Walter Steger

Como criacionistas, qual é nosso objetivo ao escrever um texto, ministrar um seminário ou pregar um sermão defendendo a criação literal? Que impressão queremos deixar? Um sermão pode exaltar a Jesus Cristo e gerar na audiência o desejo de segui-Lo ou dar a entender que nutrimos desdém ou até hostilidade para com aqueles que não estão de acordo conosco.

Necessitamos ser cuidados quanto à maneira como lidamos com esse desafio. Muitos materiais criacionistas criticam o evolucionismo dizendo que se trata de uma teoria sem sentido, que visa dar às pessoas uma justificativa para que elas evitem a verdade a respeito de Deus. Esses criacionistas pensam que se os evolucionistas simplesmente olhassem as evidências tão óbvias favoráveis à criação, isso seria suficiente para provar que o criacionismo é correto. Entretanto, muitos não compreendem a argumentação evolucionista. Além disso, usam somente as evidências que se encaixam com as ideias criacionistas, enquanto ignoram aquelas que lhe são desafiadoras.

Em realidade, muitos cientistas nunca tiveram a oportunidade de ver alternativas razoáveis ao processo evolutivo. Muitos, embora estejam convencidos pelas explicações evolucionistas, não estão dispostos a negar a existência de Deus ou estão buscando algum sentido para a vida. Queremos atrair ou repelir essas pessoas?

Certamente, Deus deseja dar aos evolucionistas uma oportunidade justa para que aprendam que Ele tem uma mensagem de esperança para todos e que é digno de confiança. Devemos lhes apresentar Cristo com sensibilidade e amor. Ao fazer isso, é útil pensar em quais tipos de pessoas estamos alcançando ou que sentimentos elas nutrem em relação a nós.

Em primeiro lugar, estão aqueles que acreditam no evolucionismo e dificilmente estão abertos a mudar de opinião. Há também evolucionistas que, pelo menos, estão abertos a avaliar outras possibilidades a respeito das origens. Por fim, existem aqueles que não são tão convictos a respeito da teoria da evolução e buscam um sentido para a vida. Nosso objetivo, portanto, deve ser apresentar a mensagem com convicção, inteligência e respeito para com todos.

Geralmente, gostamos de pensar que podemos provar que a Bíblia tem razão e que o evolucionismo está errado. Embora sejamos bem-intencionados, às vezes apresentamos esse enfoque a nossos jovens, muitos dos quais são alunos de universidades em que os cientistas disseminam uma grande quantidade de dados que visam destruir os pressupostos criacionistas. Então, esses jovens cristãos descobrem que a evolução não é uma teoria estúpida, mas algo que pode se apoiar em uma série de provas que parecem convincentes, e muitos perdem a fé.

Quão melhor seria se ensinássemos à nossa juventude que os evolucionistas são pessoas inteligentes, com muitas evidências para defender seus pontos de vista, mas que existem outras formas, melhores, de interpretar tais evidências. Embora tenhamos boas razões para acreditar no criacionismo e defendê-lo, não devemos minimizar a capacidade que os evolucionistas têm para fazer com que seus argumentos pareçam convincentes.

Precisamos da sabedoria divina ao considerar como apresentar esse aspecto do evangelho. Nossa oração e nosso desejo é que todos nós trabalhemos juntos para encontrar as melhores maneiras de alcançar as pessoas e aproximá-las de Jesus. 

Walter Steger, mestrando em Teologia, é editor associado da Ministério, edição em espanhol