Em seu âmago, o grande conflito não é travado superficialmente em torno de regras, leis, códigos ou decretos. Embora o quarto mandamento da lei de Deus, tão perfeita e santa como perfeito e santo é Seu caráter, seja “a pedra de toque”, cuja aceitação, finalmente, definirá de que lado estarão homens e mulheres nessa controvérsia milenar, a questão é mais profunda que pura e simplesmente a letra da lei. Podemos defini-la em uma palavra: adoração. A quem renderemos culto? A quem constituiremos como Senhor de nossa vida? A qual soberania alegremente nos entregaremos: à de Deus ou à do arquiavélico enganador, considerando que, nessa guerra, não existe neutralidade?
A Bíblia, nossa única regra de fé e prática, revela a incontestável supremacia do Deus criador de todas as coisas. Já no primeiro mandamento de Sua lei, Ele declara: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êx 20:3). Sendo Ele o único e verdadeiro Deus, requer lealdade absoluta de todos quantos O aceitam como tal. A mera crença em Sua existência não basta; muito menos a superficial profissão de reconhecimento. Devemos-Lhe absoluta e total lealdade, entrega de todo o nosso coração. Nossas perspectivas e expectativas de vida, nossos pensamentos, sentimentos, valores e motivos devem ser dirigidos por Seu querer. Honrá-Lo em todos os nossos caminhos tem de ser nossa primeira ocupação.
Qualquer atitude ou modo de conduta que destoe disso resvalará para a idolatria, mesmo que não represente adoção de outras divindades, nem nos prostremos diante de suas imagens representativas. Ellen White afirma: “Proíbe-se ao homem conferir a qualquer outro objeto o primeiro lugar nas suas afeições ou serviço. O que quer que acariciemos que tenda a diminuir nosso amor para com Deus, ou se incompatibilize com o culto a Ele devido, disso fazemos um deus” (Patriarcas e Profetas, p. 305). É perigoso depender de alguma coisa ou pessoa que não seja Deus.
Infelizmente, para muitos de nós, líderes cristãos, nem sempre tem sido fácil lutar contra as seduções do mundo, nessa era tão materialista. Aparentemente, é mais fácil confiar no que é visível e temporal. Isso pode nos induzir a violar o princípio do primeiro mandamento em nome de alguma conveniência ou comodidade. Um exemplo do qual podemos extrair preciosas lições é o de Arão e a confecção do bezerro de ouro, no sopé do Sinai. Esquecido da grandeza e unicidade do Deus que o libertara do cativeiro egípcio, o povo ansiou por outros deuses. Querendo se manter popular, Arão transigiu, construindo o bezerro para satisfação de todos. Que trágica experiência!
É oportuno que reflitamos: A quem priorizamos na tributação de honra e da nossa mais estrita lealdade – a Deus, ou a nós mesmos, com nossas pretensões egoístas de fama, apego ao poder, popularidade, riqueza e tantos outros deuses criados ou manipulados pelo “deus deste século”, a fim de satisfazer o ego e alimentar o orgulho do ser humano?
Zinaldo A. Santos