Desde sua primeira edição, a revista Ministério sempre conservou o mesmo tamanho e as mesmas cores preta e branca. Portanto, esta é uma edição histórica. Com novo rosto, capa colorida e um novo tamanho. Ministério aparece hoje renovada, acompanhando o ritmo de mudanças de um leitor cada vez mais exigente, e de um mundo de publicações cada vez mais aprimoradas.
E já que estamos falando de rosto novo, pensemos um pouco na cirurgia plástica. Afinal, um rosto novo somente possui algum significado quando é o reflexo de uma mudança interior.
Outro dia, enquanto conversava com um cirurgião plástico, meu amigo, ouvi a seguinte observação de sua parte: “Sabe qual é o problema com as pessoas que me procuram para embelezar o rosto? Elas confundem as coisas. Muitas acham que o que está faltando é uma cirurgia plástica no rosto, mas ignoram que uma operação desta só tem algum valor se for acompanhada de uma cirurgia plástica no coração.”
Isso pode ser aplicado a tudo na vida, inclusive à vida espiritual. Reavivamento e reforma, por exemplo, são duas coisas que andam juntas. Reforma sem reavivamento é o mesmo que fazer uma cirurgia plástica para renovar o exterior, enquanto o coração permanece cheio de amargura e frustrações. E reavivamento sem reforma é romantismo barato, que não vai além de uma música emotiva ou duas lágrimas derramadas. O reavivamento genuíno conduz de maneira natural a reforma exterior. E a reforma autêntica brota, sem pressões, do reavivamento interior.
Diz Ellen White: “Precisa haver um reavivamento e uma reforma, sob a ministração do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diversas. Reaviva-mento significa renovamento da vida espiritual, um avivamento das faculdades da mente e do coração, uma ressurreição da morte espiritual. Reforma significa uma reorganização, uma mudança nas idéias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não trará o bom fruto da justiça a menos que seja ligada com o reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem efetuar a obra que lhes é designada, e no realizá-la, precisam fundir-se.” (R&H, 25/02/1902).
Pergunto então: Por onde deveriamos começar o trabalho de reformar vidas? O ele-mento catalizador aqui é o amor. Quando realmente amamos, queremos e realizamos mais. Vivemos para fazer feliz a pessoa amada. E se alguém na igreja não vive os elevados princípios de vida ensinados por Jesus Cristo, é simplesmente porque não ama.
O amor possui um magnetismo extraordinário. O amor cativa, conquista e finalmente gera mais amor.
Jesus morreu pela humanidade demonstrando a imensidão de Seu amor. No entanto, apesar de tudo o que Ele fez pelo ser humano, se este ainda vive egoisticamente apenas para agradar seus sentidos, deve ser porque, entre outras coisas, não compreendeu o amor de Jesus.
Aqui está um desafio para nós, ministros: fazer com que o ser humano compreenda o amor escrito com sangue, na cruz do Calvário. Pouco ajudará querermos reformar a vida de pessoas que não compreenderam o evangelho em sua simplicidade.
Uma segunda pergunta aparece então como conseqüência natural de tudo isso: Quanto de seu ministério é dedicado a explicar o evangelho, e quanto tempo é dedicado a apresentar princípios de vida? Bem, talvez a pergunta deva ser formulada de outra maneira: Tem você a certeza de estar apresentando os princípios como parte inseparável do evangelho? Está seguro de que está explicando o evangelho como a maravilhosa obra realizada por Cristo, a fim de que os princípios se-jam eternos no coração do homem?
Lembre-se de que, quando Cristo Jesus voltar à Terra, Ele não virá buscar uma simples mulher “sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante”. Ele virá buscar uma esposa querida, amada, feliz, e, ao mesmo tempo, “gloriosa, sem mácula, nem ruga, mas santa e irrepreensível” (Efés. 5:27).
Como escreveu Ellen White, “não há coisa alguma que Satanás tema tanto como que o povo de Deus desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma languescente igreja e uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse fazer o que ele queria, nunca haveria outro despertamento, grande ou pequeno, até ao fim do tempo. Não somos, porém, ignorantes de seus ardis. É possível resistir-lhe ao poder. Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, a bênção virá. – Mensagens Escolhidas, vol. I, pág. 124.
No que compete à Associação Ministerial, tudo será feito para que a reformulação exterior de nossa revista seja a expressão da mudança na orientação e praticidade dos artigos. Mas ficaremos orando, também, para que a reforma interior, necessária e urgente, na vida de cada membro da igreja e de cada pastor, seja também a expressão de algo maravilhoso que o Espírito Santo esteja operando no coração de to-dos.
— Alejandro Bullón.