“O Salvador misturava-Se com os homens como ama pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava- lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me.'”

Em Mateus 25:34-36, estão registradas as seguintes palavras de Jesus: “então dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai! En­trai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e Me destes de comer; tive sede e Me destes de beber; era forasteiro e Me hospedastes, estava nu e Me vestistes; enfermo, e Me visi­tastes; preso e fostes ver-Me.”
Durante meu ministério, tenho lido com freqüência textos bíblicos e citações ins­piradas. E, nestes últimos dois anos, minha experiência pastoral tem experimentado um impacto muito forte, enquanto observo o notável progresso da pregação. Por outro lado, creio que ainda necessitamos crescer, no mesmo ritmo, no serviço que prestamos ao nosso próximo. É-nos dito que “recolher o necessitado, o oprimido, o aflito, o que sofreu perdas, é justamente a obra que toda igreja que crê na verdade presente devia estar realizando há muito tempo. Cumpre-nos mostrar a terna simpatia do samaritano em suprir as necessidades físicas, alimentar o faminto, trazer para casa os pobres abandonados, buscando de Deus continuamente a graça e a força que nos habilitem a chegar às profundezas da miséria humana, e ajudar aqueles que absolutamente não podem ajudar a si mesmos. Realizando essa obra, temos uma favorável oportunidade de apresentar Cristo, o Crucificado”. —Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 514.

Além da pregação

Essa é uma tarefa que, sem sombra de dúvidas, contribui para o desenvolvimento espiritual da igreja e que deveria ser incorporada como seu estilo de vida. A mobilização dos membros para o atendimento e satisfação das necessidades dos semelhantes fará com que a igreja conquiste a confiança da comunidade que a cerca, atraindo pessoas que ouvirão e atenderão o convite do Mestre: “Segue-Me”.

Os acontecimentos sociais e políticos que têm lugar no mundo, bem como os fenômenos naturais que sacodem diversas regiões do planeta, nos levam a refletir sobre a urgência da nossa missão e a necessidade de a desempenharmos em toda a sua amplitude. Milhares de pessoas diariamente são vítimas de enfermidades, acidentes ou calamidades, abrindo-nos a oportunidade de lhes dizer uma palavra amorosa, dedicar tempo, talentos e bens para salvar vidas que jazem moribundas em meio ao pecado, à necessidade e à falta de esperança.

É preciso avançar no cumprimento dessa missão. Há enfermos e prisioneiros esperando ser visitados. Há uma comunidade esperando o alívio produzido pela Água da Vida. Há órfãos de amor, vítimas da frieza e indiferença, aos quais podemos levar o bálsamo da solidariedade cristã, partilhada através de um prato de sopa, uma peça de roupa ou copo de água. Somos “a luz do mundo” e “o sal da Terra”. O Senhor deseja usar-nos para realizar grandes coisas em Seu favor, sem que estejamos interessados no aplauso humano ou no reconhecimento administrativo, que podem alimentar nosso ego.

A ênfase dada à pregação e à colheita não deve ofuscar o dever da conservação de membros através da capacitação, sociabilidade e companheirismo que devem existir entre eles. Os ministérios da igreja se abrem como oportunidades para que todos os crentes cresçam no exercício de sua mordomia, fraternidade, generosidade e serviço em favor dos que sofrem. O aproveitamento dessas oportunidades não desviará a igreja do dever de proclamar o evangelho; ao contrário, a fortalecerá no exercício dessa tarefa, pois o ministério social abre portas e consolida conversões.

Planejando o envolvimento

Existem determinados passos que não podem ser desconsiderados, a fim de envolver os membros da igreja nos ministérios de serviço. Aqui estão algumas sugestões:

  • ♦ Reunir a comissão da igreja, para estudar e avaliar as necessidades comunitárias, decidir quais ministérios serão implementados e definir os objetivos a ser alcançados.
  • ♦ Apresentar o projeto à igreja e convidar os membros para que se inscrevam no ministério em que desejam participar. Deve ser dado um tempo aproximado de 15 dias.
  • ♦ Reunir os que se inscreveram nos diferentes ministérios e elaborar o cronograma de atividades, que podem ser quinzenais ou mensais. Cada ministério deve ter um coordenador, a ser nomeado nesse encontro.
  • ♦ Realizar intensa promoção das atividades, através do boletim da igreja, cartazes, camisetas e outros instrumentos de propaganda.
  • ♦ Fazer avaliação, depois de cada atividade realizada, a fim de que eventuais ajustes sejam feitos. Criar espaços no Encontro Jovem ou em outros momentos, para que os participantes contem as experiências vividas. Isso tem o objetivo de inspirar a participação de outras pessoas.

