“Necessitamos de homens que compreendam sua pobreza de alma e busquem zelosamente a dotação do Espírito”
O chamado para o ministério pastoral é responsabilidade de Deus. O pastor faz parte do povo de Deus, mas com um chamado especial em um tempo especial. Paulo compreendeu que o chamado é uma graça concedida por Deus: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3:8).
A Bíblia confirma esse princípio ao afirmar que “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:11-13).
Não compete ao homem entender esse processo, mas aceitá-lo e corresponder a ele, desempenhando um ministério completo, abnegado e perseverante que glorifique a Deus, promovendo o crescimento quantitativo e qualitativo da igreja através dos dons espirituais e ministérios de proclamação e conservação. O apóstolo Paulo expressou sua gratidão ao chamado de Deus nas seguintes palavras: “Sou grato para com Aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (l Tm 1:12, 13).
Pastores para este tempo
Nestes dias que antecedem a vinda de Cristo, ser pastor é tanto privilégio quanto grande desafio. Jesus afirmou: “Bem-aventurados os olhos que vêem as coisas que vós vedes. Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram” (Lc 10: 23, 24). O tempo em que vivemos deve servir de motivação e estímulo para desenvolvermos um ministério cada vez mais apaixonado. Outra motivação é saber que fazemos parte de um povo especial com uma mensagem especial (Ap 14:6-12).
Muitos pastores ficam temerosos ao se depararem com desafios como secularismo, mentalidade pós-modema, avanço tecnológico e científico, distorção e abandono de valores que preservam o ser humano da dor e do sofrimento. E que dizer quando vemos o mundanismo ganhando terreno nas igrejas, pouca leitura da Bíblia, frieza espiritual, indiferença na comunhão e na missão?
A verdade é que os tempos mudaram. Hoje, temos uma igreja que parece mais vulnerável à cultura dominante, questionadora, exigente nas mensagens e nos programas. Nosso tempo exige pastores que andem em humildade e integridade diante de Deus e que se relacionem bem com os membros; que sejam amorosos em seus métodos de abordagem; que alcancem o povo onde este se encontra; que sintam suas emoções e tenham empatia; que sejam bons comunicadores e empreendedores.
Como pastores, hoje, corremos o perigo de nos limitarmos ao papel de administradores, dirigentes de comissões, promotores de programas e construtores. Mais do que fazer isso, o pastor deve visitar, orar, pregar e aconselhar, inspirar, capacitar, desafiar, incentivar e criar oportunidades para os membros se envolverem em um ministério produtivo. Russel Burril afirma que “a função do pastor é criar ministérios, envolver pessoas, treinar, recrutar, delegar, supervisionar, evangelizar e pregar” (ver Revolução na Igreja, p. 50-57). Se, pela graça de Deus e no poder do Espírito Santo, o pastor conseguir despertar e utilizar a massa de talentos, recursos, criatividade e energia que se encontram adormecidos em sua congregação, a igreja experimentará crescimento qualitativo e quantitativo.
Além de compreender seu papel e os princípios bíblicos do crescimento da igreja, o pastor deve ser um líder que vislumbre o potencial dos dons, promova a capacitação leiga e crie ministérios. Em seu livro Crescimento: Chaves Para Revolucionar sua Igreja (p. 18), Daniel Rode afirma que um dos fatores que promove o sucesso e o crescimento da igreja é um pastorado que perdure por vários anos. Donald McGavran apresenta outros fatores que promovem um crescimento sustentável, saudável e de boa qualidade. Ele diz: “O pastor deve transmitir não somente a boa pregação e o ensino, mas o verdadeiro significado do cristianismo e o compromisso de proclamar a Cristo, encontrar os perdidos, alimentá-los, edificá-los e tomá-los membros saudáveis do corpo de Cristo.”
Nas Palavras de Ellen G. White, o sucesso e o crescimento são resumidos nas seguintes palavras: “O segredo de nosso êxito na obra de Deus se encontrará na operação harmoniosa de nosso povo. Tem de haver uma ação concentrada. … Temos que conjugar esforços contra as dificuldades e obstáculos, ombro a ombro, e unidos pelo coração” (Serviço Cristão, p. 75).
