Cristo, o grande exemplo de todos os ministros, compara-Se a um pastor. “Eu sou o bom Pastor;” declara Ele; “o bom Pastor dá a Sua vida pelas ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as Minhas ovelhas, e das Minhas sou conhecido. Assim como o Pai Me conhece a Mim, também Eu conheço o Pai e dou a Minha vida pelas ovelhas” (Jo 10:11, 14, 15).
Na parábola da ovelha perdida, o pastor sai à procura de uma ovelha – o mínimo que se pode numerar. Descobrindo que falta uma de suas ovelhas, não olha descuidosamente para o rebanho que se acha a salvo, no abrigo, dizendo: Tenho noventa e nove, e me será muito penoso ir à procura da ovelha perdida. Que ela volte, e então lhe abrirei a porta do redil, e a deixarei entrar. Não; assim que a ovelha se desgarra, o pastor se enche de pesar e ansiedade. Deixando as noventa e nove no aprisco, sai em busca da ovelha perdida. Seja embora a noite escura e tempestuosa, perigosos e incertos os caminhos, a busca longa e fastidiosa, ele não vacila enquanto a ovelha não é encontrada.
“O verdadeiro pastor tem o espírito de esquecimento de si mesmo. Perde de vista o próprio eu, sacrifica a comodidade”
O grande Pastor tem subpastores, aos quais delega o cuidado das ovelhas e cordeiros. A primeira obra que Cristo confiou a Pedro, ao restabelecê-lo no ministério, foi o apascentar os cordeiros (Jo 21:15).
A pergunta feita por Cristo a Pedro era significativa. Mencionou apenas uma condição para o discipulado e o serviço. “Amas-Me”? disse Ele (Jo 21:15-17). Eis o requisito essencial. Embora Pedro possuísse todos os outros, sem o amor de Cristo não poderia ser um fiel pastor do rebanho do Senhor. Conhecimentos, benevolência, eloquência, gratidão e zelo, são todos auxiliares na boa obra; mas, sem o amor de Cristo no coração, a obra do ministro cristão se demonstrará um fracasso.
A lição que Cristo lhe ensinou junto ao Mar da Galileia, Pedro levou consigo por toda a vida.
A ovelha que se desgarrou do redil é a mais impotente de todas as criaturas. Ela deve ser procurada; pois não pode encontrar o caminho para voltar. Assim acontece com a alma que tem vagueado longe de Deus; acha-se tão impotente como a ovelha perdida; e, a não ser que o amor divino a venha salvar, não poderá nunca encontrar o caminho para Deus. Portanto, com que compaixão, com que sentimento, com que persistência deve o subpastor buscar pessoas perdidas! Quão voluntariamente deveria ele abnegar-se, sofrer fadigas e privações!
Há necessidade de pastores que, sob a direção do Sumo Pastor, busquem os perdidos e extraviados. Isto significa suportar desconforto físico e sacrificar a comodidade. Significa uma terna solicitude pelos que erram, uma compaixão e paciência divinas. Significa ouvir com simpatia relatos de erros, de degradações, de desespero e miséria.
O verdadeiro pastor tem o espírito de esquecimento de si mesmo. Perde de vista o próprio eu, a fim de poder praticar as obras de Deus. Mediante a pregação da palavra e o ministério pessoal nos lares do povo, aprende a conhecer-lhes as necessidades, as dores, as provações; e, cooperando com Aquele que sabe, por excelência, levar cuidados sobre Si, compartilha de suas aflições, conforta-os nos infortúnios, alivia-lhes a fome d’alma, e conquista-lhes o coração para Deus. Nesta obra o pastor é assistido pelos anjos celestes, e ele próprio é instruído e iluminado na verdade que torna sábio para a salvação.
Em nossa obra o esforço individual conseguirá muito mais do que se possa calcular. É pela falta disso que as pessoas estão perecendo. Uma pessoa é de valor infinito; seu preço é revelado pelo Calvário. Uma pessoa ganha para Cristo será o instrumento em atrair outras, e haverá um resultado sempre crescente de bênçãos e salvação. – (Excertos de Obreiros Evangélicos, p. 181-184).