No capítulo 21 do seu evangelho, João relata um memorável encontro de Jesus com alguns discípulos, após a ressurreição. O grupo reunido na praia do mar de Tiberíades era especial: “Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos Seus discípulos” (João 21:1 e 2). Não que fosse um grupo acima da média, perfeito, com passado impoluto, mas justamente porque era composto de homens como nós.
Observe Pedro, Tomé e Natanael, ainda perplexos, lutando com lembranças que precisavam, deviam e queriam remover da mente, ruminando os próprios fracassos, até que Pedro teve a idéia de ir pescar. E os demais o acompanharam. Era uma bela noite; porém, acabou sendo frustrante para aqueles homens. Pescaram a noite inteira, mas não conseguiram pescar nenhum peixe. Porém, como toda noite de frustração e derrota, aquela noite também passou. E, junto com o primeiro frescor da brisa matinal e os primeiros raios da alvorada, o “Sol da justiça” também lançava Seu brilho na praia, anuncian-do-lhes um novo dia.
Primeiramente reconhecido por João e, depois, por Pedro, Cristo revelou a estratégia que reverteu o fracasso da pescaria em sucesso fenomenal (vs. 6-11), providenciou alimento e, finalmente, em meio a um desjejum, a normalidade foi restabelecida e as dúvidas foram dissipadas.
As lições missionárias desse relato são claras. Em primeiro lugar, destaca-se a necessidade imperiosa de seguirmos a estratégia de Cristo, em nossa “pescaria” de homens e mulheres para o reino de Deus. Não podemos depender dos nossos métodos. Aqueles discípulos eram especialistas na arte da pesca. Entretanto, foram obrigados a confessar que nada apanharam durante uma noite inteira. Somente quando seguiram o método de Cristo, os resultados surgiram. “E Jesus tinha um desígnio em ordenar-lhes que deitassem a rede do lado direito do barco. Daquele lado estava Ele, na praia. Era o lado da fé. Se trabalhassem em ligação com Jesus – combinando-se Seu divino poder com o esforço humano deles – não deixariam de ter êxito.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 811.
Em segundo lugar, do tríplice comissionamento de Jesus a Pedro, diante da igualmente tríplice confissão de amor desse apóstolo a seu Mestre (vs. 15-17), aprendemos que o envolvimento missionário é fruto de um relacionamento de amor. Do amor a Deus, sinceramente sentido, reafirmado e publicamente confessado, brota nosso amor pelos perdidos; maior vibração pela missão. Uma vez que sejamos envolvidos por esse amor, não haverá ovelha extraviada a que não queiramos buscar, abrigar, alimentar e apascentar no redil do bom Pastor.
Em suma, dependência de Cristo e a motivação do Seu amor configuram a estratégia que garante o êxito do projeto “Diga ao mundo”.
Zinaldo A. Santos, editor da revista Ministério