Tipos de ministérios

Entre os ministérios sugestivos, nos quais podemos envolver a igreja, apresentamos os seguintes:

Alimentação. Nessa tarefa, se unem o Ministério da Mulher, a Adra e as diaconisas. Segundo o tamanho da população a ser atendida, são preparados vários caldeirões de sopa, que é distribuída por jovens e voluntários entre segmentos carentes da comunidade. Antes da distribuição, realizada em um salão da igreja ou da própria comunidade, são apresentados cânticos, orações e leitura da Bíblia.

Atendimento aos presídios. Quando convocamos voluntários de uma de nossas igrejas, para que se unissem a esse ministério, a resposta foi simplesmente impressionante. Pessoas de todas as idades se dispuseram a realizar o trabalho. As visitas continuam sendo realizadas cada sábado, e já foram estabelecidos pequenos grupos dentro do presídio. Mais de 20 jovens estão envolvidos nesse ministério. Dialogamos com os internos, oramos e, às vezes, almoçamos juntos. Não se esqueça de fazer todos os arranjos requeridos, com as autoridades carcerárias.

“Os ministérios da igreja são oportunidades para que os crentes cresçam na fraternidade e no serviço”

Visitas aos hospitais. Em algum momento, todos nós já tivemos oportunidade para visitar um hospital, uma clínica, um centro de saúde ou ambulatório. Provavelmente, ali estava algum familiar ou membro da igreja. Quando as pessoas são tocadas pela doença, se tornam mais sensíveis, predispostas a ouvir. Então, as portas se abrem para visitação, ou uma prece oferecida. Coordene grupos para execução desse ministério, respeitando sempre horários e condições estabelecidos para visitação.

Bom samaritano. Costumamos iniciar cada ano oferecendo oportunidade para que nossos irmãos tragam alguma roupa usada, em bom estado, a fim de doá-la a pessoas extremamente pobres. É alentador perceber que as famílias respondem ao desafio, trazendo muitas peças de vestuário à igreja. A campanha é realizada sob o tema “Uma roupa para Jesus”, implicando que deve ser trazido o melhor possível. A equipe responsável por esse ministério seleciona as peças de roupa, e estabelece a data e o local da distribuição. As roupas também podem ser recolhidas na vizinhança, entre amigos e pessoas abastadas da comunidade.

Oração intercessora. Indivíduos, famílias e igrejas têm sido grandemente abençoados com os resultados de orações em grupo, permanentemente feitas em seu favor. Já se disse que “a oração move a mão de Deus”. Os participantes do ministério de oração intercessora devem estabelecer o dia, horário e lugar em que possam se reunir. Podem também estabelecer que em determinado horário do dia, embora estejam em lugares diferentes, todos orem por situações ou pessoas específicas. Igrejas que oram fazem a diferença; não é que seus membros não enfrentem dificuldades e problemas. Contudo, ao apresentá-los ao Senhor, todos experimentam uma sensação de paz e segurança, oriundas da certeza de que Ele conhece suas lutas e está no controle de todas as coisas. Se você conhece alguém em sua igreja que não se sente dotado para dar estudos bíblicos ou pregar, anime-o a sustentar os braços de quem o faz, através desse ministério.

“A Mim o fizestes”

Os ministérios que forem estabelecidos por sua igreja se abrem como oportunidades para que ela seja mobilizada para o serviço. Não pretendemos fazer com que ela caia no assistencialismo barato, estimulante da ociosidade, e não avance. As atividades propostas são realizadas no contexto de preparação e abertura de oportunidades para a apresentação do evangelho que transforma e restaura no ser humano a dignidade própria da imagem divina com que foi criado.

O que pretendemos é levar as pessoas ao conhecimento do insondável amor de Cristo. Se o trabalho for feito segundo o modelo delineado pelo próprio Jesus, não haverá dúvidas quanto ao fato de que as pessoas, tendo recebido pão e água materiais, estarão predispostas a receber o Pão e a Água da Vida.

Não nos esqueçamos: “O mundo necessita atualmente daquilo que tem sido necessário já há mil e novecentos anos – a revelação de Cristo. É preciso uma grande obra de reforma, e é unicamente mediante a graça de Cristo que a obra de restauração física, mental e espiritual se pode efetuar. Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me.’” – A Ciência do Bom Viver, pág. 143.