-se em treinar este pequeno grupo de homens. E quando chegara o momento do Salvador voltar para o Céu, os discípulos demonstraram já compreender o velho plano para a nova igreja.

“Ao tempo designado, cerca de 500 crentes estavam reunidos em pequenos grupos na encosta da montanha, ansiosos por saber tudo quanto fosse possível… Os discípulos passavam de grupo em grupo, dizendo tudo quanto haviam visto e ouvido do Salvador… De súbito achou-Se Jesus no meio deles.” (O Desejado de Todas as Nações, págs. 818 e 819).

A Igreja cristã primitiva nasceu e se desenvolveu através de pequenos grupos. A antiga estratégia dera resultado, e a Igreja crescia e se multiplicava não somente em número, mas também em qualidade, sendo “um o coração e a alma dos que criam” (Atos 4:32). E perseveravam “unânimes… partindo o pão de casa em casa” (Atos 2:46); a exemplo do que ocorria na casa de Àquila e Priscila (I Cor. 16:19), na casa de Ninfa (Col. 4:15), na casa de Filemon (Fil. 1:2) e em várias outras. E o que é mais importante, “nenhum necessitado havia entre eles” (Atos 4:34).

O apóstolo Paulo foi um praticante e grande incentivador do trabalho em pequenos grupos. “Não raro, em seu ministério, reunia-se ele com pequenos grupos de homens e mulheres que amavam a Jesus…” (Serviço Cristão, pág. 71). Seguindo esse modelo de trabalho, ele transformou a Igreja primitiva numa grande constelação de pequenas igrejas que se reuniam na casa dos irmãos.

O movimento adventista

A Igreja Adventista do Sétimo Dia também se desenvolveu através de grupos pequenos. Os lares dos pioneiros eram, geralmente, os lugares onde os ir-mãos se reuniam, e foram, durante mui-to tempo, o centro de suas atividades religiosas. Assim, Deus demonstrava clara-mente que não mudara de idéia em relação ao Seu programa original de desenvolvimento para Sua Igreja.

Ellen White, em sua função de sustentar e consolidar as verdades bíblicas estabelecidas, confirma os pequenos grupos como o programa de Deus para todos os tempos: “A formação de grupos pequenos como base do esforço cristão foi-me mostrada por Um que não pode errar. Se há na igreja grande número de membros, convém que se organizem em pequenos grupos a fim de trabalhar.” (Serviço Cristão, pág. 72).

Quanto mais o tempo passa, mais a igreja cresce, aumentando o número de membros carentes de informação quanto à sua função e missão. Muito mais agora, quando a complexidade da vida moderna exigiu grandes congregações, muitos membros se sentem isolados e desencorajados para testemunhar. Mas, certamente, reagiríam de forma positiva se participassem de pequenos grupos, conforme a orientação divina.

“Que se reúnam em pequenos grupos… para estudar a Bíblia. Tenham um momento dedicado à oração, para que possam ser fortalecidos, iluminados e santificados pelo Espírito Santo.

“Que cada um conte sua experiência com sinceras palavras. Isso dará mais alento e gozo à alma… Cristo entrará em vossos corações. Este é o único meio pelo qual podeis manter vossa integridade.” (Testimonies, vol. 7, pág. 195).

Alimento para todos

O relato evangélico do milagre da multiplicação dos pães e peixes, permite deduzir que havia uma multidão de, pe-lo menos, dez mil pessoas famintas para serem alimentadas, uma vez que cinco mil eram apenas os homens, fora as mulheres e crianças. Jesus ordenou que se assentassem em “grupos”, e “todos comeram e se fartaram, e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe”. (Mar. 6:42 e 43).

Se seguíssemos, hoje, o método de Cristo, todo o povo seria melhor alimentado. O que vale dizer, melhor assistido, ensinado e treinado. A igreja deixaria de ser um ajuntamento de pessoas quase desconhecidas, que se encontram inci­dentalmente uma vez por semana, para se tornar uma comunidade viva, vibran­te ativa e feliz. O plano de pequenos grupos é divino e é bom. Serviu para Moisés e sua gigantesca igreja; serviu para Jesus e Seus discípulos; serviu para a Igreja primitiva e para os pioneiros. Também serve para os dias atuais.

Este é o plano que tem mobilizado o distrito da igreja central de Aracaju, SE, nos últimos três anos, e os resultados têm se mostrado verdadeiramente mila­ grosos. No início do projeto, em 1995, o distrito tinha 75 pequenos grupos. Atualmente existem 120.

Em abril de 1995, o distrito contava aproximadamente 700 membros. Em dois anos, houve um crescimento apro­ximado de 125%, sendo que em 1997 esse crescimento atingiu a marca de 50%. A apostasia, que passava de 50% em alguns casos, baixou para cerca de 5%. Mas há outros fatos que merecem destaque: a igreja de Barra dos Coquei­ros, por exemplo, em setembro de 97 possuía 92 membros e estava ministran­do 101 estudos bíblicos, com a participação de mais de 90% de seus fiéis. Um grupo de apenas 14 pessoas, no início do ano, levou ao batismo, durante 1997, 28 novos conversos, somente através dos pequenos grupos. A igreja de Mos­queiro cresceu 100% no ano passado. Três igrejas, incluindo a central, realizam dois cultos aos sábados, em virtude da superlotação verificada. No caso da cen­tral, está sendo iniciada a construção de um novo templo, com 800 lugares.

evolução de batismos, de 1990 a 1997 é a seguinte:

AnoNúmero de batismos
1990138
1991110
1992181
1993116
1994140
1995152*
1996232
1997501
*Ano da implantação dos pequenos grupos