Desde o momento em que deu seu primeiro suspiro, a Igre-ja cristã tem sido desafiada e seu estilo de vida modelado pelo apoteótico mandato de Jesus: “Ide, fazei discípulos…” (Mat. 28:19). Não prosélitos, nem apenas conversos; mas discípulos.

A medida que a Igreja alcançou maturidade e particularmente vai desenvolvendo ministérios específicos, tem havido uma significativa tendência para se fazer distinções entre o que conhecemos como “evangelismo” e “nutrição espiritual”. Ainda mais recentemente, essa diferenciação tem sido tomada como apoio para criar o que efetivamente equivale a uma dúbia separação dessas duas operações fundamentais da Igreja.

Em alguns círculos, a nutrição recebe um significado que exclui o evangelismo; enquanto em outros o evangelismo é defendido como uma atividade superior à nutrição, e como uma forma de ministério que é mais representativa do cristianismo real.

É alto tempo, acredito eu, para advertir decididamente contra o perigo de criarmos uma separação – qualquer tipo de separação – no bem combinado casamento desses dois princípios de ação cristã, divorciando assim o que Deus ajuntou. Com a separação, enfraquecemos as duas coisas e prejudicamos o ministério inclusivo divinamente designado à Igreja cristã, tal como foi tão definitivamente modelado pelo próprio Cristo.

Quando analisamos o insuperável ministério de Jesus, deparamo-nos imediatamente com o modo funcionalmente integral através do qual Ele combinou nutrição espiritual e evangelismo em Sua abordagem às pessoas. No ministério de Jesus, evangelismo e nutrição formam uma veste esplendida-mente talhada sem costura. Jesus, com sabedoria e sinceridade, uniu cura física, compreensão e encorajamento às pessoas com Seu ensino e pregação comunicativos e irresistíveis.

Junto com os elementos transcendentais, particularmente encontrados em Cristo, foi justamente a qualidade da nutrição espiritual que Ele ministrava às pessoas que as levava a confiar nEle, e assim acreditar mais prontamente na Sua proclamação. No topo desse fato, o que Ele ensinou e pregou centralizava-se na realidade fundamental de um Deus — apresentado como nosso Pai – cuja natureza é nutrir espiritualmente, e na fabulosa visão de criar um povo para servir neste mundo. Um estudo meticuloso e panorâmico do ministério dos apóstolos leva-nos ao mesmo tipo de ligação inseparável entre evangelismo e nutrição espiritual.

O fato é que devemos deixar de promover falsas dicotomias entre nutrição e evangelismo, quer a separação aconteça de modo intencional, quer seja infiltrada por causa de negligência. Depois de tudo, o que é mais persuasivo para a média das pessoas: ser receptáculos de compassivos e consistentes atos de assistência social, cura e socorro emocional, e nesse contexto ouvir a oferta da Água da Vida, ou simplesmente receber a melhor proclamação evangelística num vácuo de nutrição espiritual?

Quando olhamos para dentro da igreja, o evangelismo público ou profissional tradicionalmente tem exercido um certo efeito intimidador em seu membros e em muitos pastores, tornando-os temerosos de fazer um trabalho missionário mais significativo. A impressão dada é que campanhas de evangelismo público são o único meio legítimo de evangelizar e que, para os pastores, essa é a única forma vantajosa de partilhar o evangelho.

Nossas congregações necessitam ver que atividades simples de nutrição espiritual são altamente legítimas e indispensáveis à missão da Igreja, e que contribuem muito significativamente para seu impulso missionário. Na verdade, podemos dizer que atividades de nutrição espiritual bem direcionadas são formas de evangelismo cristão altamente efetivas.

Quando o trabalho de nutrição espiritual é desempenhado com sensibilidade, com dedicação, real interesse, autenticidade e comprometimento, criamos uma qualidade especial de confiança nas pessoas. Por isso elas se tornam mais abertas para entender que a mensagem que proclamamos merece sua atenção e resposta.