Em cada época, o povo de Deus enfrentou desafios, e a pregação do evangelho através dos séculos avançou por meio de homens abnegados e comprometidos, que entenderam o crescimento da igreja como resultado da ação harmoniosa de Deus e do homem.
Conselhos inspirados
“Os pastores podem pregar sermões aprazíveis e convincentes,… mas a menos que seus membros façam individualmente sua parte … a igreja estará sempre em trevas e sem forças” (Serviço Cristão, p. 68).
“A melhor ajuda que os pastores podem prestar aos membros de nossas igrejas não consiste em pregar-lhes sermões, mas em planejar trabalho para que o façam. Dai a cada um algo para fazer em prol de outros” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 323).
“O pastor não deve sentir ser seu dever fazer todas as pregações e todos os trabalhos e todas as orações; cabe-lhe preparar auxiliares, em todas as igrejas” (Serviço Cristão, p. 69).
“As igrejas estão morrendo e querem um pastor que lhes pregue. Devem ser ensinadas a trazer um dízimo de fé a Deus, para que Ele as fortaleça e abençoe. Elas devem ser levadas a trabalhar para que o fôlego de Deus caia sobre elas. Elas devem ser ensinadas que a menos que possam permanecer sozinhas, sem um ministro, elas precisam ser convertidas novamente, e rebatizadas. Precisam nascer novamente” (Evangelismo p. 381).
“Algumas vezes, os pastores trabalham em excesso, procuram tomar todo trabalho em suas mãos. Isso os esgota e prejudica, mas continuam a se envolver com tudo. Pensam que só eles devem trabalhar na causa de Deus, ao passo que os membros da igreja ficam ociosos. Essa não é, de maneira alguma, a ordem de Deus” (Evangelismo, p. 113).
“Os pastores não devem fazer a obra que pertence à igreja, fatigando-se assim, e impedindo que outros cumpram seu dever. Eles devem ensinar os membros a trabalhar na igreja e entre a vizinhança” (Serviço Cristão, p. 69).
“A idéia de que o pastor deve levar toda a carga e fazer todo o trabalho, é um grande engano. Sobrecarregado de trabalho e exausto, poderá descer ao sepulcro quando, se a carga houvesse sido repartida como era o plano de Deus, poderia haver vivido. A fim de que a carga seja distribuída, ele deve instruir a igreja…” (Testemunhos Seletos, v. 3, p.68).
“Ao trabalhar em lugares onde já se encontram alguns na fé, o pastor deve não tanto buscar, a princípio, converter os incrédulos, como exercitar os membros da igreja para prestarem cooperação proveitosa. Trabalhe com eles individualmente, tentando despertá-los” (Obreiros Evangélicos, p. 196).
“O proprietário de um grande moinho encontrou uma vez seu superintendente a fazer qualquer simples reparo numa roda, ao passo que para ali, parados a olhar ociosamente, achavam-se meia dúzia de operários desse ramo. Haven-do-se informado do fato, a fim de estar certo de que não faria injustiça, chamou o mestre ao seu escritório e entregou-lhe sua demissão, pagando-lhe integralmente. Surpreendido, o homem pediu explicação. Esta foi dada nas seguintes palavras: Empreguei-o para manter seis homens ocupados. Achei os seis ociosos, e o senhor fazendo o trabalho de um apenas. O seu trabalho poderia ter sido feito por qualquer dos seis. Não posso pagar o ordenado de sete, para o senhor ensinar os seis a serem vadios” (Ibid., p. 197).
“São aqueles que, em amor para com Deus e seus semelhantes, se estão esforçando para auxiliar outros os que ficam estabelecidos, fortalecidos, e firmes na verdade” (Serviço Cristão, p. 106).
“A obra de Deus na Terra nunca poderá ser finalizada enquanto os homens e mulheres que compõem nossa igreja não cerrem fileiras, e juntem seus esforços aos dos ministros e oficiais de igreja” (Obreiros Evangélicos, p. 352).
Neste grande desafio de sermos pastores segundo o coração de Deus, que Ele nos ajude a preparar um povo para encontrá-Lo nas nuvens.