Ser líder não é manipular pessoas, mas influenciá-las

Qualquer pessoa no exercício de liderança, e que se disponha a pagar o preço, pode desenvolver e ampliar suas habilidades nesse aspecto. Porém, o que realmente ajuda um líder a subsistir? O missionário evangélico Tom McCraken sugere que não fomos chamados a ser líderes, mas servos. Ele diz que “não podemos disputar posições de prestígio, pois liderança não é exercer direito sobre as pessoas; é habilidade para influenciá-las”. Com sua experiência missionária, McCraken afirma ter aprendido que “a liderança cresce a partir do serviço confiável”. Liderança cristã é traduzida na “confiança conquistada de nossos irmãos e irmãs de fé”, de modo que podemos “alocá-los em funções e lugares dos quais eles podem influenciar outros irmãos”.

Peter Drucker apóia esse conceito, ao mencionar que “grandes líderes são produto de grandes causas, mas líderes, no seu melhor, também produzem grandes causas”. Drucker também acredita que “até ou a menos que uma empresa crie uma causa maior e mais abrangente que o enriquecimento de seus acionistas, haverá poucos grandes líderes”.1

Ordway Tead distingue o executivo do líder, quando afirma que “na indústria não é a paixão por lucros, mas por pessoas, que diferencia o líder do simples executivo”.2

A seguir, enumeramos sete caminhos através dos quais podemos conquistar e manter uma liderança permanente, motivadora e significativa.

Dependência de Cristo

O simples fato de assumir uma posição ou função de liderança não significa que alguém possui habilidades para liderar. Ser um líder em um determinado contexto não é garantia de capacidade para liderar em qualquer outro tipo de situação. A liderança começa com a indicação de alguém para liderar; e o compromisso com um Salvador pessoal provê o fundamento sobre o qual Deus capacita esse líder.

As necessidades e habilidades pessoais variam consideravelmente de uma situação para outra. E os verdadeiros líderes edificam sobre qualidades de caráter que somente Deus pode expandir e enriquecer. Paulo deixou isso claro quando escreveu que “somos… criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efés. 2:10).

Ao enfrentarmos circunstâncias que não podemos mudar, podemos permitir que Deus nos transforme. Ele confiou à Igreja a responsabilidade de alistar e treinar obreiros, bem como providenciar-lhes alternativas para o trabalho. E também pode adicionar novas habilidades ao nosso repertório.

Amor pelas pessoas

Remova da vida a disposição de partilhar, e você apagará o brilho dela. Indivíduos cristãos precisam reconhecer a necessidade de dar-se. A principal característica do líder que é servo é estar disponível. Segue-se a disposição de partilhar habilidades. Podemos desenvolver habilidades significativas de liderança, apesar de circunstâncias ou sentimentos inadequados, se realmente estivermos desejosos de ampliar essas habilidades em favor da Causa de Deus.

Por trás de tudo isso encontra-se o fato de que a liderança de sucesso requer indivíduos amorosos. As pessoas se relacionam melhor com os semelhantes que se identificam de modo restaurador com seus problemas e necessidades pessoais. Tais necessidades provêem avenidas para relacionamentos progressivos.

Qualquer programa de crescimento espiritual de uma comunidade cristã deve priorizar a tarefa de ajudar as pessoas a satisfazerem suas necessidades pendentes. Desse modo, uma estratégia bem planejada torna-se a via natural de acesso aos indivíduos. Ao se mostrarem incapazes de amar as pessoas tais como são, os líderes revelam carecer da habilidade necessária para compreender homens e mulheres que Deus colocou em seu caminho. É difícil liderar pessoas que não se sentem amadas, assim como é muito mais fácil liderar aquelas que estão seguras de que o líder as ama genuinamente e está empenhado em promover o seu bem-estar.

Maximização de habilidades relacionais

O corpo de Cristo, à semelhança do corpo humano, encontra sua força em seus relacionamentos. Pastores e líderes efetivos dependem muitíssimo dessa rede de relacionamentos interpessoais. A habilidade de trabalhar em equipe somente faz crescer o valor de alguém como líder. Por sua vez, a incapacidade de trabalhar com outras pessoas reduz grandemente o valor, como líder e obreiro.

Com muita freqüência, o trabalho restaurador de Deus tem lugar quando a igreja amplia seu círculo de relacionamento a fim de alcançar os que ainda não fazem parte da congregação. O enriquecimento da habilidade pessoal de alguém para relacionar-se com o povo, aumenta grandemente as habilidades de liderança, enquanto multiplica, em termos coletivos, as habilidades da congregação.

