Eloá Moura Galvão
O ministério é uma atividade desafiadora e, muitas vezes, o pastor se vê sozinho diante dos diferentes problemas e das variadas demandas que surgem no dia a dia do exercício de sua vocação. Nesse contexto, destaca-se a importante presença de sua esposa que, como “auxiliadora idônea”, ouve, compreende e ajuda o esposo a conduzir o rebanho que lhes foi confiado.
Um estudo nos escritos de Ellen White indica que o apoio da esposa ao ministério do esposo, como uma equipe ministerial, traria muitos benefícios para o cumprimento da missão. Certa ocasião, ela escreveu: “Quando for possível, vão o pastor e a esposa juntos. A mulher pode muitas vezes trabalhar ao lado do esposo, efetuando um nobre serviço. Ela pode visitar os lares do povo e ajudar as senhoras nessas famílias de um modo que não é possível ao marido” (Evangelismo, p. 491).
Embora a dinâmica das famílias tenha mudado ao longo do tempo, é importante que pastor e esposa encontrem meios de participar juntos das atividades ministeriais. Para tanto, devem considerar o envolvimento da esposa no ministério de acordo com os dons que ela possui. Além disso, a presença do casal em visitas aos membros e interessados e o engajamento no trabalho evangelístico fortalecem a influência de sua liderança, bem como os laços conjugais. Por fim, a esposa do pastor, conforme seu tempo e suas habilidades, pode desenvolver um ministério diferenciado aconselhando mulheres, orientando o trabalho com as crianças ou liderando áreas da igreja nas quais ela tenha afinidade.
Um casal pastoral inspirador na história da Igreja Adventista foi Stephen e Hetty Haskell. Eles receberam muitas cartas de Ellen White enquanto trabalhavam juntos na lida ministerial. Após perder a primeira esposa, Mary, Haskell foi enviado como missionário à África e se sentia muito sozinho. Ellen White sugeriu, então, que Hetty Hurd seria uma boa esposa para ele, após ter visto um anjo com as mãos sobre os ombros de Haskell, dizendo: “Não suscitei os dois [Stephen e Hetty] para te apoiarem [Ellen White]?” Em 1892, Stephen e Hetty se casaram com o propósito de estarem unidos no ministério. Os Haskell realizaram evangelismo público e pessoal e coordenaram equipes evangelísticas por onde passaram. Além disso, produziram muitos materiais evangelísticos e estabeleceram instituições educacionais e médico-missionárias (Enciclopédia Ellen G. White, p. 434, 435).
Em diversas ocasiões, por meio de correspondências, Ellen White encorajou o trabalho dos Haskell. Em 1897, após o casamento de Stephen e Hetty, ela escreveu: “Ficamos felizes em saber que seus interesses estão unidos como um só. Que o Senhor abençoe esta união, para que vocês sejam uma força e um apoio um ao outro em todos os momentos. Que a paz de Deus descanse sobre vocês, é meu sincero desejo e fervorosa oração” (Carta 74a).
Em 1902, Ellen White recordou Haskell do presente que recebeu ao se casar com Hetty, dizendo: “O Senhor o trouxe através de muitos lugares difíceis e penosos. Ele deu a você a oportunidade de trabalhar em conexão com sua esposa. Ele a deu a você para ajudá-lo, para ser uma com você, para cuidar de você” (Carta 47).
Ela também os animou no trabalho, ao escrever: “Queridos irmão e irmã Haskell, estou muito feliz por saber que Deus manifesta através de vocês Seu poder e Sua graça em favor da verdade. Espero que sejam sustentados, fortalecidos e abençoados. E vocês certamente serão, se andarem humildemente com Deus. Tenham bom ânimo. A providência de Deus certamente abrirá o caminho e lhes dará preciosas vitórias” (Carta 150, 1901).
O casal Haskell é um exemplo de que o trabalho conjunto do pastor e sua esposa produz muitos resultados. Que cada casal ministerial encontre a melhor maneira de experimentar essa parceria
abençoada!
Eloá Moura Galvão, mestranda em Teologia, é esposa de pastor e mora em São João do Paraíso, Bahia