Eric Bates e Ann Marie Bates
Recentemente, um líder de igreja me procurou. Durante duas horas, ele narrou sua história sórdida de seis décadas de dependência da pornografia. Sua batalha começou aos sete anos de idade, quando meninos mais velhos lhe apresentaram uma revista pornográfica. Desde aquele dia, ele foi afetado em todos os aspectos da sua vida, incluindo os relacionamentos.
Em 2016, uma pesquisa do Instituto Barna revelou que 64% dos jovens de 13 a 24 anos procuram pornografia semanalmente ou com frequência maior. De que maneira podemos ajudar os que lutam contra esse mal? O vício da pornografia é mais grave do que o da luxúria e da dependência à dopamina. Eu sugiro quatro táticas: ambiente saudável, vontade subjugada, coração puro e comunidade auxiliadora.
Ambiente
Para ajudar alguém que está lutando contra a pornografia, precisamos analisar “quando” e “em que” sua luta enfrenta os piores ataques. Esses momentos requerem gerenciamento. Por exemplo, quem tem esse tipo de tentação deve bloquear os canais pornográficos da TV a cabo, instalar filtros nos computadores e usar aplicativos de defesa em todos os seus dispositivos. Além disso, é preciso evitar locais ou coisas que estimulem a tentação.
A abordagem típica para os que lutam contra a pornografia é sempre usar o computador ou outro dispositivo à vista das pessoas. Mas se isso é tudo o que orientamos, não iremos conseguir muito. Somente mudar o comportamento negativo não é o objetivo principal.
Vontade
Mesmo que consigamos impedir que a pessoa viciada consiga acessar imagens pornográficas, ela pode acessar, até involuntariamente, imagens arquivadas em seu cérebro. É importante compreender o papel da vontade nas batalhas que ocorrem na mente humana.
Será que essa pessoa realmente deseja se libertar do pecado da pornografia ou simplesmente se sente mal com o que faz? Sente verdadeira culpa ou apenas teme ser exposta? A pornografia é uma fuga para seu estresse? Tem noção dos riscos e consequências? Somente então podemos orientá-la para substituir as motivações carnais por motivações espirituais.
Coração
Ao orientar alguém que esteja lutando contra a pornografia, é preciso ter em mente que a batalha é principalmente espiritual. Nosso objetivo deve ser levar essa pessoa, por meio do poder do Espírito Santo, a passar por uma transformação a fim de permanecer em Cristo. Para tanto, é fundamental reconhecer as motivações, os desejos e os ídolos do seu coração.
Jeremias declarou: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?” (Jr 17:9). Davi clamou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51:10, ARC). Para entender as intenções do coração de alguém que é assediado por esse vício, é necessário se inteirar de sua visão sobre Deus, sua fé e de como ele está lutando para vencer esse pecado.
Ele realmente conhece o Senhor e confia Nele? Ele O vê como gentil e amoroso ou como arbitrário? Ama Jesus e compreende que, como cristão, sua identidade reside Nele?
Comunidade
O que o inimigo mais deseja é causar separação entre os seguidores de Cristo, enfraquecendo assim sua fé. A pornografia é um agente traiçoeiro, que visa minar os relacionamentos, não apenas quando um cônjuge descobre o vício de seu parceiro, mas pelas mudanças que ocorrem na mente do viciado, criando um ciclo escravizador: pecado, culpa, vergonha e retorno ao ato. Pela sua natureza, a pornografia passa uma noção falsa de intimidade. Contudo, a pessoa que luta contra ela precisa de apoio sincero e verdadeiro.
A igreja deve ser o lugar para prover esse auxílio. É preciso tornar real o evangelho da graça. Deus não somente perdoa os pecados, mas, por meio do Seu Espírito, também transforma o coração. O evangelho de Cristo é a única esperança na luta contra a pornografia.
Eric Bates e Ann Marie Bates são líderes do Ministério da Família para o estado da Carolina do Norte, Estados Unidos