Compreensão

Mesmo sendo agnóstico, Bertrand Russel reconheceu que o amor cristão, ou compaixão, é o motivo para a existência. Ele o viu como um guia em ação, uma razão para coragem, e uma necessidade imperativa para honestidade intelectual.

Deus tem um lugar importante onde cada filho Seu pode servir. Por isso, através de esforços diligentes para autocrescimento, ninguém precisa se tornar desequilibrado ou ineficiente. Na verdade, alguns de nós somos introvertidos e um pouco mais reclusos que outros. Achamos mais fácil trabalhar por nós mesmos. Outros, mais extrovertidos, acham mais confortável trabalhar pensando no semelhante.

Qualquer que seja o caminho, todos ganham quando descobrimos e avaliamos nossos pontos fortes e fracos. Exercendo cuidadoso empenho para nos conhecermos e para ministrar a outras pessoas, fortalecidos e habilitados por Deus, teremos nossos esforços abençoados. Nossas habilidades de liderança crescerão à medida que nos conhecemos melhor e permitimos que Deus efetue as transformações necessárias em nossa vida e experiência.

Exercício da fé

O ex-secretário geral de Estado norte-americano, Collin Powell, compreendia a liderança desta maneira: “Se você tem uma ferramenta suja e torta, conserte-a e transforme-a num instrumento útil.”3 Os líderes que perduram recusam-se abrigar-se no desencorajamento; e as pessoas refletem muito rápido as atitudes do líder, especialmente as negativas.

Ocasiões de desânimo sobrevirão a todos, cedo ou tarde. Elas podem ser originadas pela organização pobre, motivação insuficiente, objetivos impróprios, ou qualquer outra dificuldade. Em todo caso, a fé que exalta a Deus, erguerá o líder, aumentará seu valor e contagiará seus seguidores.

O líder nunca permanece mais elevado aos olhos dos seus liderados do que quando faz o trabalho de Deus sem desanimar facilmente. Todos nós reconhecemos ser mais fácil enfrentar os problemas, quando podemos visualizar as possibilidades através dos olhos de um líder positivo.

Convicções corajosas

“O dia em que os soldados deixarem de levar a você os problemas deles”, conclui Powell, “será o dia em que você deixou de liderá-los.”4 Convicções fortes nos mantêm de pé quando as circunstâncias ameaçam nos derrubar.

Mais importantes do que as convicções que dominamos são as convicções que nos dominam. Embora Jesus Cristo conhecesse os resultados óbvios de Suas convicções, Ele firmemente manteve Sua face direcionada para Jerusalém. Conhecia Sua missão, sabia o que significava tudo o que enfrentaria; e não recuou. Deus honra esse tipo de fé.

Expansão dos talentos

A boa liderança é construída sobre o respeito pessoal. Respeite a personalidade dos outros, todo tempo, e você será respeitado mesmo quando as pessoas discordarem de seu ponto de vista e suas opiniões. A disposição para realizar uma tarefa com determinação e convicção corajosa, por parte do líder, leva-o a conquistar o respeito dos liderados, ainda que eles façam parte de uma comunidade resistente a oferecer apoio. Como cristãos, nos condicionamos a receber os melhores dons de Deus, sempre que nos submetemos inteiramente a Ele, permitindo-Lhe dirigir-nos no cumprimento de Sua vontade, buscando agradar-Lhe em tudo o que formos chamados a realizar. O crescimento pessoal e eclesiástico experimentado através da dotação divina, quaisquer que sejam nossas habilidades, se mostrará um testemunho muito mais significativo do que o melhor que pudermos fazer de nós mesmos. Tal crescimento produzirá líderes cuja fé será facilmente compreendida e prontamente imitada.

A Igreja sempre necessita de líderes capacitados por Deus. E Deus usará qualquer líder que Ele tenha habilitado.

Wayne M. Warner, pastor jubilado, reside em Battle Creek, Estados Unidos

Referências:

1 Peter F. Drucker, The Leader of the Future (San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1996), pág. 9.

2 Ordway Tead, The Art of Leadership (Nova York: Whittlesey, 1935),pág. 103.

3 Colin Powell, com Joseph E. Persico, My American Joumey (Nova York: Random House, 1995), pág. 214.

4 Ibidem, pág. 52.