Sendo tão simples, o evangelho não é compreendido em sua plenitude pelo ser humano. É simples porque tudo se resume neste fato: Um Deus Se fez homem, veio viver entre os homens e Se sacrificou voluntariamente, morrendo numa cruz, para salvar os pecadores. Aceitando-O e a Seu sacrifício substituto, pela fé, o ser humano é perdoado, recebe salvação e tem a chance de vida eterna com Deus em Seu reino. Então, simplesmente “já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).
Porém, na simplicidade do evangelho está sua profundidade. Jesus Cristo é o Verbo divino personificado, sem o qual “nada do que existe teria sido feito” (Jo 1:3), possuidor de “toda a plenitude da Divindade” (Cl 2:9), no qual “foram criadas todas as coisas nos céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades”, a respeito de quem é dito ser “antes de todas as coisas, e nEle tudo subsiste” (Cl 1:16, 17). É santo, imaculado. Diante disso, quem há que possa entender plenamente o fato de que Ele tenha Se esvaziado a Si mesmo, “vindo a ser servo, tornando-Se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-Se a Si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2:7, 8)? De fato, o princípio motivador desse gesto – o amor de Deus – será tema de estudo para os remidos, pelos séculos da eternidade.
Por isso, talvez alguns se perguntem: Transcendente como é a salvação, acaso não exige que lutemos renhidamente, na tentativa de praticar e acumular boas obras a fim de que possamos merecê-la e conquistá-la? É nesse ponto que tem início a jornada do legalismo. A sofisticada mentalidade humana em nossos dias muito menos entende a mensagem do evangelho. Suas esperanças de vida melhor estão concentradas no conhecimento, progresso científico, nas conquistas, riqueza, fama, no prazer hedonista e no relativismo liberal.
Mas, em termos de transformação do ser humano, não existem alternativas ao evangelho puro, simples e profundo da graça de Deus. Paulo ficou surpreso de que os gálatas estivessem se deixando atrair por “outro evangelho” e declarou anátema qualquer outra opção. Recebido no coração, ele refinará nosso caráter, purificará e santificará nossos motivos. Já não estaremos ávidos pelo aplauso, fama nem “promoções”. Recebido no coração, o evangelho nos tornará condutos pelos quais o amor de Deus fluirá levando o bálsamo confortador e restaurador da graça a outras pessoas, amando-as com o amor de Deus, vendo nelas o que Ele pretende que sejam. Que inaudito privilégio é viver e compartilhar, por preceito e exemplo, o evangelho!
Zinaldo A. Santos