Ellen White
O verdadeiro espírito missionário é o espírito de Cristo. O Redentor do mundo foi o grande missionário modelo. Muitos de Seus seguidores têm trabalhado diligente e abnegadamente na causa da salvação humana; mas o trabalho de homem algum pode-se comparar com a abnegação, o sacrifício, a bondade de nosso Exemplo.
O amor que Cristo demonstrou por nós é sem paralelo. Quão zelosamente trabalhou Ele! Quantas vezes esteve sozinho, em fervorosa oração, nas encostas das montanhas ou no retiro do horto, derramando Suas súplicas com forte clamor e lágrimas! Com que perseverança insistia Ele em Suas petições pelos pecadores! Mesmo na cruz, esqueceu os próprios sofrimentos, em Seu grande amor por aqueles a quem tinha vindo salvar. Quão frio o nosso amor, quão débil nosso interesse, quando comparado com o amor e o interesse manifestados por nosso Salvador! Jesus Se deu a Si mesmo para redimir nossa raça; todavia quão prontos somos a nos desculpar de dar tudo quanto temos a Jesus! Nosso Salvador submeteu-Se a fatigante trabalho, à ignomínia e ao sofrimento. Foi repelido, zombado, escarnecido enquanto Se empenhava na grande obra que tinha vindo realizar na Terra.
Acaso indagam, irmãos e irmãs: Que modelo imitarei eu? Não lhes indico grandes homens, homens bons, mas o Redentor do mundo. Caso queiramos ter o verdadeiro espírito missionário, precisamos imbuir-nos do amor de Jesus; precisamos olhar para o Autor e Consumador de nossa fé, estudar-Lhe o caráter, cultivar-Lhe o espírito de mansidão e humildade e andar em Suas pegadas.
Muitos pensam que o espírito missionário, a habilitação para a obra missionária, é um dom ou dotação especial concedido aos pastores e a alguns poucos membros da igreja, e que todos os outros devem ser meros espectadores. Nunca houve erro maior. Todo verdadeiro cristão possuirá espírito missionário, pois ser cristão é ser semelhante a Cristo. Ninguém vive para si mesmo, e “se alguém não tem o espírito de Cristo, esse tal não é Dele” (Rm 8:9). Todo aquele que tem experimentado as virtudes do mundo futuro, seja ele jovem ou idoso, instruído ou iletrado, será movido pelo espírito que atuou em Cristo. O primeiro impulso do coração regenerado é levar outros também ao Salvador. Os que não possuem esse desejo dão provas de haver perdido o primeiro amor; devem examinar rigorosamente o coração à luz da Palavra de Deus e procurar um novo batismo do Espírito de Cristo; devem orar por mais profunda compreensão daquele assombroso amor que Jesus manifestou por nós em deixar o reino da glória e vir a um mundo caído para salvar os perdidos.
Há trabalho para cada um de nós na vinha do Senhor. Não devemos buscar para nós a posição que nos permita fruir o máximo, ou ter o maior ganho. A verdadeira religião é isenta de egoísmo. O espírito missionário é um espírito de sacrifício. Devemos trabalhar onde quer que seja e em toda parte, ao máximo de nossa capacidade, pela causa do Mestre.
Assim que uma pessoa está realmente convertida à verdade, brota-lhe no coração um desejo ardente de ir e falar a amigos ou vizinhos acerca da preciosa luz que irradia das páginas sagradas. Em seu desinteressado trabalho para salvar a outros, é uma carta viva, conhecida e lida por todos. Sua vida mostra que ela se converteu a Cristo, e tornou-se colaboradora Sua. […]
Cumpre-nos servir sob a direção de nosso grande Líder, avançar contra toda influência adversa, ser coobreiros de Deus. A obra que nos é designada é semear junto a todas as águas a semente do evangelho. Nessa obra, cada um precisa desempenhar uma parte. A multiforme graça de Cristo, a nós comunicada, constitui-nos mordomos de talentos que nos cumpre aumentar entregando-os aos banqueiros para que, quando o Mestre os pedir, possa receber o Seu com os juros.
Extraído de Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 385, 386 e 389.